Perde-se tempo de inatividade que ajuda a aprender e a memorizar.
Processar bombardeio de informações causa exaustão mental, diz estudo.
É uma hora da tarde numa quinta-feira e Dianne Bates, de 40 anos, alterna três telas. Ela ouve algumas músicas no iPod, digita um e-mail rápido em seu iPhone e volta sua atenção à TV de alta definição. Apenas mais um dia na academia de ginástica.
Enquanto Dianne faz tudo isso, ela também movimenta suas pernas rapidamente numa máquina de step, numa academia no centro da cidade. Ela não está sozinha. Em academias e qualquer outro lugar, as pessoas usam celulares e outros dispositivos eletrônicos para fazer de tudo – e como um confiável antídoto contra o tédio.
Os telefones celulares, que nos últimos anos se tornaram computadores completos com conexões com a internet de alta velocidade, permitem que as pessoas aliviem o tédio dos exercícios, a fila do supermercado, semáforos fechados ou pausas na conversa do jantar.
A tecnologia deixa a menor janela de tempo divertida, e potencialmente produtiva. Mas cientistas apontam a um efeito colateral inesperado: quando as pessoas mantêm seus cérebros ocupados com dados digitais, estão perdendo um tempo de inatividade que poderia fazer com que elas aprendessem melhor e se lembrassem de informações, ou pensassem em ideias novas.
Em vez de termos longas pausas relaxantes, como uma conversa de duas horas no almoço, ficamos com inúmeros desses micromomentos"Sebastien de Halleux, empresário do ramo de games
Na Universidade da Califórnia, em São Francisco, cientistas descobriram que quando os ratos passam por uma experiência nova, como explorar uma área desconhecida, seus cérebros mostram novos padrões de atividade. É somente fazendo uma pausa na exploração, porém, que eles processam esses padrões de maneira a criar uma memória persistente da experiência.
“Quase com certeza, o tempo de inatividade deixa o cérebro repassar as experiências, solidificá-las e transformá-las em memórias permanentes em longo prazo”, diz Loren Frank, professor-assistente do departamento de fisiologia da universidade, onde se especializa em aprendizado e memória. Ele declarou acreditar que, quando o cérebro é constantemente estimulado, “você interrompe esse processo de aprendizado”.
Na Universidade de Michigan, um estudo descobriu que as pessoas aprendiam significativamente melhor após uma caminhada na natureza do que num denso ambiente urbano, sugerindo que processar um bombardeio de informações deixa as pessoas fatigadas.
Os fabricantes de jogos de hoje estão tentando preencher pequenos pedaços de tempo livre, segundo Sebastien de Halleux, co-fundador da PlayFish, uma empresa de games pertencente à gigante industrial Electronic Arts. “Em vez de termos longas pausas relaxantes, como uma conversa de duas horas no almoço, ficamos com inúmeros desses micromomentos”, teorizou. Os fabricantes de jogos como a Electronic Arts, diz ele, “reinventaram a experiência do jogo para encaixá-la em micromomentos”.
Folha
‘New York Times’
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