9.04.2010

CADEIRINHA SALVA BEBÊ

Tenente Simone, dos bombeiros, socorre o pequeno Daniel. ‘Sem cadeirinha, a tragédia seria maior’ | Foto: AE

Bebê escapa ileso de uma colisão graças à cadeirinha
Acidente que matou a avó da criança aconteceu na Zona Oeste. Ministro das Cidades quer ampliar o uso obrigatório do acessório para táxis e veículos escolares

Rio - No terceiro dia do uso obrigatório de cadeirinhas para conduzir crianças em automóveis, um bebê de 5 meses foi salvo pelo equipamento, durante um grave acidente, em Cosmos, na Zona Oeste. Sua avó, que também estava no banco de trás, morreu. Táxis e vans e ônibus escolares, hoje livres de oferecer o acessório, podem ser obrigados a fazê-lo. O ministro das Cidades, Márcio Fortes, quer mudar a Resolução 277 do Conselho Nacional de Trânsito (Contran) para incluir a obrigatoriedade das cadeirinhas para crianças com até 7 anos e meio nessas categorias de veículos.

Daniel da Rocha Armando, de 5 meses, estava com o pai, José Fernandes Armando Neto, 21 anos, e a avó, a dona de casa Jussara do Nascimento Almeida Armando, 53, em um Peugeot 306 que colidiu violentamente contra ônibus da empresa Expresso Oeste que fazia a linha Caxias-Mangaratiba, na Avenida Cesário de Melo, em Cosmos. O acidente aconteceu por volta das 15h30. Apesar de usar cinto de segurança, Jussara morreu a caminho do Hospital Rocha Faria, em Campo Grande. Daniel escapou sem um arranhão.

“A cadeirinha foi fundamental. Não fosse por ela, a tragédia teria sido maior para a família”, contou a tenente-enfermeira do Corpo de Bombeiros Simone Menezes, que comandou o resgate. Mesmo sem ferimento aparente, a criança está em observação no Hospital Rocha Faria. O pai do menino está internado na mesma unidade, ferido, mas sem gravidade.

O empresário Anderson Clayton de Aguiar, 35 anos, ajudou a socorrer as vítimas: “Quando vi que tinha uma criança no carro, corri para tirá-la. Fiquei emocionado quando vi que ela estava bem. Tenho dois filhos de cinco e sete anos e ainda não comprei as cadeirinhas. Eu achava que era mais uma lei só para tirar dinheiro da gente, mas agora vi que é importante, salvou a vida daquela criança. Amanhã (hoje) mesmo já vou comprar”.

O avô da criança, Paulo Roberto Armado Filho, 52, contou que a mulher faria aniversário quinta-feira e que a família já se preparava para uma festa: “Estávamos tão felizes com nosso netinho! Ela estava curtindo demais e agora acontece uma coisa dessas”. Segundo ele, o local da colisão, um retorno, é perigoso, sem sinal.

O motorista do coletivo prestou depoimento na 35ª DP (Campo Grande) e foi liberado. Ele justificou que o carro surgiu à sua frente de repente e ele não teve como evitar a colisão.

Fiscalização intensificada nas estradas

Cadeirinha no banco de trás e motorista embriagado estão na mira dos 800 policiais rodoviários que vão vigiar as estradas federais que cortam o Estado do Rio neste feriadão.

Policial rodoviário confere, na Ponte, o uso correto do banco de elevação pela menina Luana, de 6 anos | Foto: Uanderson Fernandes / Agência O Dia
A falta do acessório para as crianças rende multa de R$ 191,54 e sete pontos na carteira. Motorista embriagado paga R$ 957,69, perde sete pontos e pode ser preso. Em ambos os casos, o motorista terá o carro retido. A PRF vai usar 40 bafômetros para reprimir o uso de álcool: 60% dos equipamentos estarão na Região Metropolitana. Nas leis das Cadeirinhas e Seca, está prevista a retenção do veículo.Ontem, até as 17h, nenhuma multa havia sido aplicada. Os policiais também vão intensificar a repressão a ambulantes na Ponte Rio-Niterói. Ontem, um foi detido.

Primeiro motorista a ser parado na Ponte Rio-Niterói, o administrador Heber Figueiredo, 59, disse que acostumou seu filho, Pedro, 7 anos, a usar o cinto desde bebê: “Eu não precisei da lei”. Para a engenheira Sonia Costa, 48, a maior dificuldade foi convencer a filha, Luana, 6 anos. “Me sinto presa nesse negócio!”, reclamou a menina, rumo a Búzios.

Acessório na frente para carros só com cinto abdominal

O ministro das Cidades, Márcio Fortes, quer apressar a mudança nas regras do uso da cadeirinha. “O aperfeiçoamento da legislação ocorrerá o mais rápido possível. Estou interessado em salvar vidas, mas precisamos discutir algumas questões técnicas, como a forma de levar as cadeirinhas, já que a maior parte da frota de táxis do Rio utiliza cilindro de gás na mala”, disse Fortes.

O ministro contou a novidade durante o lançamento da campanha da Semana Nacional de Trânsito (de 18 a 25 de setembro), cujo tema este ano é ‘Segurança no banco de trás evita acidentes fatais’. O uso da cadeirinha será enfatizado.

Segunda-feira, o Contran publica autorização no Diário Oficial da União para que os carros particulares só com cintos abdominais no banco traseiro possam usar as cadeirinhas no banco da frente para crianças entre 1 e 4 anos. O cinto de três pontos é indispensável ao encaixe do dispositivo. Para esses veículos, será dispensado o assento de elevação para menores entre 4 e 7 anos, que usariam só o cinto.

Taxistas estão preocupados: “E quando entrarem três adultos na Av. Rio Branco? Vou precisar descer e tirar a cadeirinha? Até isso acontecer, os guardas já me multaram”, pondera o taxista Carlos Luiz de Araújo, 48 anos.

Reportagem de Marco Antonio Canosa e Thiago Feres
O Dia

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