2.09.2011

As possibilidades e os dilemas das mulheres nas empresas familiares


O tema “as mulheres nas empresas familiares” tem sido muito discutido e pode ser desdobrado em – as vantagens de trabalhar em uma empresa familiar, o papel das mulheres nas famílias e nas empresas familiares, a inclusão ou exclusão da mulher no processo de sucessão, entre outros. Neste artigo abordarei algumas dessas questões.

Algumas possibilidades – o bônus
As mulheres têm maiores chances de alcançar posições de destaque em empresas familiares – o que inclui assumir cargos mais importantes e salários mais altos. Além disso, a empresa familiar pode abrir espaço para a entrada das mulheres em negócios considerados, tradicionalmente, “para homens”, tais como indústrias da construção civil, oficinas mecânicas e marcenarias.
Vale ressaltar que são possibilidades! Dependendo da cultura da família, as mulheres podem ser excluídas do processo de sucessão, simplesmente por serem mulheres e terem sido treinadas, educadas para cuidar de casa, marido e filho, ou ainda, podem ser excluídas quando a empresa em questão é um negócio considerado masculino.
A empresa familiar oferece a flexibilidade de horário para que as mulheres ( e também os homens) possam ajustar suas necessidades de trabalho às necessidades da casa e, principalmente às necessidades dos filhos.
A experiência e alguns estudos demonstram que, apesar de todo o avanço da medicina, os melhores anos para se ter filhos são os melhores anos para fazer a carreira decolar. Muitas mulheres entram em crise com o nascimento do 1º filho, algumas optam por parar de trabalhar, outras sentem uma grande culpa por deixarem os filhos em casa ou na escolinha. De fato muitas conseguem manter os dois papéis – o de mãe e o de profissional e, não podemos negar que decidir o que fazer nesse momento é um dilema para a grande maioria das mulheres.
Para a mulher que trabalha na empresa da sua família essa é uma questão que pode ser resolvida mais facilmente pois, por mais que um afastamento de longa duração possa causar algum desconforto entre um ou outro membro da família, existe a segurança de poder voltar para a empresa. Ela sai do mercado de trabalho mas tem a garantia de poder voltar para a empresa da família.

Alguns dos dilemas – o ônus
Mas se por um lado, trabalhar na empresa da família tem suas vantagens, todas essas possibilidades vêm acompanhadas de diversos dilemas que devem ser enfrentados no dia a dia.
Algumas mulheres se queixam por serem muito cobradas, outras por serem vistas como as menininhas que precisam de muito zelo e são extremamente protegidas. De um lado estão as que precisam ser “mulheres maravilhas” as super poderosas que conseguem dar conta do trabalho na empresa, do trabalho em casa, das necessidades do marido, dos filhos, que conseguem se cuidar, fazem ginástica, vão ao salão e ainda têm tempo para sair e manter uma vida social satisfatória. Do outro lado estão aquelas que reclamam pois, na visão da família, elas deveriam ficar em casa, são o sexo frágil e precisam ser super protegidas mas já que foram trabalhar, recebem as tarefas mais simples, de pouca importância  Os extremos são sempre lugares pouco confortáveis!
As mulheres, muito mais do que os homens, foram educadas para cuidar da casa, família … são (ou costumam ser) as mediadoras dos conflitos e, por isso, têm uma forte preocupação em não magoar o outro e, pode surgir um grande conflito de lealdade. Alguns estudos mostram que quando a mulher trabalha em uma empresa que não seja a da sua família, ela se sente muito mais a vontade para lutar pelos seus objetivos, pela sua carreira. Na empresa da sua família, colocar as suas necessidades em 1º lugar poderia representar um falta de lealdade com a empresa e, em especial, com os seus antecessores.
Além das questões relativas à empresa familiar, a entrada da mulher no mercado de trabalho ainda é bastante recente. Ainda hoje, existe uma discriminação e uma visão estereotipada da mulher na sociedade, reforçadas, sobretudo, pela postura e atitude das mulheres que, ao mesmo tempo em que foram educadas para ocupar o espaço privado – a casa – estão ocupando a esfera pública – o mercado de trabalho.
 Por Carla Bottino

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