Trabalho & Vida
David CohenA cultura judaica é pródiga em ditos, chistes, charadas… e pragas. Uma das mais elaboradas é: “Que lhe caiam todos os dentes da boca, menos um — e que ele doa muito”.
Outra é: “Que você trabalhe com aquilo que você mais gosta de fazer.”
Epa. Essa praga não é exatamente o que recomendam vários gurus do bem-estar? Não é o oposto daquele ditado tão disseminado no mundo do trabalho, segundo o qual quem faz o que ama nunca mais precisa trabalhar?
Trabalhar com algo que odiamos fazer é, obviamente, um suplício. Não recomendo.
Mas tornar algo que adoramos fazer em tarefa do dia a dia tem seus riscos. A rotina é o primeiro. Você tem de fazer aquilo de que gosta muito tantas vezes, mas tantas vezes, mas tantas vezes, mas tantas vezes, mas tantas vezes, mas tantas vezes, mas tantas vezes (você já entendeu o que eu quero dizer, não?).
O segundo risco é a ditadura do resultado. Gostar de fazer algo, em geral, está ligado ao prazer intrínseco à atividade. Transformar isso em trabalho é ligar a atividade ao juízo alheio. No mercado, seu objeto (ou serviço) é avaliado, comparado, criticado, e valerá tanto mais quanto mais próximo estiver da expectativa do outro — e não mais da sua.
O terceiro risco é o sucesso. Ou melhor, o vício do sucesso. Aos poucos, bem aos poucos, você vai deixando de gostar daquilo que originalmente gostava, e se concentra nos elogios, na riqueza, no crescimento. Primeiro dilui, depois esquece o seu prazer original. Às vezes, passa a se ressentir de ter de fazer o que antes curtia tanto.
É por aí que eu entendo a praga judaica.
Você tem alguma receita para escapar dela?
Revista Época
Epa. Essa praga não é exatamente o que recomendam vários gurus do bem-estar? Não é o oposto daquele ditado tão disseminado no mundo do trabalho, segundo o qual quem faz o que ama nunca mais precisa trabalhar?
Trabalhar com algo que odiamos fazer é, obviamente, um suplício. Não recomendo.
Mas tornar algo que adoramos fazer em tarefa do dia a dia tem seus riscos. A rotina é o primeiro. Você tem de fazer aquilo de que gosta muito tantas vezes, mas tantas vezes, mas tantas vezes, mas tantas vezes, mas tantas vezes, mas tantas vezes, mas tantas vezes (você já entendeu o que eu quero dizer, não?).
O segundo risco é a ditadura do resultado. Gostar de fazer algo, em geral, está ligado ao prazer intrínseco à atividade. Transformar isso em trabalho é ligar a atividade ao juízo alheio. No mercado, seu objeto (ou serviço) é avaliado, comparado, criticado, e valerá tanto mais quanto mais próximo estiver da expectativa do outro — e não mais da sua.
O terceiro risco é o sucesso. Ou melhor, o vício do sucesso. Aos poucos, bem aos poucos, você vai deixando de gostar daquilo que originalmente gostava, e se concentra nos elogios, na riqueza, no crescimento. Primeiro dilui, depois esquece o seu prazer original. Às vezes, passa a se ressentir de ter de fazer o que antes curtia tanto.
É por aí que eu entendo a praga judaica.
Você tem alguma receita para escapar dela?
Revista Época
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