2.08.2011

Dengue hemorrágica requer atenção redobrada da população


Não é apenas quem já teve dengue clássica que corre o risco de contrair a dengue hemorrágica. É um mito a crença de que a primeira infecção por dengue será sempre benigna e que qualquer infecção secundária evoluirá com gravidade. Há, sim, uma maior probabilidade de incidência da forma hemorrágica nos casos de reinfecção. Entretanto, a dengue clássica pode se associar a outros fatores gerando complicações do quadro clínico e, inclusive, a evolução para a dengue hemorrágica.
Entre os fatores de risco está a coexistência de doenças crônicas, como diabetes mellitus, calogenoses, asma brônquica, hipertensão arterial, presença de anticorpos contra a dengue de uma infecção anterior, idade inferior a 15 anos e resposta individual específica.
“Muita gente acredita que a febre da dengue é um incômodo que passa com o tempo, que somente quem já teve a doença deve se preocupar. Isso é um erro. Todos os pacientes devem receber atenção médica e orientação para identificar sinais de alerta, mantendo-se em observação durante o período febril”, explicou a médica e consultora de normatização da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), Adriana Mafra.
A doença
A dengue é uma doença infecciosa febril aguda causada por um vírus da família Flaviridae e transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, infectado pelo vírus. Ela pode se apresentar nas seguintes formas: dengue clássica, dengue hemorrágica e dengue com complicações.
Geralmente, a doença inicia-se de forma repentina e dura de dois a sete dias. A pessoa infectada tem febre alta (acima de 38,5°C), associada a pelo menos dois sintomas, como dores de cabeça, cansaço, dor no corpo e nas articulações, dor atrás do olho (retrorbitária), falta de apetite, indisposição, enjoos, vômitos e manchas vermelhas na pele.
As manifestações hemorrágicas podem ocorrer após o terceiro ou quarto dia da doença, quando surgem sangramentos nasais, gengivais, urinários, gastrointestinais ou alterações menstruais. Para ser considerada dengue hemorrágica, é necessário que ocorram sangramentos associados à diminuição da dosagem de plaquetas (menor que 100 mil/mm3), aumento da permeabilidade capilar, elevação do hematócrito em 20% e hipoalbuminemia ou derrame pleural ou ascite.
Sinais de alerta
O cuidado com a dengue hemorrágica deve ser redobrado, pois é uma manifestação mais perigosa da doença e a mortalidade chega a aproximadamente 3%. A recomendação é que a partir dos primeiros sintomas, a pessoa procure o serviço médico. É o profissional de saúde quem deverá decidir sobre a melhor forma de tratamento.
Adriana esclarece, ainda, que a mortalidade pela doença vai depender do tratamento precoce e adequado. Segundo ela, quanto mais rápido a pessoa procurar os serviços de saúde, mais chances existem da doença evoluir sem complicações. É necessário, portanto, estar atento aos sinais da forma mais grave da doença.
“A dengue tem tratamento. É certo que não existe medicamento específico contra o vírus, mas o diagnóstico preciso, o reconhecimento dos sinais de alerta, entre outros, pode impedir complicações sérias. Portanto, a análise clínica é fundamental para a evolução favorável da doença. E é importante que a hidratação seja iniciada antes mesmo da avaliação médica”, informou.
Dengue em números
No ano passado, as notificações de dengue aumentaram mais de 300% em Minas Gerais. Em 2009, foram registrados 83.193 casos, já em 2010, mais de 260 mil notificações. Também foram notificados 180 casos de febre hemorrágica da dengue e confirmados 36 óbitos. Já os óbitos confirmados por dengue com complicação totalizam 68 casos em um total de 1.157 casos.
Em 2011, até fevereiro, 4.828 casos já foram registrados no Estado. Para conter o avanço da epidemia, a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais criou, no ano passado, a Força Tarefa.
Atuando nas áreas da Assistência, Comunicação e Epidemiologia, a Força Tarefa tem como arma as ações de mobilização social para eliminar os possíveis focos de proliferação do vetor da dengue, a princípio, em 21 municípios mineiros com elevado índice de infestação e de notificação.
A Força Tarefa é formada por 432 pessoas, sendo 200 soldados do Exército, 40 da Aeronáutica e 192 agentes de saúde. Elas realizam uma varredura nas áreas consideradas de risco, visitando casas, percorrendo lojas comerciais e lotes baldios para eliminar os possíveis focos do mosquito. Além disso, a Força Tarefa conta com dez ônibus para dar suporte às equipes de trabalho, 70 carros fumacê, 600 bombas costais, nove caminhões (Dengue móvel) e 20 Dengômetros.
Agência Minas

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