Seu filho vai comer bem a vida toda
Esse é o seu desejo, não é? Veja aqui dez passos para isso acontecer – e por que os cuidados começam na gravidezFernanda Carpegiani e Thais Lazzeri • Fotos Guilherme Young e Ilustrações Luda
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4. Nunca desista dos legumes
Não, fruta não substitui os legumes. Cada tipo de alimento é fonte de um determinado nutriente. Em outras palavras, verduras e legumes se complementam. As frutas têm mais vitamina C. Já a fibra solúvel, que aumenta o poder de saciedade e ajuda a impedir a absorção de glicose e gordura em excesso, está presente na cenoura, e assim por diante. Veja algumas dicas da nutricionista Elaine de Pádua para seu filho comer mais legumes e verduras: ponha cenoura, beterraba e até couve na massa da panqueca; em tortas, experimente colocar escarola ou almeirão; misture legumes variados na carne moída; prepare purê de mandioquinha e abóbora.
5. Não aceite o primeiro não
É provável que toda vez que seu filho provar um novo alimento faça careta e até cuspa. Isso não significa que ele não gostou. Estudos mostram que você deve oferecer o mesmo alimento pelo menos 12 vezes antes que ele entre para a lista do que seu filho não gosta. • O disfarce de um alimento é aceitável desde que o mesmo seja oferecido em sua forma natural. Tudo bem picar aqueles legumes que ele não come e cozinhar junto com o arroz, mas ele também precisa aparecer no prato do seu filho de forma mais visível.
• Crie a “hora da mordida”. Na casa da nutricionista Claudia Lobo funciona assim: sempre que tem algum alimento novo, todos têm que dar uma mordidinha nele para experimentar. Seu filho vai ficar com vontade de brincar também!
6. Aprenda a substituir alguns alimentos
Tudo bem se seu filho não come cenoura, mas adora beterraba, que tem nutrientes semelhantes. Você tem que insistir para saber o que ele gosta de verdade, mas algumas escolhas fazem parte da formação do paladar dele. Veja aqui outras trocas possíveis: • Almeirão, couve-manteiga, escarola, espinafre ou chicória: são ricos em cálcio, magnésio, ácido fólico e fibras.
• Tomate e couve-flor: ricos em vitamina C.
• Pêssego, nectarina e mamão: fonte de betacaroteno e fibras.
7. Prepare-se para resolver problemas
Não comece achando que tudo vai dar certo na primeira tentativa. As dificuldades fazem parte desse processo de aprenzidado. • Cuide da ansiedade. Sua expectativa pode ser maior que a fome do seu filho, e você nem imagina o quanto pode se decepcionar com uma careta depois do trabalho que você teve para fazer uma papinha.
• Comprar quilos e mais quilos de legumes e verduras de uma só vez é um erro: seu filho não vai comer como um adulto. Talvez você precisa comprar apenas mais uma ou duas unidades de cada legume. As frutas, sim, vão ser em maior quantidade.
• Desligue a televisão e deixe os brinquedos e livros afastados. Eles desviam a atenção da comida.
• Se for usar sal, ponha sempre pequenas quantidades. Esse condimento em excesso pode aumentar o risco de doenças cardiovasculares.
• Vete a presença de industrializados. Não tenha dúvida que seu filho vai aceitar bolachas, gelatinas etc. A questão é que, além do açúcar, não recomendado nessa fase, esses produtos são pobres em nutrientes e contêm corantes e conservantes, além de gorduras que fazem mal à saúde. Os embutidos, como salsicha, linguiça e bacon, também não devem ser oferecidos.
• Se tirar a carne bovina da papa, é preciso repor a quantidade de ferro que seu filho não vai consumir. Uma alternativa são as verduras de folha verde-escura. De qualquer maneira, converse com o pediatra.
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8. Evite o açúcar
É desnecessário adoçar suco, leite ou a papa de frutas. A criança não tem o costume anterior, então, não vai sentir falta se você nunca usar (nem ninguém da família). Em festas de aniversário, nada de docinhos nem refrigerante para o bebê. O açúcar contribui para a obesidade: esse excesso de calorias é depositado no corpo em forma de gordura. • Não use o doce como recompensa. Uma rotina organizada é que vai fazer a diferença.
• A primeira fruta que seu filho vai provar não precisa ser na forma de suco. A nova recomendação tem um motivo: quando você bate, fibras e nutrientes são perdidos. Comece pela papa de uma fruta naturalmente doce, como a banana. Por isso não substitua todas as frutas que ele precisa comer por dia por sucos. Atenção: batida ou não, precisa ser consumida em até 30 minutos para não perder os nutrientes.
9. Deixe a criatividade rolar solta
Com as informações básicas em mãos do que seu filho precisa comer, você pode usar a imaginação para fazer novos preparos e combinações. • Faça pasta de ricota com vegetais picados em pedaços bem pequenos e ofereça com bolachas salgadas no lanche da manhã ou da tarde.
• Prepare misturas inusitadas. Cozinhe legumes junto com o feijão, coloque farelo de aveia no purê, couve-flor no arroz e misture purê de abóbora com o de batata.
• Ele não gosta muito de salada? Misture os ingredientes com legumes cozidos ou coloque alface picada e cenoura ralada na papinha.
• Para comer com as mãos: cenoura cortada em palito, batata-doce em rodela, talo do brócolis cozido com um pouco de azeite ou o bulbo da erva-doce.
• Você conhece a farinha de banana verde? Ela ajuda no funcionamento do intestino e pode ser usada junto com a de trigo. Na receita, use metade de cada tipo.
• Em vez de colocar uma xícara de óleo na massa da torta, ponha apenas metade e acrescente duas colheres de sopa de linhaça, rica em gordura poli-insaturada. Essa gordura é importante para o desenvolvimento da criança, e ajuda a diminuir o colesterol no sangue.
10. Acerte no leite
O ideal é que você amamente exclusivamente por seis meses. Depois, intercale as refeições com o aleitamento materno. Se for introduzir um novo leite, decida com o pediatra qual é o melhor. O leite é rico em cálcio, que auxilia no crescimento e desenvolvimento dos ossos e dentes, e de proteínas. • Preste atenção no consumo. É importante você dar na quantidade certa para não faltar nenhum nutriente para o seu filho – nem exagerar e ele tomar apenas leite e não se alimentar direito. De 7 meses a 2 anos, são três a quatro porções de 120 ml; de 2 a 3, são cinco de 120 ml; de 4 a 6 são quatro de 180 ml (essa recomendação inclui leite e derivados). Introduza, aos poucos, derivados que são ricos em cálcio, como queijo e iogurte natural. Se o seu filho recusar o leite, eles servem como substitutos.
• As fórmulas podem ser servidas na temperatura ambiente. Já o leite materno armazenado tem que ser aquecido antes porque a geladeira é uma fonte de contaminação, e o aquecimento mata os microorganismos que se proliferam ali.
Veja aqui os livros recém-lançados sobre alimentação infantil:
• Comida de Criança – Ajude seu Filho a se Alimentar Bem Sempre, Cláudia Lobo (Ed. Summus). • O Que Tem no Prato do seu Filho? Um Guia Prático de Nutrição Infantil para Pais, de Elaine Pádua (Ed. Alles Trade).
• O Livro Essencial da Alimentação Infantil – Receitas deliciosas e respostas para as dúvidas mais comuns, de Annabel Karmel (Ed. Publifolha).
Outras fontes: Gisélia Alves, professora da Pós-Graduação em Saúde da Criança e do Adolescente, vinculada ao curso de Medicina da Universidade Federal de Pernambuco; Priscila Maximiliano, nutricionista, da clínica Nutrociência (SP); e Sônia Venâncio, pediatra, do Instituto de Saúde da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo
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