Nunca se falou tanto em alimentação infantil. Vivemos uma epidemia de notícias que tentam, sempre, buscar explicações para a criança que não come, para a que está obesa ou para a que não gosta de legumes e verduras. Nos últimos meses, foram lançados três livros que tratam com exclusividade desse assunto (veja a lista na última página desta matéria) . O Twitter foi invadido por pais ávidos por uma ajuda virtual para a hora de comer que caiba em 140 caracteres. E não acabou. A cidade de São Paulo tem um serviço de delivery de papinha orgânica e uma consultoria de alimentação para crianças que faz até atendimento domiciliar, e em São Francisco (EUA) foi inaugurada a Pomme Bébé, uma loja com refeições apenas para os menores. O desafio, sempre, é descobrir como fazer ou tornar a alimentação do seu filho ainda mais saudável e melhor. O que os cientistas vêm descobrindo é que o foco das pesquisas não deve se restringir à criança, apenas, mas também à mãe. Não, você não entendeu errado. Os avanços na medicina mostram que o primeiro passo para cuidar da alimentação do seu filho começa na gestação.
A primeira pesquisa sobre alimentação na gravidez é de 1889. Desde então, os cientistas tentam mostrar quanto os nove meses são decisivos na vida do bebê, e agora eles estão descobrindo que ela influencia até nas preferências gustativas. O Monell Chemical Senses Center, na Filadélfia (EUA) é um centro que, há 19 anos, estuda como as preferências de sabor surgem. “A gravidez é um momento de ensinar muitas coisas ao bebê”, afirma Julie Menella, psicobiologista desse centro. Isso é a chamada reprogramação epigenética, ou seja, aquilo que independe da sua herança genética.
É sabido que, pelo líquido amniótico, o feto consegue sentir sabores e odores do que você come. As novas pesquisas – e mais de 300 foram apresentadas em um congresso em Munique (Alemanha) ano passado – mostram a influência que isso tem sobre o paladar da criança. Um dos estudos conduzidos por Julie comparou o comportamento de dois grupos de gestantes. O primeiro tomou suco de cenoura por toda a gravidez. O segundo bebia água. Quando os bebês nasceram, eles foram estudá-los. Os filhos das que tomaram suco comiam mais cereal com cenoura. Alguns especialistas no Brasil reverenciam essas descobertas. “Esse olhar ainda não foi totalmente incorporado pelos profissionais de saúde, mas isso vai acontecer em breve”, afirma Roseli Sarni, nutróloga, pediatra da Universidade Federal de São Paulo.
Você leu tudo isso e ficou pensando que sua alimentação na gravidez não foi tão boa? “Nunca é tarde para mudar e ensinar seu filho a comer bem”, diz Julie. Essas pesquisas são importantes porque servem como um estímulo a mais. “Outros fatores precisam ser levados em conta. A alimentação no primeiro ano de vida é a mais importante”, afirma Marco Babieri, pediatra, professor da Universidade de São Paulo-Ribeirão Preto (SP).
Com tanta preocupação, soa estranho os estudos também revelarem que hoje as crianças com menos de 1 ano comem doces, lasanhas prontas e outros produtos industrializados. Para a psicóloga Sandra Leal, professora da Unesp-Bauru (SP), não se trata de um comportamento contraditório. “A questão não é falta de informação, é o excesso. Você tem tudo, mas não sabe para onde ir”, afirma. CRESCER, com a ajuda de especialistas, selecionou dez passos do que fazer ou não no primeiro ano e traz muitas ideias e soluções criativas para a alimentação dar certo desde o começo.
• Fique longe dos alimentos industrializados ou fast-food. Essas refeições prontas têm altas quantidades de sódio para garantir a conservação por mais tempo. Como a gestante tende a reter mais líquidos naturalmente, o consumo excessivo de sal pode levar à pré-eclâmpsia, com aumento da pressão arterial.
• Novos estudos mostram a importância do consumo de ovo. Ele é rico em um nutriente chamado colina, que ajuda no desenvolvimento do cérebro do bebê. Fale com seu médico mas, em geral, você pode consumir até três unidades por semana.
• Salmão e outros peixes de água fria, como bacalhau e cação, são ricos em ômega 3. Coma pelo menos três vezes na semana e, de preferência, assado – e não frito.
• Alguns alimentos que você nem imagina são muito importantes. O brócolis é fonte de folato, uma substância que previne a malformação do tubo neural e do sistema cardiovascular do bebê (e ainda diminui a terrível sensação de enjoo). A couve é fonte de cálcio, que colabora no desenvolvimento ósseo do feto.
• As leguminosas, como o feijão e a lentilha, são ricas em ferro (protege contra a anemia) e fibra (ajuda o intestino a funcionar).
• Prefira fazer os legumes no vapor. Eles ficam mais firmes, preservam mais sua cor e nutrientes, além de apresentarem mais sabor.
• Amasse os alimentos com um garfo. Deixe pedacinhos também para estimular a mastigação.
• Varie sempre os ingredientes. Por exemplo: o chuchu pode estar na salada, refogado, no vapor, em purê, com alguma carne, em tortas, em cubinhos etc.
• Temperos estão liberados: cebola, alho e ervas verdes, como salsinha, cebolinha, coentro.
• Até a salada pode fugir do tradicional vinagre, com sal e azeite. Você pode usar: limão, erva-doce fresca e sal batidos no liquidificador e coados; caldo de maracujá, cheiro-verde, mel e uma pitada de sal; cenoura, cheiro-verde, vinagre e orégano liquidificados; vinagre, azeite, sal, folhas de manjericão e damascos secos batidos no liquidificador.
A primeira pesquisa sobre alimentação na gravidez é de 1889. Desde então, os cientistas tentam mostrar quanto os nove meses são decisivos na vida do bebê, e agora eles estão descobrindo que ela influencia até nas preferências gustativas. O Monell Chemical Senses Center, na Filadélfia (EUA) é um centro que, há 19 anos, estuda como as preferências de sabor surgem. “A gravidez é um momento de ensinar muitas coisas ao bebê”, afirma Julie Menella, psicobiologista desse centro. Isso é a chamada reprogramação epigenética, ou seja, aquilo que independe da sua herança genética.
É sabido que, pelo líquido amniótico, o feto consegue sentir sabores e odores do que você come. As novas pesquisas – e mais de 300 foram apresentadas em um congresso em Munique (Alemanha) ano passado – mostram a influência que isso tem sobre o paladar da criança. Um dos estudos conduzidos por Julie comparou o comportamento de dois grupos de gestantes. O primeiro tomou suco de cenoura por toda a gravidez. O segundo bebia água. Quando os bebês nasceram, eles foram estudá-los. Os filhos das que tomaram suco comiam mais cereal com cenoura. Alguns especialistas no Brasil reverenciam essas descobertas. “Esse olhar ainda não foi totalmente incorporado pelos profissionais de saúde, mas isso vai acontecer em breve”, afirma Roseli Sarni, nutróloga, pediatra da Universidade Federal de São Paulo.
Você leu tudo isso e ficou pensando que sua alimentação na gravidez não foi tão boa? “Nunca é tarde para mudar e ensinar seu filho a comer bem”, diz Julie. Essas pesquisas são importantes porque servem como um estímulo a mais. “Outros fatores precisam ser levados em conta. A alimentação no primeiro ano de vida é a mais importante”, afirma Marco Babieri, pediatra, professor da Universidade de São Paulo-Ribeirão Preto (SP).
Com tanta preocupação, soa estranho os estudos também revelarem que hoje as crianças com menos de 1 ano comem doces, lasanhas prontas e outros produtos industrializados. Para a psicóloga Sandra Leal, professora da Unesp-Bauru (SP), não se trata de um comportamento contraditório. “A questão não é falta de informação, é o excesso. Você tem tudo, mas não sabe para onde ir”, afirma. CRESCER, com a ajuda de especialistas, selecionou dez passos do que fazer ou não no primeiro ano e traz muitas ideias e soluções criativas para a alimentação dar certo desde o começo.
Larissa usa Green
1. Comece na gravidez
Inúmeras pesquisas mostram o impacto da sua alimentação no crescimento e desenvolvimento do seu bebê. Uma boa notícia é que os médicos afirmam que as grávidas tendem a aceitar mais facilmente mudanças no cardápio. Um estudo recente, feito na Nova Zelândia com 3.500 gestantes, mostrou que as que consumiam pelo menos três porções de verduras, legumes e frutas por dia tinham 50% menos chance de ter um bebê com peso abaixo do esperado. • Fique longe dos alimentos industrializados ou fast-food. Essas refeições prontas têm altas quantidades de sódio para garantir a conservação por mais tempo. Como a gestante tende a reter mais líquidos naturalmente, o consumo excessivo de sal pode levar à pré-eclâmpsia, com aumento da pressão arterial.
• Novos estudos mostram a importância do consumo de ovo. Ele é rico em um nutriente chamado colina, que ajuda no desenvolvimento do cérebro do bebê. Fale com seu médico mas, em geral, você pode consumir até três unidades por semana.
• Salmão e outros peixes de água fria, como bacalhau e cação, são ricos em ômega 3. Coma pelo menos três vezes na semana e, de preferência, assado – e não frito.
• Alguns alimentos que você nem imagina são muito importantes. O brócolis é fonte de folato, uma substância que previne a malformação do tubo neural e do sistema cardiovascular do bebê (e ainda diminui a terrível sensação de enjoo). A couve é fonte de cálcio, que colabora no desenvolvimento ósseo do feto.
2. Capriche na receita
Para ser perfeita e ter todos os nutrientes que seu bebê precisa, a papa precisa ter quatro ingredientes básicos, sempre: uma fonte de carboidrato (arroz, macarrão, batata, mandioca etc.), uma de proteína (carne bovina, aves, ovo, peixe etc.) e pelo menos uma de legumes e uma de verdura. • As leguminosas, como o feijão e a lentilha, são ricas em ferro (protege contra a anemia) e fibra (ajuda o intestino a funcionar).
• Prefira fazer os legumes no vapor. Eles ficam mais firmes, preservam mais sua cor e nutrientes, além de apresentarem mais sabor.
• Amasse os alimentos com um garfo. Deixe pedacinhos também para estimular a mastigação.
• Varie sempre os ingredientes. Por exemplo: o chuchu pode estar na salada, refogado, no vapor, em purê, com alguma carne, em tortas, em cubinhos etc.
3. Cuide do tempero
Papinha de criança tem que ser gostosa, sim. Se você provou e não gostou, acredite, a comida também não vai animar seu filho. • Temperos estão liberados: cebola, alho e ervas verdes, como salsinha, cebolinha, coentro.
• Até a salada pode fugir do tradicional vinagre, com sal e azeite. Você pode usar: limão, erva-doce fresca e sal batidos no liquidificador e coados; caldo de maracujá, cheiro-verde, mel e uma pitada de sal; cenoura, cheiro-verde, vinagre e orégano liquidificados; vinagre, azeite, sal, folhas de manjericão e damascos secos batidos no liquidificador.
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