Terminaram na manhã desta segunda-feira os desfiles do primeiro dia do Grupo Especial do Carnaval do Rio. Sete escolas de samba se apresentaram. Portela, Mocidade e Beija-Flor se destacaram.
Leia a cobertura do CarnavalA Portela animou o público com um enredo sobre a Bahia e em homenagem à cantora Clara Nunes. Mocidade chamou a atenção com um desfile cheio de cor e alegorias impressionantes, uma homenagem a Cândido Portinari. Já a Beija-Flor teve como destaque a lembrança do carnavalesco Joãosinho Trinta, morto no ano passado.
Danilo Verpa/Folhapress |
Comissão de frente da Renascer de Jacarepaguá |
Em contraponto às alas e alegorias coloridíssimas, os integrantes da bateria desfilaram de preto, uma das cores marcantes do homenageado.
Os integrantes vieram empolgados, com o samba-enredo na ponta da língua, para tentar manter a escola na elite das escolas de samba. Ao fim do desfile, o homenageado estava emocionado. "O mais importante foi poder desfilar ao lado do meu filho", disse Romero Brito.
Antonio Scorza/France Presse |
A rainha de bateria da Portela na Sapucaí |
O samba da escola animou o público, e a bateria foi um dos grandes destaques. A escola carioca desfilou com dez integrantes do afoxé Filhos de Gandhy, da Bahia, e levou atabaques para reforçar o samba. A rainha de bateria Sheron Menezes estava deslumbrante e também ajudou os músicos.
Antonio Scorza/France Press |
Luiza Brunet como rainha de bateria da Imperatriz |
Um dos destaques da escola foi a rainha da bateria, Luiza Brunet, que está há 17 anos à frente dos ritmistas. O desfile terminou no tempo máximo e, apesar de um imprevisto em um dos carros --que mudou a ordem das alas, não teve grandes problemas.
Danilo Verpa/Folhapress |
Desfile da Mocidade Independente |
Apesar de lindo, o carro deu problemas para a Mocidade. Ele se desviou para o lado e bateu na proteção que separa o público da pista. Integrantes da escola tiveram que empurrar a alegoria para colocá-la de novo no centro da avenida. O presidente da escola, Paulo Vianna, minimizou o problema. "Foi a barra da direção que quebrou, mas não acho que isso vai prejudicar a escola, estamos cumprindo a nossa missão."
Outro destaque da escola foi a bateria, que vinha vestida com as cores do pintor, colorindo a avenida. Os músicos fizeram coreografia e ainda interagiram com a ala das passistas, inovando no desfile.
Antonio Scorza/France Press |
Ellen Roche como rainha de bateria da Porto da Pedra |
O abre-alas da escola teve uma tigresa de nove metros de altura, símbolo da Porto da Pedra. Outro grande destaque da escola estava à frente da bateria: a rainha Ellen Roche, que representou a "riqueza do leite".
Danilo Verpa/Folhapress |
Homenagem da Beija-Flor a Joãosinho Trinta |
O carnavalesco trabalhou na escola por 17 anos. Em 89, a Beija-Flor foi impedida de levar para o sambódromo a imagem de um Cristo mendigo dentro do enredo "Ratos e Urubus, Larguem Minha Fantasia". Joãosinho, então, envolveu a estátua em plástico preto, com uma faixa onde se lia "Mesmo proibido, olhai por nós". Na homenagem desta noite, a Beija-Flor colocou uma estátua de Joãosinho num carro cheio de mendigos em alusão à alegoria proibida.
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Comissão de frente da Vila Isabel, que encerrou o primeiro dia |
A Vila Isabel fechou o primeiro dia de desfiles no Rio com um enredo sobre os laços que unem Brasil e Angola. O destaque foi a comissão de frente da escola, que simulava uma savana, alternando representações de animais e danças africanas.
As fantasias e alegorias foram marcadas por estampas e tecidos inspirados em Angola. O último setor mostrava a origem do samba no país de continente africano. Martinho da Vila, grande nome da escola, entrou na última alegoria --foi dele a sugestão do enredo.
MARCELLE SOUZA E MARIANA DESIDÉRIO, DE SÃO PAULO, DENISE LUNA, FÁBIO SEIXAS, LUIZA SOUTO, MARCO AURÉLIO CANÔNICO, PEDRO SOARES, SÉRGIO RANGEL, DO RIO; LÍVIA MARRA, EDITORA-ADJUNTA DE "COTIDIANO"
A Vila Isabel entrou no sambódromo carioca às 5h40 de segunda-feira (20) e teve sua evolução prejudicada por um tiroteio ocorrido no Morro de São Carlos, nas proximidades da Sapucaí. Com o tiroteio, a rua Frei Caneca, atrás do sambódromo, foi fechada pela polícia e os carros da Beija-Flor e da Porto da Pedra ficaram engarrafados, impedindo que os carros da Vila Isabel deixassem a dispersão. A dificuldade em retirar as alegorias fez com que o ritmo do desfile tivesse que ser diminuído pouco depois da metade, mas a escola não estourou o tempo limite de 82 minutos.
Segundo informações da Folha.com, traficantes tentaram assaltar integrantes da Porto da Pedra quando eles deixavam a passarela do samba e houve tiroteio entre seguranças da escola e os bandidos. Duas pessoas teriam ficado feridas.
Com um enredo sobre Angola, a Vila Isabel desfilou depois de Renascer de Jacarepaguá, Portela, Imperatriz Leopoldinense, Mocidade Independente, Porto da Pedra e Beija-Flor, e retomou a origem africana que lhe deu o primeiro título de sua história, em 1988 (com o enredo Kizomba).
Desta vez, a escola que encerrou a primeira noite de desfiles do Carnaval do Rio trouxe o samba-enredo "Você Semba Lá .... Que Eu Sambo Cá! O Canto Livre de Angola", de autoria do cantor e compositor Martinho da Vila.
Quarta colocada em 2011, a Vila misturou elementos como o semba (estilo musical angolano) e o kuduro (uma dança típica do país) com alegorias de temática tribal assinadas pela carnavalesca Rosa Magalhães, em seu segundo ano consecutivo na organização do desfile da escola.
A bateria dos mestres Wallan e Paulinho contou com a apresentadora Sabrina Sato como rainha. A paulista treinou dança africana para sua apresentação à frente dos ritmistas da escola.
A fantasia de Sabrina representava uma guerreira angolana. "Me identifiquei com o enredo porque Angola tem muito a ver com nosso povo e nossas raízes. Eu sou uma guerreira, esse desfile vai ser maravilhoso, vamos arrasar", disse a rainha ao UOL. "Nunca pensei em pisar na Sapucaí, ainda mais como rainha de bateria", completou Sabrina. Ela comentou ainda a ida do Pânico para a Bandeirantes. "Estou de coração aberto, vamos com tudo nessa nova fase. Mudanças são sempre boas".
A comissão de frente, bastante inventiva, trazia caçadores que se deslocavam e sumiam no meio da vegetação da savana. Ao centro, um rinoceronte estilizado que era montado e desmontado durante uma cena de caçada.
O carro abre-alas, "A Fauna Selvagem Angolana", trouxe uma profusão de animais africanos, como girafas, zembras, crocodilos, chitas e antílopes.
Em seguida, Rosa optou por colocar no segundo carro um imbondeiro de nove metros de altura, um baobá africano muito comum em território angolano. O imbondeiro é considerado uma árvore sagrada, seu caule pode ter um diâmetro de mais de três metros. “Essa árvore é sagrada, dá alimento, esconde, junta água, dá fruto. Ela faz parte da sobrevivência do povo. É um baobá africano”, explica Rosa.
O segundo carro, "Imbondeiro - A Árvore da Vida", trazia uma árvore de nove metros de altura representando um baobá africano muito comum em território angolano. O imbondeiro é considerado uma árvore sagrada e seu caule pode ter um diâmetro de mais de três metros. “Essa árvore é sagrada, dá alimento, esconde, junta água, dá fruto. Ela faz parte da sobrevivência do povo”, explicou a carnavalesca Rosa Magalhães.
O castelo da lendária “Rainha Jinga” foi representado na terceira alegoria, toda feita em palha e decorada com máscaras de estilo tribal. A rainha Nzinga Mbandi Ngola, ou “Jinga”, era do reino de Matamba e viveu de 1581 a 1663. Sua figura é marcante na história angolana pois representou a resistência à ocupação pelos portugueses.
Já na quarta alegoria, a escola levou um navio negreiro para representar a vinda dos negros escravizados de Angola. “Vieram mais de quatro milhões de negros de Angola direto para o Rio. A viagem demorava um mês”, contou Rosa.
A chegada dos escravos ao Cais do Valongo, um mercado a céu aberto no Rio construído no fim do século 18 para o desembarque de milhares de escravos, também teve destaque na quinta alegoria da Vila Isabel. As influências africanas na música e festas brasileiras estão presentes na quinta alegoria.
Para fechar o desfile, o último carro levava Martinho da Vila e 75 baluartes da escola. Martinho, considerado embaixador cultural da lusofonia, disse que tem uma relação de carinho com os países africanos de língua portuguesa. “É uma honraria, ganhei esse título quando Angola não tinha embaixada no Brasil. Eu recebia as autoridades logo no período da independência”, disse.
Primeiro dia de desfiles no Rio
Os desfiles na Marquês de Sapucaí começaram com uma estreia. Foi a primeira vez da Renascer de Jacarepaguá na divisão de elite do Carnaval carioca, trazendo em seu enredo o o colorido do artista pernambucano Romero Britto. Seus versos cantavam "O Artista da Alegria Dá o Tom na Folia", mas sem empolgar muito o folião presente nas arquibancadas do Sambódromo. Além do desfile morno, a escola ainda correu para encerrar sua passagem com 1 hora e 19 minutos, evitando extrapolar o tempo regulamentar, de 1 hora e 22 minutos.
Em seguida, foi a vez da Portela, única a ter participado de todos os desfiles e maior campeã carioca, com 21 títulos. Com o enredo "E o Povo na Rua Cantando. É Feito uma Reza, um Ritual", uniu o samba carioca ao axé baiano. A rainha Sheron Menezes tocou um agogô de quatro bocas num dos carros e cantora Daniela Mercury fez uma pausa no Carnaval de Salvador para desfilar pela escola.
Com Luiza Brunet à frente da bateria, a Imperatriz Leopoldinense entrou na avenida depois da meia-noite. Embora seja conhecida pelo Carnaval tecnicamente impecável, a escola enfrentou desta vez problemas com dois carros alegóricos ainda na concentração. Precisou alterar a ordem de diversas alas e correu para organizar sua passagem, encerrando o desfile em cima do tempo limite.
O pintor paulista Candido Portinari ganhou homenagem da Mocidade Independente, e obras como “Café”, “O Mestiço” e “O Lavrador de Café” ganharam referências nos carros alegóricos. Um dos destaques femininos, a musa Ângela Bismarchi vinha representando uma "Quimera Medieval", com fantasia que lembrava uma armadura do tipo cota de malha.
Mas foi a Porto da Pedra que chamou atenção pelo enredo curioso: iogurte. Apoiada por uma empresa de laticínios, a escola teve ala com lactobacilos rebolando, queijos festivos e inúmeras referências históricas ao leite. Geisy Arruda entrou com fantasia chinesa dourada e Ellen Roche também desfilou.
Atual campeã, a Beija-Flor foi responsável por um dos momentos mais emocionantes desta primeira noite de desfiles do Carnaval carioca. A escola apresentou um enredo baseado na cultura do Maranhão, e preparou homenagem ao carnavalesco Joãosinho Trinta, morto em dezembro do ano passado. Para isso, reeditou a polêmica obra do Cristo Mendigo, que desfilou coberto por sacos pretos em 1989. Descoberta durante o desfile, a alegoria revelou a figura enorme do carnavalesco.
Segundo informações da Folha.com, traficantes tentaram assaltar integrantes da Porto da Pedra quando eles deixavam a passarela do samba e houve tiroteio entre seguranças da escola e os bandidos. Duas pessoas teriam ficado feridas.
Vila Isabel desfila no primeiro dia de Carnaval no Rio
Foto 2 de 38 - A cantora Mart´nália toca na bateria da Vila Isabel acompanhada da rainha Sabrina Sato (20/2/2012) Danilo Verpa/Folhapress
Desta vez, a escola que encerrou a primeira noite de desfiles do Carnaval do Rio trouxe o samba-enredo "Você Semba Lá .... Que Eu Sambo Cá! O Canto Livre de Angola", de autoria do cantor e compositor Martinho da Vila.
Quarta colocada em 2011, a Vila misturou elementos como o semba (estilo musical angolano) e o kuduro (uma dança típica do país) com alegorias de temática tribal assinadas pela carnavalesca Rosa Magalhães, em seu segundo ano consecutivo na organização do desfile da escola.
A bateria dos mestres Wallan e Paulinho contou com a apresentadora Sabrina Sato como rainha. A paulista treinou dança africana para sua apresentação à frente dos ritmistas da escola.
A fantasia de Sabrina representava uma guerreira angolana. "Me identifiquei com o enredo porque Angola tem muito a ver com nosso povo e nossas raízes. Eu sou uma guerreira, esse desfile vai ser maravilhoso, vamos arrasar", disse a rainha ao UOL. "Nunca pensei em pisar na Sapucaí, ainda mais como rainha de bateria", completou Sabrina. Ela comentou ainda a ida do Pânico para a Bandeirantes. "Estou de coração aberto, vamos com tudo nessa nova fase. Mudanças são sempre boas".
A comissão de frente, bastante inventiva, trazia caçadores que se deslocavam e sumiam no meio da vegetação da savana. Ao centro, um rinoceronte estilizado que era montado e desmontado durante uma cena de caçada.
O carro abre-alas, "A Fauna Selvagem Angolana", trouxe uma profusão de animais africanos, como girafas, zembras, crocodilos, chitas e antílopes.
Em seguida, Rosa optou por colocar no segundo carro um imbondeiro de nove metros de altura, um baobá africano muito comum em território angolano. O imbondeiro é considerado uma árvore sagrada, seu caule pode ter um diâmetro de mais de três metros. “Essa árvore é sagrada, dá alimento, esconde, junta água, dá fruto. Ela faz parte da sobrevivência do povo. É um baobá africano”, explica Rosa.
O segundo carro, "Imbondeiro - A Árvore da Vida", trazia uma árvore de nove metros de altura representando um baobá africano muito comum em território angolano. O imbondeiro é considerado uma árvore sagrada e seu caule pode ter um diâmetro de mais de três metros. “Essa árvore é sagrada, dá alimento, esconde, junta água, dá fruto. Ela faz parte da sobrevivência do povo”, explicou a carnavalesca Rosa Magalhães.
O castelo da lendária “Rainha Jinga” foi representado na terceira alegoria, toda feita em palha e decorada com máscaras de estilo tribal. A rainha Nzinga Mbandi Ngola, ou “Jinga”, era do reino de Matamba e viveu de 1581 a 1663. Sua figura é marcante na história angolana pois representou a resistência à ocupação pelos portugueses.
Já na quarta alegoria, a escola levou um navio negreiro para representar a vinda dos negros escravizados de Angola. “Vieram mais de quatro milhões de negros de Angola direto para o Rio. A viagem demorava um mês”, contou Rosa.
A chegada dos escravos ao Cais do Valongo, um mercado a céu aberto no Rio construído no fim do século 18 para o desembarque de milhares de escravos, também teve destaque na quinta alegoria da Vila Isabel. As influências africanas na música e festas brasileiras estão presentes na quinta alegoria.
Para fechar o desfile, o último carro levava Martinho da Vila e 75 baluartes da escola. Martinho, considerado embaixador cultural da lusofonia, disse que tem uma relação de carinho com os países africanos de língua portuguesa. “É uma honraria, ganhei esse título quando Angola não tinha embaixada no Brasil. Eu recebia as autoridades logo no período da independência”, disse.
Primeiro dia de desfiles no Rio
Os desfiles na Marquês de Sapucaí começaram com uma estreia. Foi a primeira vez da Renascer de Jacarepaguá na divisão de elite do Carnaval carioca, trazendo em seu enredo o o colorido do artista pernambucano Romero Britto. Seus versos cantavam "O Artista da Alegria Dá o Tom na Folia", mas sem empolgar muito o folião presente nas arquibancadas do Sambódromo. Além do desfile morno, a escola ainda correu para encerrar sua passagem com 1 hora e 19 minutos, evitando extrapolar o tempo regulamentar, de 1 hora e 22 minutos.
Em seguida, foi a vez da Portela, única a ter participado de todos os desfiles e maior campeã carioca, com 21 títulos. Com o enredo "E o Povo na Rua Cantando. É Feito uma Reza, um Ritual", uniu o samba carioca ao axé baiano. A rainha Sheron Menezes tocou um agogô de quatro bocas num dos carros e cantora Daniela Mercury fez uma pausa no Carnaval de Salvador para desfilar pela escola.
Com Luiza Brunet à frente da bateria, a Imperatriz Leopoldinense entrou na avenida depois da meia-noite. Embora seja conhecida pelo Carnaval tecnicamente impecável, a escola enfrentou desta vez problemas com dois carros alegóricos ainda na concentração. Precisou alterar a ordem de diversas alas e correu para organizar sua passagem, encerrando o desfile em cima do tempo limite.
O pintor paulista Candido Portinari ganhou homenagem da Mocidade Independente, e obras como “Café”, “O Mestiço” e “O Lavrador de Café” ganharam referências nos carros alegóricos. Um dos destaques femininos, a musa Ângela Bismarchi vinha representando uma "Quimera Medieval", com fantasia que lembrava uma armadura do tipo cota de malha.
Mas foi a Porto da Pedra que chamou atenção pelo enredo curioso: iogurte. Apoiada por uma empresa de laticínios, a escola teve ala com lactobacilos rebolando, queijos festivos e inúmeras referências históricas ao leite. Geisy Arruda entrou com fantasia chinesa dourada e Ellen Roche também desfilou.
Atual campeã, a Beija-Flor foi responsável por um dos momentos mais emocionantes desta primeira noite de desfiles do Carnaval carioca. A escola apresentou um enredo baseado na cultura do Maranhão, e preparou homenagem ao carnavalesco Joãosinho Trinta, morto em dezembro do ano passado. Para isso, reeditou a polêmica obra do Cristo Mendigo, que desfilou coberto por sacos pretos em 1989. Descoberta durante o desfile, a alegoria revelou a figura enorme do carnavalesco.
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