“Medicamento é o principal agente tóxico que causa intoxicação em seres humanos no Brasil, ocupando o primeiro lugar nas estatísticas do SINITOX desde 1994; os benzodiazepínicos, antigripais, antidepressivos, antiinflamatórios são as classes de medicamentos que mais causam intoxicações em nosso País (44% foram classificadas como tentativas de suicídio e 40% como acidentes, sendo que as crianças menores de cinco anos – 33% e adultos de 20 a 29 anos – 19% constituíram as faixas etárias mais acometidas pelas intoxicações por medicamentos)”
Embora todos os medicamentos possuam uma acção benéfica mais ou menos
específica, a maioria deles, mesmo administrados nas doses correctas,
podem igualmente originar vários efeitos secundários adversos, de maior
ou menor envergadura. No entanto, o principal perigo da maioria dos
medicamentos é a sua administração incorrecta, em doses demasiado
elevadas, pois podem originar uma verdadeira intoxicação. De facto, a
into- xicação por medicamentos constitui, actualmente, um fenómeno
bastante frequente, sobretudo nas pessoas idosas e nas crianças mais
pequenas.
Entre os adultos, as causas mais comuns de intoxicação por medicamentos
são a tentativa de suicídio ou de auto-agressão, muitas vezes apenas
para chamar a atenção, e a ingestão de uma dose elevada por mero
equívoco. Por outro lado, entre as crianças, sobretudo com menos de 5
anos de idade, a intoxicação por medicamentos é quase sempre acidental,
já que se sentem atraídas pelos comprimidos e cápsulas coloridos e têm a
tendência para levá-los à boca como se fossem rebuçados.
Embora praticamente qualquer medicamento, administrado em doses
elevadas, possa provocar uma intoxicação, os que mais frequentemente
provocam este perigo são os analgésicos, por serem os mais utilizados, e
os sedativos e hipnóticos, de utilização mais comum nos idosos. Por
outro lado, a intoxicação por medicamentos com efeitos sobre o sistema
nervoso central, independentemente de serem depressores, como os
mencionados, ou estimulantes, como as anfetaminas e derivados, é
igualmente frequente nos toxicodependentes.
Intoxicação por analgésicos
Tendo em conta que a principal causa de intoxicação grave por
medicamentos, entre as crianças, é o consumo acidental de doses
elevadas, o analgésico mais vezes envolvido em problemas desta natureza é
o ácido acetilsalicílico, ou aspirina, pois é o mais comum nos lares e
porque os seus efeitos tóxicos nas crianças costumam começar a
evidenciar-se a partir de uma dose de 3 g (equivalente a seis
comprimidos de 500 g). Como é habitual nas intoxicações por via oral, as
primeiras manifestações costumam afectar o aparelho digestivo e
consistem, sobretudo, em náuseas e vómitos, por vezes sanguinolentos, e
dor abdominal. Em seguida, observa-se um progressivo aumento da
frequência respiratória, um quadro de agitação, desidratação e, apesar
do efeito antitérmico deste medicamento, um significativo aumento da
temperatura do corpo.
Nesta fase, deve-se dar atenção imediata à vítima, pois caso contrário a
intoxicação pode provocar a sua morte. Em primeiro lugar, deve-se
administrar vários copos de água com bicarbonato ao paciente, para que a
acidez gástrica diminua e a absorção do medicamento seja o mais
reduzida possível. Ao mesmo tempo, deve-se chamar uma ambulância, de
modo a transferir-se imediatamente o indivíduo afectado para um centro
de saúde onde possa ser submetido ao tratamento e monitorização
adequados e, caso seja necessário, à administração de soluções
alcalinizantes por via endovenosa ou à realização de uma hemodiálise, de
modo a eliminar-se o produto do sangue.
Intoxicação por sedativos
Para além de serem os medicamentos normalmente utilizados no tratamento
da ansiedade e depressão, os sedativos ou ansiolíticos, como o diazepam e
produtos relacionados, são igualmente os mais utilizados nas tentativas
de suicídio e auto-agressão. No entanto, a maioria destas tentativas de
suicídio não provocam, felizmente, a morte da vítima, já que os
sedativos apenas provocam uma intoxicação mortal se forem ingeridos em
doses muito elevadas e, sobretudo, combinadas com álcool. Todavia, por
vezes, a intoxicação resultante é tão grave que o indivíduo afectado
necessita de ser hospitalizado. De qualquer forma, independentemente da
gravidade da intoxicação, estas tentativas de suicídio ou auto-agressão
devem ser interpretadas como um pedido de socorro ou como uma chamada de
atenção por parte da vítima.
As principais manifestações da intoxicação por sedativos são sonolência,
apatia, falta de coordenação nos movimentos e diminuição da amplitude e
frequência dos movimentos respiratórios. Embora estas manifestações
costumem desaparecer ao fim de um ou dois dias, nos casos mais graves, a
debilidade do sistema nervoso central pode conduzir ao estado de coma e
até à morte.
Caso se suspeite de uma intoxicação por sedativos e sempre que a vítima
não evidencie perda de consciência, deve-se provocar o vómito, para se
eliminar o medicamento ainda não absorvido do tubo digestivo, procurar
que o indivíduo afectado não fique frio e oferecer-lhe café para evitar
que adormeça. Caso se observe que a sua respiração se encontra muito
fraca ou que não recupera rapidamente, deve-se transportar o paciente, o
mais rápido possível, para um hospital, de modo a proceder-se a uma
lavagem ao estômago e efectuar-se o tratamento adequado.
Intoxicação por hipnóticos
Dado que os medicamentos hipnóticos ou indutores do sono, como os
conhecidos barbitúricos, possuem um intenso efeito depressivo sobre o
sistema nervoso central, a ingestão de doses relativamente elevadas pode
provocar uma intoxicação grave. Actualmente, estas intoxicações ocorrem
com menor frequência do que outrora, sobretudo porque a prescrição de
hipnóticos é, em inúmeros países, submetida a um rigoroso controlo
médico e administrativo, mas apesar disso continuam a existir casos
isolados.
As manifestações da intoxicação variam consoante as doses ingeridas. Nos
casos mais ligeiros, os pacientes costumam evidenciar uma espécie de
estado de embriaguez, acompanhado por um sono profundo. Por outro lado,
após a ingestão de uma dose mais elevada, o paciente entra em estado de
coma: perde a consciência, respira de forma muito superficial, a sua
pressão arterial e temperatura do corpo baixam e, caso não se proceda ao
seu tratamento oportuno, evidenciam-se complicações mortais.
O tratamento, que deve ser realizado de forma imediata num centro de
saúde, começa por uma indução do vómito e/ou lavagem ao estômago. Em
seguida, deve-se administrar oxigénio ao paciente, injectar-lhe soros
salinos para contrariar a desidratação e, caso seja necessário, indicar
uma hemodiálise para se efectuar a filtração do sangue, de modo a
eliminar-se os barbitúricos da circulação.
INFORMAÇÕES MUITO IMPORTANTES
Dado que, nos últimos tempos, tenho observado que alguns medicamentos vêm em embalagens de abertura difícil, questiono-me se esta situação constitui uma medida de segurança para prevenir a sua ingestão acidental por parte das crianças?
ANSIOLÍTICOS E TRANQÜILIZANTES
BENZODIAZEPÍNICOS
Grupo de medicamentos que apresentam propriedades farmacológicas (ansiolíticas, sedativo-hipnóticas e/ou anticonvulsivantes) e efeitos tóxicos que parecem ser conseqüentes de sua ação direta sobre o Sistema Nervoso Central. Apesar de existirem diferenças significativas de farmacocinética entre seus numerosos compostos, não parece haver superioridade de um sobre outro quando se toma por base apenas a farmacocinética.
BENZODIAZEPÍNICOS
Grupo de medicamentos que apresentam propriedades farmacológicas (ansiolíticas, sedativo-hipnóticas e/ou anticonvulsivantes) e efeitos tóxicos que parecem ser conseqüentes de sua ação direta sobre o Sistema Nervoso Central. Apesar de existirem diferenças significativas de farmacocinética entre seus numerosos compostos, não parece haver superioridade de um sobre outro quando se toma por base apenas a farmacocinética.
Em geral, os benzodiazepínicos (BZD) são rápida e
completamente absorvidos por via oral. No entanto, alguns como
clordiazepóxido e oxazepam levam horas para atingir concentrações
sangüíneas máximas. A ligação proteica plasmática é variável e
praticamente todos são metabolizados no fígado por oxidação e/ou
conjugação, com formação de metabólitos, muitos dos quais ativos. A
excreção é renal.
É possível classificar estes medicamentos em vários grupos, de acordo com sua meia-vida de eliminação: Ação muito curta – Midazolam (Dormonid); Ação curta – Alprazolam (Frontal), Lorazepam (Lorax, Mesmerim), Oxazepan (Clizepina; Ação Longa –
Clordiazepóxido (Psicosedin, Limbitrol, Relaxil), Diazepam
(Calmociteno, Diazepan, Diempax, Kiatrium, Valium), Flurazepam
(Dalmadorm, Lunipax).
Estudos sugerem que os benzodiazepínicos interagem
em um receptor específico com um modulador proteico endógeno que
antagoniza a ligação com o GABA, potencializando os seus efeitos. Certos
benzodiazepínicos estão associados com dependência e alguns produzem
reações de abstinência mais intensas que outros.
Clínica da Intoxicação Aguda:
Absorção de dose excessiva está usualmente associada com sedação,
sonolência, fala arrastada, diplopia, disartria, ataxia e confusão
mental. Podem ocorrer depressão respiratória e hipotensão arterial. Na
maioria dos casos a evolução é benigna, mas existem relatos de intensa
depressão respiratória e coma e inclusive de óbitos após o uso de
benzodiazepínicos de ação muito curta, especialmente quando
administrados por via intravenosa. Crianças, idosos e pacientes com
insuficiência cardiorrespiratória são mais sensíveis e o álcool e
barbitúricos podem potencializar os efeitos tóxicos.
Tratamento: É essencial assistência
respiratória, manter vias aéreas, oxigênio se necessário. Monitorar
respiração, pressão arterial, sinais vitais. Ingesta:
Para BZD de ação muito curta, nunca induzir vômitos, início de
depressão e coma podem ser rápidos. Para BZD de ação longa, induzir
vômitos somente em poucos minutos da ingestão. Paciente consciente, dar
via oral carvão ativado, catárticos. Paciente inconsciente e/ou
superdosagem: lavagem gástrica com intubação prévia para prevenir
aspiração. Administrar antídoto Flumazenil – reverte sedação dos BZD, há
melhora parcial dos efeitos respiratórios. Hipotensão: administrar
fluidos endovenosos, manter equilíbrio hidroeletrolítico, vasopressores
se necessário. Medidas sintomáticas e de manutenção.
FENOTIAZÍNICOS
Os derivados da fenotiazina, a princípio utilizados em terapêutica como antissépticos urinários e anti-helmínticos, representam um dos mais importantes grupos de medicamentos empregados nas mais variadas afecções neurológicas e exercem uma ação farmacológica bastante extensa, incluindo efeitos sedativos e potencialização dos efeitos de sedativos, narcóticos e anestésicos; ação antiemética; efeitos sobre a regulação da temperatura corporal; efeitos bloqueadores colinérgicos e adrenérgicos (tipo alfa); efeitos anti-histamínicos e anti-serotonínicos; efeitos antipruriginosos; efeitos analgésicos e outros. Estas propriedades são as responsáveis pelas chamadas reações colaterais, que se tornam mais acentuadas nos casos de intoxicação.
FENOTIAZÍNICOS
Os derivados da fenotiazina, a princípio utilizados em terapêutica como antissépticos urinários e anti-helmínticos, representam um dos mais importantes grupos de medicamentos empregados nas mais variadas afecções neurológicas e exercem uma ação farmacológica bastante extensa, incluindo efeitos sedativos e potencialização dos efeitos de sedativos, narcóticos e anestésicos; ação antiemética; efeitos sobre a regulação da temperatura corporal; efeitos bloqueadores colinérgicos e adrenérgicos (tipo alfa); efeitos anti-histamínicos e anti-serotonínicos; efeitos antipruriginosos; efeitos analgésicos e outros. Estas propriedades são as responsáveis pelas chamadas reações colaterais, que se tornam mais acentuadas nos casos de intoxicação.
Em virtude de sua alta eficácia terapêutica, seu
consumo é muito grande e generalizado, com tendência a aumentar
continuamente e como decorrência, o número de intoxicações.
Os derivados da fenotiazina podem se divididos em três grupos: -Derivados Piperazínicos: flufenazina (Anatensol, Motival), trifluoperazina (Stelazine, Stelapar), perfenazina ( Mutabon). –Derivados Alifáticos: clorpromazina (Amplictil), promazina (Metilsedor), levomepromazina (Neozine). –Derivados Piperidínicos: tioridazina (Melleril)
Estes grupos diferem em potência por mg e propensão
em causar efeitos colaterais específicos. Em geral, quanto mais potente o
fenotiazínico, maior a propensão em determinar reações extrapiramidais e
quanto menor a potência, maior a propensão em determinar efeitos
secundários tipo autonômicos, sedação ou convulsões.
São geralmente bem absorvidos pelo tubo
gastrointestinal e parenteralmente. Após absorção, são rapidamente
distribuídos pelos tecidos; 70% da dose administrada é logo removida da
circulação porta pelo fígado.
Clínica da Intoxicação Aguda: Risco
cardiovascular e de depressão do SNC. Síndrome neuroléptica maligna é
potencialmente fatal e pode ocorrer com doses terapêuticas e após poucos
dias de uso. Sedação, miose, hiper ou hipotensão, taquicardia, retenção
urinária, xerostomia, ausência de sudorese. Sintomas extrapiramidais.
Convulsão, coma, falência respiratória, prolongamento do intervalo QT,
arritmias, distúrbios da temperatura.
Tratamento: Esvaziamento
gástrico por lavagem gástrica se superdosagem até 12 horas após ingesta
(fenotiazinas reduzem a motilidade gástrica). Indução do vômito se
ingesta recente (minutos) em paciente alerta e assintomático, evitar se
após algumas horas (convulsões ou reações distônicas de cabeça e pescoço
podem resultar em aspiração). Carvão ativado a cada 2 ou 3 horas e
catártico salino. Monitorização respiratória e cardiovascular. Se
hipotensão/choque – Trendelemburg, Ringer Lactato EV, vasopressores de
escolha (agonistas alfa-adrenérgicos): noradrenalina, fenilefrina,
metoxamina, em infusão contínua EV. Não utilizar beta-adrenérgicos.
Arritmias ventriculares: fenitoína, 10 a 15mg/Kg, lentamente, ou
lidocaína 1mg/Kg EV ou marcapasso. Convulsões: diazepan seguido de
fenitoína. Sintomas extrapiramidais: difenidramina EV (2 mg/Kg até o
máximo de 50mg/dose em administração lenta) ou mesilato de benztropina
(0,5mg/Kg em crianças, 2mg em adultos), biperideno 2mg IM ou EV lento a
cada 30 min., se necessário até 4 doses por dia. Síndrome neuroléptica
maligna: resfriamento corporal, diazepan EV, dantrolene. Paciente
sintomáticos devem ficar internados no mínimo 24 h após o ECG normal;
assintomáticos devem ser observados no mínimo por 4 horas.
BUTIROFENONAS E TIOXANTENOS
Neurolépticos de largo uso em psiquiatria. Grupo das Butirofenonas: droperidol(Droperidol), haloperidol (Haldol, Haloperidol), penfluridol (Semap), pimozide (Orap). Exercem forte antagonismo dopaminérgico central e tem pouca ação anticolinérgica. Grupo dos Tioxantenos: tioxeno (Navane).
BUTIROFENONAS E TIOXANTENOS
Neurolépticos de largo uso em psiquiatria. Grupo das Butirofenonas: droperidol(Droperidol), haloperidol (Haldol, Haloperidol), penfluridol (Semap), pimozide (Orap). Exercem forte antagonismo dopaminérgico central e tem pouca ação anticolinérgica. Grupo dos Tioxantenos: tioxeno (Navane).
De um modo geral são bem absorvidos por via oral, mas
sofrem metabolização de primeira passagem. Apresentam significativa
ligação proteica plasmática. A metabolização é hepática e a eliminação é
urinária.
Clínica da Intoxicação Aguda: SNC: rigidez e espasmos musculares, pseudoparkinsonismo, distonias, acatisias, discenisia tardia persistente, agitação ou depressão, cefaléia, confusão, vertigem, síndrome neuroléptica maligna. SCV: hipotensão ortostática, prolongamento do intervalo QT, taquicardia. Hipertermia.
Clínica da Intoxicação Aguda: SNC: rigidez e espasmos musculares, pseudoparkinsonismo, distonias, acatisias, discenisia tardia persistente, agitação ou depressão, cefaléia, confusão, vertigem, síndrome neuroléptica maligna. SCV: hipotensão ortostática, prolongamento do intervalo QT, taquicardia. Hipertermia.
Tratamento: Em geral é
semelhante ao realizado nas demais intoxicações agudas por neurolépticos
e descrito com maiores detalhes na intoxicação por fenotiazínicos.
ANTIDEPRESSIVOS TRICÍCLICOS
Antidepressivos tricíclicos (ADT) tem potente efeito sedativo. Uso amplo em depressão melancólica e em alguns casos de depressão atípica. São exemplos de ADT: amitriptilina (Tryptanol, Limbitrol), amineptina (Survector), imipramina (Tofranil), nortriptilina (Motival). São rapidamente absorvidos por via oral, com elevada união a proteínas plasmáticas. Metabolismo hepático, eliminação renal em vários dias.
ANTIDEPRESSIVOS TRICÍCLICOS
Antidepressivos tricíclicos (ADT) tem potente efeito sedativo. Uso amplo em depressão melancólica e em alguns casos de depressão atípica. São exemplos de ADT: amitriptilina (Tryptanol, Limbitrol), amineptina (Survector), imipramina (Tofranil), nortriptilina (Motival). São rapidamente absorvidos por via oral, com elevada união a proteínas plasmáticas. Metabolismo hepático, eliminação renal em vários dias.
Efeitos Adversos: Tontura, prejuízo
na função cognitiva, fraqueza, fadiga, precipitação de psicose ou mania,
tremores, apetite aumentado, ganho de peso, sudorese, cafaléia, boca
seca, constipação, retenção urinária, visão borrada, exacerbação de
glaucoma.
Clínica da Intoxicação Aguda:
Letargia, coma ou convulsões, acompanhadas por prolongamento do
intervalo QRS ao ECG. Excitação seguido de coma, com depressão
respiratória, hiporreflexia, hipotermia e hipotensão. Marcantes efeitos
anticolinérgicos.
Tratamento: Complexo.
Lavagem gástrica, seguida de carvão ativado em uso repetido e catártico
salino. Não induzir êmese pelo risco de convulsões. Tratamento
sintomático e suportivo. Alcalinização, anticonvulsivantes
(Fenitoína). Observação mínima de 6 horas em todos os pacientes.
ANTICONVULSIVANTES
BARBITÚRICOS
Depressores não seletivos do SNC, deprimem córtex sensorial, reduzem atividade motora, alteram função cerebelar. Ação, principalmente quando associada, com capacidade de potenciar ação inibitória sináptica mediada pelo GABA.
ANTICONVULSIVANTES
BARBITÚRICOS
Depressores não seletivos do SNC, deprimem córtex sensorial, reduzem atividade motora, alteram função cerebelar. Ação, principalmente quando associada, com capacidade de potenciar ação inibitória sináptica mediada pelo GABA.
Barbitúricos não possuem efeito analgésico.
Induzem desde excitabilidade, sedação leve, incoordenação motora até
coma profundo. Em dose terapêutica alta ocorre anestesia. Uso continuado
pode causar tolerância e dependência.
Divididos em três grupos, de acordo com o aparecimento e duração dos efeitos: - Duração curta: Pentobarbital, Secobarbital; - Duração Intermediária: Amobarbital, Butabarbital; - Duração longa: Fenobarbital, Mefobarbital, Prominal.
Clínica da Intoxicação Aguda:
Depressão do SNC e cardiovascular, coma. SNC: sonolência, letargia,
confusão, delírio, dificuldade de fala, diminuição ou perda dos
reflexos, ataxia, nistagmo, hipotermia, depressão respiratória. SCV:
hipotensão, taquicardia, choque. Gastrointestinal: diminuição do tônus e
motilidade, pode compactar comprimidos. Óbito por insuficiência
cardiorespiratória ou secundária a depressão de centros medulares
vitais.
Tratamento: Nos casos
graves é complexo. Assistência respiratória, manter vias aéreas.
Monitorização respiratória e cardiovascular. Corrigir
hipovolemia. Ingesta/esvaziamento gástrico: êmese só
em poucos minutos após ingesta. Lavagem gástrica com intubação (previne
aspiração) até 24 horas ou mais, lavado pode ser feito com sonda mais
larga ou por endoscopia para remover conteúdo. Carvão ativado seriado,
catártico salino. Manter equilíbrio hidroeletrolítico, pode ser
necessário uso de vasopressores. Alcalinização urinária. Avaliar função
renal, eletrólitos, gasometria, pH urinário. Paciente com insuficiência
renal necessário hemodiálise. Medidas sintomáticas e de manutenção.
CARBAMAZEPINA
Anticonvulsivantes com discretos efeitos sedativos, utilizado no tratamento de neuralgia do trigêmio. Absorção lenta e errática por via oral, há diminuição da motilidade intestinal decorrente das propriedades anticolinérgicas do medicamento. Metabolizada no fígado, excretada pela urina e pequena excreção fecal. A utilização prolongada do medicamento pode ocasionar reações colaterais e secundárias variadas: diplopia, distúrbios visuais, sonolência, parestesias, distúrbios de equilíbrio, leucopenia, neutropenia, erupções cutâneas e outros.
CARBAMAZEPINA
Anticonvulsivantes com discretos efeitos sedativos, utilizado no tratamento de neuralgia do trigêmio. Absorção lenta e errática por via oral, há diminuição da motilidade intestinal decorrente das propriedades anticolinérgicas do medicamento. Metabolizada no fígado, excretada pela urina e pequena excreção fecal. A utilização prolongada do medicamento pode ocasionar reações colaterais e secundárias variadas: diplopia, distúrbios visuais, sonolência, parestesias, distúrbios de equilíbrio, leucopenia, neutropenia, erupções cutâneas e outros.
São exemplos de nomes comerciais: Tegretol, Tegretard.
Clínica da Intoxicação Aguda:
Distúrbios neurológicos por depressão do SNC: ataxia, nistagmo,
oftalmoplegia, midríase, taquicardia sinusal. Casos graves podem evoluir
com mioclonias, convulsões, coma e parada respiratória.
Tratamento: Nos casos de ingestão
recomenda-se esvaziamento gástrico, que deve ser realizado mesmo
decorridas muitas horas após. É preferível lavagem gástrica em serviço
bem equipado, em virtude de possível e inesperado aparecimento de
depressão neurológica. Administração seriada de carvão ativado a cada 4
horas. Tratar convulsões com diazepam, manter via aérea permeável,
ventilação assistida, se necessário, tratar arritmias. Tratamento da
hipotensão arterial com correção do volume e drogas vasopressoras
(dopamina, norepinefrina). Filtro de carvão ativado pode ser útil nos
casos graves que não responderem ao tratamento de suporte. Não há
antídoto específico. Diurese forçada, diálise peritonial e hemodiálise
não são eficazes. Pacientes assintomáticos devem ser observados por no
mínimo 6 horas após ingesta. Pacientes graves devem ser observados em
UTI até 24 horas após terem se mantido estáveis.
FENITOÍNA
Fenitoína ou difenilidantoína é medicamento usado há longo tempo como anticonvulsivante e mais recentemente, por via parenteral, no tratamento de distúrbios do ritmo cardíaco. Absorção por via oral é lenta e errática e quando ingerida em grandes doses, pode ser mais demorada. Metabolização hepática e excreção renal.
FENITOÍNA
Fenitoína ou difenilidantoína é medicamento usado há longo tempo como anticonvulsivante e mais recentemente, por via parenteral, no tratamento de distúrbios do ritmo cardíaco. Absorção por via oral é lenta e errática e quando ingerida em grandes doses, pode ser mais demorada. Metabolização hepática e excreção renal.
Exemplos de nomes comerciais: Epelin, Fenitoína, Dialudon, Hidantal.
Clínica da Intoxicação Aguda:
nistagmo, que inicialmente é horizontal e a seguir vertical; sonolência
de intensidade progressiva, ataxia, diplopia, disartria, tremores,
distúrbios do comportamento, confusão mental, náuseas, vômitos e
hirsutismo. Coma profundo não é comum. São consideradas reações de
hipersensibilidade: eritema multiforme, síndrome de Stevens-Johnson,
febre, doença do soro, discrasias sangüíneas e insuficiência renal.
Descrevem-se também reações paradoxais, com aumento das convulsões sem
outros sinais de intoxicação aguda.
Toxicidade cardíaca freqüente após infusão
intravenosa rápida ou ingestão de doses muito grandes: arritmias e
bradicardia sinusal, fibrilação atrial, bloqueio incompleto de ramo
direito e hipotensão arterial. Casos mais graves: fibrilação ventricular
e assistolias, evoluindo para óbito.
Tratamento: Ingestão: Esvaziamento
gástrico mesmo decorridas várias horas. Paciente torporoso: lavagem
gástrica em serviço bem equipado. Administrar carvão ativado. Medidas
dialisadoras não encontram justificativa. Possível eficácia da
plasmaferese. O tratamento é essencialmente sintomático e de suporte,
incluindo correção dos distúrbios hidroeletrolíticos e assistência
respiratória e cardiocirculatória.
ÁCIDO VALPRÓICO
Ácido valpróico e Valproato de sódio são medicamentos sintéticos não relacionados quimicamente à maioria dos anticonvulsivantes. Exemplos de nomes comerciais: Depakene, Valpakine, Valprin.
ÁCIDO VALPRÓICO
Ácido valpróico e Valproato de sódio são medicamentos sintéticos não relacionados quimicamente à maioria dos anticonvulsivantes. Exemplos de nomes comerciais: Depakene, Valpakine, Valprin.
Absorção por via oral é rápida, observando-se níveis
máximos sangüíneos 1 a 4 horas após ingestão. Ligação proteica
significativa. Metabolização hepática e excreção renal.
Clínica da Intoxicação Aguda:
Distúrbios neurológicos incluindo confusão mental, sonolência, torpor e
coma. Hiperatividade, movimentos mioclônicos e convulsões. A evolução
fatal, embora excepcional, pode ocorrer por depressão respiratória e
parada cardíaca.
Tratamento: Ingestão: Esvaziamento
gástrico e administração de carvão ativado. Tratamento sintomático e de
suporte. Não há indicação para medidas dialisadoras. Possíveis bons
resultados da Naloxona, mas indicação é discutível.
Intoxicação Crônica: Descreve-se uma
associação entre o uso crônico de ácido valpróico com o desenvolvimento
de hepatotoxicidade e Síndrome de Reye. Os distúrbios hepáticos são
evidenciados por uma simples elevação dos níveis de transaminases sem
sintomatologia, até um quadro característico de Síndrome de Reye, com
necrose hepática centrolobular, hiperamoniemia e encefalopatia. Descrita
também hepatite tóxica fulminante e irreversível, sem sintomatologia da
Síndrome de Reye. Admite-se que crianças com menos de 2 anos,
especialmente as submetidas à terapêutica anticonvulsivante múltipla,
incluindo ácido valpróico, apresentam maiores riscos de desenvolver
lesão hepática. O tratamento, além da interrupção da droga, é
sintomático e de suporte.
DESCONGESTIONANTES NASAIS E SISTÊMICOS
DESCONGESTIONANTES NASAIS
Os descongestionantes nasais tópicos que apresentam riscos de intoxicação aguda são geralmente constituídos por um simpatomimético em apresentação isolada ou associada com anti-histamínicos e antibióticos. Utilizados como vasoconstritor para reduzir edema e congestão de mucosas nasal e ocular. Uso deve ser controlado em hipertensos, diabéticos e pacientes com hipertireoidismo. Uso crônico causa congestão de rebote em mucosas.
DESCONGESTIONANTES NASAIS E SISTÊMICOS
DESCONGESTIONANTES NASAIS
Os descongestionantes nasais tópicos que apresentam riscos de intoxicação aguda são geralmente constituídos por um simpatomimético em apresentação isolada ou associada com anti-histamínicos e antibióticos. Utilizados como vasoconstritor para reduzir edema e congestão de mucosas nasal e ocular. Uso deve ser controlado em hipertensos, diabéticos e pacientes com hipertireoidismo. Uso crônico causa congestão de rebote em mucosas.
Os simpatomiméticos mais comuns são: oximetazolina
(Afrin); fenoxazolina (Aturgil); nafazolina, tirotricina (Efedran,
Nasoinstil);cloreto de sódio, benzalcônio (Rinosoro, Sorinal, Nasoflux,
Sorine); nafazolina, difenidramina, neomicina (Penetran, Alergotox
Nasal, Suspirin);outros.
Clínica da Intoxicação Aguda:
A intoxicação aguda pode ocorrer por ingestão ou pela aplicação nasal
de doses excessivas. Intoxicação por nafazolina, que é a mais freqüente:
náuseas, vômitos, cefaléia, rubor de pele, sudorese, irritabilidade,
inquietude, aumento da pressão arterial, distúrbios cardíacos como
extra-sístoles e outras arritmias podem aparecer. Casos graves:
depressão do SNC, hipotermia, bradicardia, dilatação pupilar, sonolência
e coma; distúrbios respiratórios com respiração irregular ou bradipnéia
com períodos de apnéia. Descritos em lactentes pequenos, quadros
aparentemente de hipersensibilidade em que pós aplicação tópica de doses
normais do medicamento observam-se durante algumas horas sonolência,
letargia e respiração lenta.
Tratamento: Sintomático e
de suporte. Esvaziamento gástrico/lavagem gástrica não é útil devido à
rápida absorção do medicamento e apresentação disponível é líquida.
Carvão ativado em ingesta precoce (discutível). Não provocar êmese pelo
risco de depressão do SNC. Monitorização dos sinais vitais. Suporte
ventilatório e hemodinâmico. Pode ser usada Naloxona. Casos graves: UTI
para controle dos distúrbios cardiovasculares e respiratórios.
DESCONGESTIONANTES SISTÊMICOS
São também chamados de antigripais, são produtos de largo uso popular para tratamento de resfriados, gripes e infecções de vias aéreas superiores. Apesar de composição variada, a maioria inclui , na fórmula, simpatomiméticos e anti-histamínicos.
DESCONGESTIONANTES SISTÊMICOS
São também chamados de antigripais, são produtos de largo uso popular para tratamento de resfriados, gripes e infecções de vias aéreas superiores. Apesar de composição variada, a maioria inclui , na fórmula, simpatomiméticos e anti-histamínicos.
São alguns exemplos de descongestionantes sistêmicos e
seus principais componentes: triprolidina, psedo-efedrina (Actifedrin);
pirilamina, cloridrato de efedrina ( Benegrip); clorfeniramina,
Vitamina C (Benegrip Xarope Infantil);clorfeniramina, metoxifenamina
(Cheracap); cinarizina, fenilefrina, pentoxiverina (Coldrin);
dextroclorfeniramina, cloridrato de fenilefrina (Coristina D);
cloridrato de fenilefrina, carbinoxamina (Gripenil); maleato de
dimentideno, trivietilrutina, Vit C, paracetamol, cloridrato de
fenilefrina (Trimedal); (Bialerge); (Descon); (Naldecon).
Intoxicação freqüente, principalmente em
crianças, por largo uso e falsa impressão de inocuidade. Apesar da
dosagem relativamente baixa dos componentes, podem ocorrer intoxicações
graves. Relatados casos de abuso para obtenção de efeitos psíquicos e
sensoriais. Absorção irregular pelo trato gastro-intestinal, metabolismo
hepático e intestinal, excreção renal.
Clínica da Intoxicação Aguda:
Quadro tóxico depende da composição relativa dos simpatomiméticos e
anti-histamínicos. Os distúrbios produzidos por doses excessivas dos
principais componentes são os seguintes: sonolência, cefaléia, tonturas,
vômitos, taquicardia ou bradicardia, palpitação, bloqueio A-V,
hipertensão arterial, tremores, distúrbios neuropsíquicos incluindo
inquietude, irritabilidade, agressividade, confusão mental, convulsões,
alucinações e até quadros paranóides.
Tratamento: Nos casos de ingestão,
recomenda-se esvaziamento gástrico, mesmo decorridas várias horas, pois a
maioria dos descongestionantes sistêmicos contêm anti-histamínicos e
devido ao seu efeito anticolinérgico, podem retardar a absorção.
Administrar carvão ativado, catárticos salinos. Manter vias aéreas
permeáveis. Tratar hipertensão e arritmias, monitorar sinais vitais e
realizar ECG por 4 a 6 horas após intoxicação. O tratamento é
sintomático e suportivo. Bradicardia pode ser tratada com atropina.
Ectopias ventriculares são melhor tratadas com propranolol, devendo-se
evitar quinidina e antiarrítmicos da mesma classe.
In: Bortoletto, Maria Élide e Bochner, Rosany: Impacto dos
Medicamentos nas Intoxicações Humanas no Brasil (Cad. Saúde Pública, RJ
15 (4)859869-out/dez. l999.
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