9.12.2012

Triagens para idenficar câncer de ovário fazem mais mal do que bem

Órgão americano diz que exames podem gerar resultados falsos e levar a operações desnecessárias, com chances de resultar em maiores complicações


Exames de sangue são procedimentos usados durante triagens
Foto: Divulgação/Fred Prouser
Exames de sangue são procedimentos usados durante triagens Divulgação/Fred Prouser
Triagens para identificar câncer de ovário podem fazer mais mal do que bem. É o que afirma a Força Tarefa para Serviços Preventivos dos Estados Unidos (USPSTF, sigla para United States Preventive Services Task Force), um órgão do governo americano formado por um grupo independente de especialistas em saúde preventiva. Os exames, que buscam identificar uma substância ligada à doença, podem gerar resultados falsos que levam a operações desnecessárias, com chances de resultar em maiores complicações.
Como base para as recomendações, o painel se debruçou sobre um estudo publicado no ano passado no The Journal of the American Medical Association. Na pesquisa, 78.216 mulheres, entre 55 e 74, foram acompanhadas por mais de dez anos. Metade passou por triagem, que consistiu em exames de ultra-som e exames de sangue. O percentual de mortes foi o mesmo nos dois grupos.
Quase 10% (3.285) das mulheres que foram avaliadas tiveram resultados falso-positivos. Dessas, 1.080 passaram por cirurgia para remover um ou ambos os ovários. Somente após as operações repararam que elas não eram necessárias. Pelo menos 15% das que fizeram cirurgia apresentaram algum tipo de complicação grave, como coágulos sanguíneos, infecções ou lesões cirúrgicas em outros órgãos.
— Não há nenhum método existente de triagem para o câncer de ovário que seja eficaz na redução de mortes. Na verdade, uma grande parcela das mulheres que se submetem à experiência podem obter resultados falso-positivos — diz Virginia Moyer, uma das especialistas da Força Tarefa.
O conselho contra as triagens só é válido para mulheres saudáveis com risco de câncer de ovário, não para as que apresentem sintomas suspeitos ou tenham muito risco devido a mudanças genéticas ou histórico familiar.
As recomendações são as últimas em uma série de suspeitas levantadas pelo mesmo painel contra as triagens de câncer. O mesmo grupo já rejeitou os exames para câncer de próstata e mamografias de rotina em mulheres com menos de 50. A força-tarefa é formada por um grupo de 16 especialistas nomeados pelo governo americano, mas independentes.

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