Dividendos de 12 ações geram retorno acima da renda fixa
Especialistas indicam papéis de empresas que dividem lucro com investidor
Yolanda Fordelonde, de O Estado de S. Paulo
Investir em ações de empresas que pagam bons dividendos é
a recomendação de muitos analistas para quem pretende diversificar as
aplicações, aceitando um pouco mais de risco em busca de um ganho
superior à renda fixa. Além de osciliarem menos - o que reduz a chance
de grandes perdas -, esses papéis têm gerado ganhos vantajosos. Para se
ter uma ideia, dentro do índice de dividendos, 12 ações proporcionaram
retorno com dividendos (dividend yield) acima de 10% nos últimos doze
meses, rentabilidade maior do que a do CDI que baliza as aplicações de
renda fixa (9,83% em um ano).
Em alguns casos, os dividendos, parcela do lucro distribuídas entre os acionistas periodicamente, chegam a apresentar rentabilidade anual superior a 30% do valor do investimento. Exemplo disso são as ações da Oi (Veja tabela). "É como se a ação tivesse um componente de renda fixa", diz o diretor de renda variável da BM&F Bovespa, Julio Ziegelmann.
Regra geral, as companhais que pagam altos dividendos fazem parte de setores onde o investimento mais pesado já foi feito, como energia elétrica. Assim, grande parte da receita se torna lucro no fim do resultado, o qual é dividido com os acionistas. "A geração de caixa é forte e não tem muito investimento a ser feito. Essa é uma característica desse tipo de empresa não só no Brasil, mas também lá fora", comenta o diretor.
A volatilidade também é menor nesse tipo de empresa, justamente pelos resultados serem mais previsíveis. Neste ano, por exemplo, o índice Bovespa - que mede o desempenho das ações mais negóciadas na Bolsa, acumula alta de 2,76% até o dia 6 de setembro, enquanto o índice de dividendos, sobe 12,97%. "Para quem pensa no longo prazo, esse tipo de ação pode ser um complemento para a aposentadoria bem interessante", afirma o analista da corretora SLW, Pedro Galdi. (Texto continua após imagem)
Como investir
Para aplicar em ações de empresas que pagam bons dividendos, há dois caminhos: comprar diretamente o papel ou aplicar em fundos compostos por ações dessas empresas. O índice de dividendos é um parâmetro para escolher as empresas, segundo especialistas. "Selecionamos os papéis mais líquidos, com maiores dividend yields dos últimos dois anos", explica Ziegelmann. Atualmente, há 41 ações dentro desta lista.
Em relação aos fundos, os mais tradicionais são vendidos em bancos. Entre eles há dois tipos. "Existe aquele que paga o dividendo na conta do investidor, mais indicado para quem quem quer um fluxo de renda, e o que reaplica o dividendo no fundo, gerando maior rentabilidade ao longo do tempo. Acreditamos bastante nessas estratégias", diz a superintendente de fundos indexados da Itaú Asset Management, Tatiana Grecco. No mercado, hoje, há 34 fundos de dividendos disponíveis ao investidor. A aplicação mínima entre eles é de R$ 100, segundo levantamento no site "Como Investir", da Anbima.
Tatiana destaca que, além da procura pelos fundos tradicionais de dividendos, o investidor tem se interessado também pelo fundo com cotas negociadas na Bolsa, o ETF DIVO11, cuja administração está a cargo do Itaú Unibanco. "É uma boa estratégia para longo prazo, de cinco anos pelo menos. No curto prazo não é uma boa opção porque é difícil acertar a melhor hora para entrar", explica. Cada cota é negociada na faixa de R$ 32, sendo o lote padrão formado por 10 cotas.
A vantagem de aplicar via ETF é a baixa taxa de administração, de 0,5% ao ano, em geral menor do que a encontrada nos fundos tradicionais. Com o baixo custo, o ETF consegue acompanhar de perto a rentabilidade do índice de dividendos. Enquanto o índice sobe 3,2% desde 31 de janeiro, quando o ETF foi lançado, o fundo tem valorização de 3,3% - rentabilidade acumulada até 4 de setembro.
Analistas alertam, no entanto, que o risco de aplicar nesse tipo de ação é ficar atrás do desempenho médio da Bolsa. As ações boas pagadoras de dividendos costumam oscilar menos, tanto na queda quanto na alta do mercado. "Em 2009, por exemplo, quando houve uma recuperação da crise, o Ibovespa subiu 83% e o Índice de Dividendos, 55%", lembra Tatiana.
Além disso, nessa semana o governo deve anunciar um pacote de medidas para reduzir o custo da energia elétrica. "Todo mês temos uma carteira somente de dividendos. O pacote pode fazer algumas empresas perderem o charme", comenta Galdi. O analista cita como exemplo a Eletropaulo, que na revisão tarifária do setor teve sua tarifa reduzida em 2,26%, o que levou a empresa a rever seu plano de investimentos. "Deve afetar a distribuição de lucro. A Eletropaulo teve um alto dividend yield recentemente, mas por enquanto a ação fica sem o perfil para entrar na carteira", diz.
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