De repente toda a agonia do nunca mais dissipa-se no ar.Passou,
finalmente passou.Toda a necessidade excessiva de um afeto inexistente
não mais preenche as lacunas da carência que teimava em aborrecer os
sentidos, o tato, a pele. Perde-se o brilho da lembrança,da
saudade, das previsões sem rumoPerde-se a graça na espera que não chega a
lugar nenhum, na espera que limita, desnutri e que nem chega a ser de
fato uma esperança. A distância torna clara a falta de reciprocidade, de
afeto, de carinho.E daí surge outra necessidade: A de outros carinhos.
Não é mais necessária a presença de um toque frio, de um
sentimento áspero que nem ao menos tem a preocupação de informar, ou até
querer saber, se está tudo bem. O necessário agora vem com outro nome,
desejo, vontade, e também sede.Vem com outra função: não mais se tem a
descoberta, mas a cura.Vem então o descobrir de novo,e a vida mostrando
que viver o oposto pode ser ainda mais revigorante do que se prender a
uma única vertente. Porque a felicidade não precisa vir rotulada
em frascos antigos. Alegria maior é descobrir no próprio presente uma
nova forma de encarar os próprios sentimentos. Um turbilhão de novas
experiências vêm preenchendo o peito e quando se vê lá está o coração
pulsando estranho novamente. Taquicardia, saudade, suspiro, abraço
apertado, desejo. De repente o corpo inteiro começa a repetir todos
os movimentos que estiveram em coma .Os olhos começam a vibrar
novamente, as mãos entrelaçam-se e as lábios selam toda e qualquer
vontade que surge. Quando menos se espera lá estão de volta as
incógnitas sobre qual roupa escolher, qual vinho pedir, qual casa
dormir, qual presente dar. A solução dos anseios só vem quando se é
permitido uma nova chance, um novo sorriso, uma nova companhia. Vem
quando não mais há limitação de andar simplesmente sozinho...
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