Férias, merecidas férias. Mas atenção, elas estão cada vez mais atribuladas. Pode-se dizer com razão que deixaram de ser lazer para se tornarem uma espécie de obrigação, diversão desesperada, aproveite tudo já ou nunca mais.
Muita gente, muita agitação. Fila para tudo, demora, mau humor, irritação. Estacionar é um drama. Embarcar, um problema. Dez minutos de paciência para comprar uma simples garrafinha d'água. Ah, não, assim também já é demais!
Para não precisar rebolar tanto, a sugestão é aceitar que pequenos prazeres são tão - ou mais - intensos e interessantes quanto os propalados prazeres inigualáveis, de virar os olhos - que, aliás, frequentemente deixam a desejar, se revelam bem menos inacreditáveis e plenos do que apregoava o marketing.
Dou uma sugestão. Uma opção é sair por aí para observar as nuvens. Isso mesmo. Conhecia, de ouvir falar, amantes dos pássaros (com grupos organizados, turismo especializado, etc.), mas a turma da Sociedade de Apreciação das Nuvens (com mais de 2 mil membros, página na Internet e livros publicados sobre o assunto), confesso, me surpreendeu. Gente que se dedica à sutil e sossegada arte de identificar a apreciar cúmulos, nimbus e cirrus, em suas dezenas de variedades.
Claro que a beleza profunda e misteriosa das nuvens pode despertar paixões. Arquitetura movente, construção maravilhosa do impalpável. O talentoso poeta francês Charles Baudelaire reverencia nos versos finais de seu O Estrangeiro.
Ao ser indagado sobre aquilo que mais ama, o estrangeiro (que é o próprio poeta e cada um de nós, na tarefa desafiadora de viver uma vida no desconhecido) responde: "As nuvens... as nuvens que passam... lá longe."
Impossível não entender que lição de vida está contida aqui. Com força soberba, esses gigantes de vapor representam o efêmero da aparente solidez, a transitoriedade de tudo, verdadeira metáfora para o destino.
Vamos olhar para cima e apreciar essas belezas antes de sumirem no horizonte ou desabarem como cortina d'água. O espetáculo é a céu aberto e não custa nada. A diversão é boa e permite, ainda, se nos concentrarmos, abrirmos nossa imaginação, encontrar lá no alto as mais interessantes figuras - cheias de variedade e carga dramática. Quer coisa mais alto astral?
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Marina Gold
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