Como será que
o chopinho consumido no fim de semana ou a taça de vinho de todos os
dias está contribuindo para a sua saúde?
Sabe-se que o
alcoolismo é hoje um problema de saúde pública, o fato é que toda
a responsabilidade sempre foi colocada sobre aquele que chamamos de
dependente do álcool. Aquele sujeito que aos olhos da sociedade já
está doente, que tem difícil recuperação, que muitas vezes é mal
julgado moralmente. Porém, este conceito está cada vez mais ultrapassado.
Pesquisas têm
demonstrado que para o dependente já existem perspectivas de tratamento
desde que ele e sua família resolvam assumir a doença e seu tratamento.
Este texto visa
refletir sobre a ponta submersa do iceberg, aquelas pessoas que consomem
bebidas alcoólicas despreocupadamente, mas que podem potencialmente
vir a serem prejudicadas se este consumo não for controlado.
Álcool, doenças, acidentes e violência:
Pesquisas indicam
que o consumo de álcool está ligado a incêndios, afogamentos, acidentes
de trânsito, acidentes de trabalho (operação de máquinas), suicídios,
quedas, acidentes com barcos, jet-ski, assaltos, brigas, violência
doméstica e contra crianças, estupro, comportamento agressivo, nervosismo,
resfriados, risco elevado de pneumonia, doenças do fígado (cirrose),
pancreatite, tremor nas mãos, dormências, perda de memória, envelhecimento
precoce, câncer de boca e faringe, insuficiência cardíaca, anemia,
câncer de mama, úlcera gástrica, gastrite, hemorragia digestiva,
deficiência de vitaminas, diarréia, má nutrição, disfunção erétil,
risco de má formação do feto em gestantes e nascimento de filhos
com retardo mental.
Assim, o consumo
de bebidas alcoólicas de alto risco além de reduzir o tempo de vida
da pessoa, de consumir sua qualidade de vida também pode produzir acidentes
ou incidentes com lesões graves e morte!
As bebidas são
diferentes umas das outras.
Você sabe qual
a quantidade de álcool nos diferentes tipos de bebidas?
Você sabe o
que é uma dose padrão?
- 1 tulipa de chope = 350 ml = 12 g de álcool
- 1 taça de vinho = 140 ml = 12 g de álcool
- 1 dose de pinga, conhaque, uísque, etc = 40 ml = 12 g de álcool
Conclui-se que
em doses normais essas bebidas contem aproximadamente a mesma quantidade
de álcool puro.
A dose limite de baixo risco estabelecida é:
- Homem adulto com boa saúde 2 doses por dia ou 3 doses uma vez na semana;
- Mulher adulta com boa saúde e não grávida 1 dose por dia ou 2 doses uma vez na semana;
- Homem idoso saudável 1 dose por dia ou duas doses uma vez na semana.
Não se deve beber quando:
- Estiver dirigindo veículos ou operando máquinas;
- Durante a gravidez e a amamentação;
- Estiver cuidando de crianças;
- Estiver sob uso de determinados medicamentos (seu médico deve orientar);
- Em vigência de certas doenças (seu médico deve orientar);
- Você não consegue se controlar quando ingere bebidas alcoólicas;
- Estiver portando armas ou quando se é responsável pela segurança de outras pessoas.
Deve-se parar de beber quando:
- Tentou diminuir o consumo e não conseguiu;
- Sofre de tremores nas mãos pela manhã;
- Está grávida ou apresenta pressão alta ou outra doença;
- Está ingerindo medicação.
O seguinte teste
ajuda a avaliar seu consumo de bebidas alcoólicas e faz você refletir
sobre isso e se é necessário mudar.
AUDIT
– Teste para Identificação de Problemas Relacionados ao Uso de
Álcool
(Versão Auto-Aplicável)
Após responder
o questionário, faça a contagem da pontuação indicada em cada parêntesis
e, no final, calcule o total.
1. Com que freqüência você consome bebidas alcoólicas? | Nunca ( ) 0 ponto Uma vez por mês ou menos ( ) 1ponto 2-4 vezes por mês ( ) 2 2-3 vezes por semana ( ) 3 4 ou mais vezes por semana ( ) 4 |
2. Quantas doses de álcool você consome num dia normal? | 0 ou 1 ( ) 0 2 ou 3 ( ) 1 4 ou 5 ( ) 2 6 ou 7 ( ) 3 8 ou mais ( ) 4 |
3. Com que freqüência você consome cinco ou mais doses em uma única ocasião? | Nunca ( ) 0 Menos que uma vez por mês ( ) 1 Uma vez por mês ( ) 2 Uma vez por semana ( ) 3 Quase todos os dias ( ) 4 |
4. Quantas vezes ao longo dos últimos doze meses você achou que não conseguiria parar de beber uma vez tendo começado? | Nunca ( ) 0 Menos que uma vez por mês ( ) 1 Uma vez por mês ( ) 2 Uma vez por semana ( ) 3 Quase todos os dias ( ) 4 |
5. Quantas vezes ao longo dos últimos doze meses você não conseguiu fazer o que era esperado de você por causa do álcool? | Nunca ( ) 0 Menos que uma vez por mês ( ) 1 Uma vez por mês ( ) 2 Uma vez por semana ( ) 3 Quase todos os dias ( ) 4 |
6. Quantas vezes ao longo dos últimos doze meses você precisou beber pela manhã para poder se sentir bem ao longo do dia após ter bebido bastante no dia anterior? | Nunca ( ) 0 Menos que uma vez por mês ( ) 1 Uma vez por mês ( ) 2 Uma vez por semana ( ) 3 Quase todos os dias ( ) 4 |
7. Quantas vezes ao longo dos últimos doze meses você se sentiu culpado ou com remorso após ter bebido? | Nunca ( ) 0 Menos que uma vez por mês ( ) 1 Uma vez por mês ( ) 2 Uma vez por semana ( ) 3 Quase todos os dias ( ) 4 |
8. Quantas vezes ao longo dos últimos doze meses você foi incapaz de lembrar o que aconteceu devido à bebida? | Nunca ( ) 0 Menos que uma vez por mês ( ) 1 Uma vez por mês ( ) 2 Uma vez por semana ( ) 3 Quase todos os dias ( ) 4 |
9. Você já causou ferimentos ou prejuízos a você mesmo ou a outra pessoa após ter bebido? | Não ( ) 0 Sim, mas não no último ano ( ) 2 Sim, durante o último ano ( ) 4 |
10. Alguém ou algum parente, amigo ou médico, já se preocupou com o fato de você beber ou sugeriu que você parasse? | Não ( ) 0 Sim, mas não no último ano ( ) 2 Sim, durante o último ano ( ) 4 |
Interpretação:
- Menos de 7 pontos baixo risco ou abstêmios (75% das pessoas)
- De 8 a 15 pontos uso de risco
- De 16 a 19 pontos uso nocivo
- 20 pontos ou mais provável dependência (5% das pessoas)
Em caso de resultado
acima de 8 procure ajuda com um profissional de saúde para orientações
mais detalhadas.
Referências:
- PAI-PAD-HCRP-FMRP-USP – Site: www.fmrp.usp.br/paipad
- Formigoni MLOS. A intervenção breve na dependência de drogas: a experiência brasileira. São Paulo, SP, Brasil: Contexto; 1992.
- Marques ACPR. Comparação da efetividade da terapia comportamental-cognitiva breve individual e em grupo no tratamento de dependentes de álcool ou outras drogas [Thesis]. Universidade Federal de São Paulo; 1997.
- Oliveira MS. Eficácia da intervenção motivacional em dependentes do álcool /The efficacy of motivational intervention in alcohol dependents [Thesis]. Universidade Federal de São Paulo; 2000.
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