Rio -  Mania nacional, o bumbum costuma ser alvo de preocupação entre as mulheres, que sonham em abolir qualquer imperfeição nessa área do corpo. Porém, o exagero de exercícios na região glútea pode acarretar a ‘Síndrome do Bumbum Sarado’, que é mais comum em mulheres de 20 a 50 anos. Apesar de pouco conhecido, o problema é uma das principais causas de artrose em jovens.
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Valesca Popozuda não tem o problema: ela malha duas horas por dia, mas sempre com orientação profissional | Foto: Marcelo Regua / Agência O Dia
Segundo Ricon Junior, médico especialista em quadris, fazer exercícios pesados rapidamente, forçando demais glúteos e coxas, após passar o dia na posição sentada, costuma desencadear a síndrome. O problema consiste na inflamação do músculo piriforme, que vai da pelve ao glúteo.
Usar anabolizantes ou próteses de silicone nas nádegas também aumenta o risco da doença, pois a musculatura é comprimida. “Na ânsia de ganhar massa muscular ou melhorar a performance, as pessoas ultrapassam os próprios limites”, explica o médico.
Dona de um bumbum indiscutivelmente avantajado, a cantora Valesca Popozuda garante que, apesar de malhar duas horas e meia diariamente, toma cuidado para não sofrer lesões. “Não faço nada por conta própria, sigo à risca o treinamento do meu personal trainer e tenho alimentação balanceada”, afirma a artista.
Mesmo com acompanhamento de profissionais, dores constantes na virilha, nádega ou face lateral do quadril devem ser comunicadas a um especialista. Segundo Ricon Júnior, o tratamento é com fisioterapia, analgésicos, botox e, nos piores casos, massagem local e cirurgia.
Problemas nas articulações
A sobrecarga de exercícios também pode causar problemas nas articulações provocando outra doença, a Síndrome do Impacto no Quadril. Esse distúrbio costuma aparecer em pessoas que praticam corrida, tênis, futebol e algumas lutas marciais. Pode parecer rara, mas essa síndrome já acometeu personalidades como Lady Gaga, Cauã Reymond, o tenista Guga e até Pelé.

A patologia tem incidência aumentada em mulheres que malham com muita intensidade os músculos da região glútea



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Sobrecarregar os glúteos com exercícios localizados ou corrida pode levar à síndrome do piriforme
Recente pesquisa de uma rede de tratamentos corporais, realizada com 3.500 mulheres em todas as regiões do Brasil, sobre as preocupações estéticas da brasileira, mostrou que a maioria não está segura com o próprio corpo. Uma das áreas que mais incomoda é a região glútea (26%) – segundo a pesquisa, elas também querem melhorar o aspecto da barriga (69%) e dos seios (46%). Não é de se espantar, portanto, o empenho nas academias em busca do corpo sarado – especialmente para definição de abdômen e firmeza do bumbum.
Só que pessoas que exercitam excessivamente os glúteos – com musculação, exercícios localizados, corrida ou bike – podem desenvolver a “síndrome do bumbum sarado” ou, como é cientificamente conhecida, a síndrome do piriforme. Estudos apontam predominância maior de casos femininos, na proporção de seis mulheres para cada homem.
Músculo piriforme
Para entender a patologia é preciso conhecer a anatomia do piriforme, um músculo em forma de pera que faz parte de um conjunto de músculos localizados profundamente na região glútea.
“A função dele é fazer a rotação externa da coxa, além de auxiliar a abdução (abertura da coxa). Sua extensão vai da bacia até a cabeça do fêmur”, explica o neurologista Luiz Alcides Manreza, do Hospital São Luiz. Por baixo desse músculo passa o nervo ciático.
“A irritação ou a inflamação desse nervo provoca a dor na região do quadril. As causas podem ser traumas locais (cair sentado), hábitos posturais não saudáveis e sobrecarga de exercícios na região”, diz Gilbert Bang, especialista em reabilitação ortopédica e esportiva do Hospital Israelita Albert Einstein.

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Exercícios intensos ou executados de forma incorreta podem levar à dor na região do bumbum, o que exige tratamento
O médico adverte que, além da musculação executada de maneira errada ou com muito peso, a corrida (especialmente em subidas) e o ciclismo podem levar à síndrome. O implante de silicone na região glútea seria outra forma de comprimir o músculo piriforme e causar a irritação do ciático. Tratamento

A patologia tem difícil diagnóstico – talvez por isso não seja considerada tão comum. “Realizamos o exame físico, investigamos e chegamos a um diagnóstico por exclusão de outros quadros”, revela Luiz Manreza. Em relação a exames, a ressonância magnética pode auxiliar a detectar o problema.
Na fase aguda, para aliviar os sintomas da “síndrome do bumbum sarado”, os especialistas costumam prescrever relaxante muscular, analgésico e antiinflamatório.
Repouso ou diminuição da carga de exercícios também é necessário. Acupuntura e fisioterapia podem complementar o tratamento.
“Depois, é essencial que se faça um trabalho de reequilíbrio muscular e alongamento. Em casos crônicos, podemos usar até a toxina botulínica para bloquear o músculo e impedir a compressão do ciático”, explica Gilbert Bang.
Dicas

- Nos exercícios com quatro apoios, procure contrair o abdômen para não forçar a coluna ao elevar a perna
- Não exagere na carga de exercícios para os glúteos
- Passar o dia sentada e malhar muito depois aumenta as chances de se desenvolver a síndrome. Levante-se e alongue com frequência
- Atenção em caso de queda sentada, especialmente se deixar um hematoma na região glútea
- Caso a dor persista por mais de três semanas, procure um especialista em quadril
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