pesquisa da unicamp
70% das complicações na gravidez são por hipertensão Hipertensão na Gravidez
A
gravidez é um processo complicado: ocorre o crescimento de um ser
geneticamente diferente dentro do útero da mãe que, entretanto, não é
rejeitado. Isso ocorre pois existe uma série de mecanismos imunológicos
que ocorrem no interior do útero com a finalidade de proteger mãe e
filho. A placenta, componente destes mecanismos, é um tecido que faz a
conexão entre o feto e a mãe e através da qual há trocas gasosas e de
nutrientes essenciais para o desenvolvimento do feto. Entretanto, em
alguns casos, essa interação através da placenta é desastrosa,
provocando uma resposta imunológica da mãe contra os tecidos fetais.
Muitas vezes essa reação imunológica agride as paredes dos vasos
sanguíneos, provocando uma vasoconstrição. Para vencer a resistência dos
vasos contraídos, o coração é obrigado a bombear o sangue com mais
força e a pressão arterial aumenta, ocasionando a hipertensão.
A
hipertensão é a principal complicação na gravidez e a maior causa de
mortalidade materna. Define-se hipertensão na gravidez níveis
pressóricos iguais ou superiores a 140x90mmHg ou um aumento de 30mmHg e
15mmHg nas pressões sistólicas e diastólicas, respectivamente. Existem
quatro formas distintas de hipertensão que podem complicar a gravidez:
pré-eclâmpsia/eclâmpsia, hipertensão crônica, pré-eclâmpsia sobreposta à
hipertensão crônica e hipertensão gestacional.
Darei enfoque maior à primeira forma citada acima, pois é a mais comum e oferece grande risco à mulher grávida e ao feto.
Pré-eclâmpsia/eclâmpsia:
doença hipertensiva específica à gravidez humana. Neste caso, quando a
mulher engravida, sua pressão, que era normal, sobe. Terminada a
gravidez, porém, o problema desaparece. Além disso, é acompanhada por
outras características: proteinúria (perda de proteínas na urina), edema
generalizado e, às vezes, alterações da coagulação e da função
hepática. Ocorre, após o quarto ou quinto mês, e sua evolução é
imprevisível, mesmo quando a pressão está levemente elevada,
representando grande risco para a mãe e o feto. A pré-eclâmpsia pode
progredir para eclâmpsia (convulsão), que é quando a pressão aumenta
muito e, em decorrência disso, diminui o fluxo de sangue que vai para o
cérebro. A ocorrência desta forma mais grave pode ser evitada
antecipando-se o parto, ou seja, na iminência de um quadro grave, não se
espera as 40 semanas de gestação. A gravidez é interrompida e a mulher
estará curada, pois a interrupção da gravidez é considerada a única
forma de cura efetiva da pré-eclâmpsia.
Hipertensão Crônica:
este caso se refere a mulheres que apresentam hipertensão antes da
gravidez ou do quarto mês gestacional. Também pode ser considerada
hipertensão crônica o aumento de pressão diagnosticado em qualquer fase
da gravidez e que persiste além de seis semanas após o parto. A grande
maioria das mulheres com hipertensão crônica na gravidez apresenta
discreta elevação da pressão arterial e, portanto, os riscos de
complicações vasculares durante a gestação são pequenos. O grande
problema neste caso é o de desenvolver pré-eclâmpsia superajuntada, pois
pacientes com hipertensão crônica têm maiores chances de desenvolver
esta outra forma de hipertensão que pode complicar a gestação.
Pré-eclâmpsia sobreposta à hipertensão crônica:
ocorre quando a mulher é hipertensa e ainda desenvolve pré-eclâmpsia
durante a gravidez. Neste caso, o prognostico para a mãe e o feto é pior
do que qualquer uma das condições isoladamente.
Hipertensão gestacional:
é quando ocorre elevação da pressão arterial durante a gravidez ou nas
primeiras 24 horas após o parto, sem outros sinais de pré-eclâmpsia ou
hipertensão crônica.
Diante
disso, podemos perceber o quanto é importante ter um acompanhamento
médico durante toda a gestação. Várias doenças podem ocorrer durante
este período e a maioria delas pode ser evitada se for diagnosticada
precocemente, como é o caso da eclâmpsia. No Brasil, a taxa da
mortalidade materna é uma das piores do mundo, e isso se deve ao fato de
que grande parte das mulheres grávidas não faz o pré-natal
corretamente.
Nas
minhas pesquisas, encontrei também este vídeo sobre a hipertensão na
gravidez. É uma entrevista conduzida pelo Dr. Drauzio Varella, na qual o
Dr. Galleta fala sobre este assunto. O vídeo apresenta, de forma
simples, aspectos como as recomendações para as pacientes com
pré-eclâmpsia, as mulheres mais vulneráveis à hipertensão, o risco de
reincidência, características e sintomas, entre outros.
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