Elas chegaram ao comando da família, das empresas, do país. Aos homens, cabe inventar para si mesmos uma nova identidade, que permita acompanhá-las
Quando a escritora americana Betty Friedan escreveu a obra que inspirou a mulher que conhecemos hoje – independente, forte, ambiciosa –, queria dar voz a um sentimento que percebera entre os milhões de donas de casa que suspiravam de tédio nos lares americanos. Era uma infelicidade que beirava o desespero, resultado de personalidades que não cabiam apenas na função de doméstica e mãe. À ideologia que justificava o limitado papel social da mulher, Betty deu o nome de mística feminina, expressão que virou título de sua obra. Publicado em 1963, o livro The feminine mystique desencadeou a forma moderna do feminismo. Exatos 60 anos depois, todas as mulheres têm hoje um pouco de Betty Friedan. Carregam a ousadia – agora nada ousada, mas um direito – de viver seu potencial.
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Os homens foram os primeiros a sentir os reflexos dessa mudança. Não é possível ser um bom companheiro de jornada sem envolver-se com as novas circunstâncias que acompanham a vida da mulher – e sem deixar-se transformar por elas. Os homens aceitaram o desafio e estão em plena reinvenção. Mas estão confusos, perdidos, sem saber que papel lhes cabe agora. Esse diagnóstico é repetido pelos especialistas brasileiros e estrangeiros ouvidos por ÉPOCA.
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Em casa, eles nunca foram tão íntimos das tarefas domésticas. Assumiram com satisfação responsabilidades maiores na criação dos filhos. As estatísticas sugerem, porém, que a realidade ainda não é tão diferente do que foi. Grande parte das atribuições domésticas continua a cargo delas, porque a maioria dos homens ainda acha que sua única função é prover. Essa postura transparece na velha filosofia de empresas, que não adotam rotinas flexíveis, que permitam aos funcionários participar da vida da família. As pesquisas mostram que cada vez mais homens se ressentem do conflito trabalho versus vida pessoal.
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A jornada dupla feminina acontece mesmo em famílias em que a mulher é responsável pela principal fonte de renda. Influenciadas por antigos estereótipos de maternidade, muitas assumem mais responsabilidades domésticas que a jornada de trabalho permite. Querem compensar o “desconforto” causado no parceiro pela troca de papéis. Ganhar mais que eles ainda é tabu – para eles e para elas.
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A reportagem especial na edição de ÉPOCA que chega às bancas neste sábado é um levantamento do que as novas mulheres buscam no homem e dos obstáculos que eles enfrentam em sua reinvenção. Um pequeno guia que visa à compreensão mútua e às relações harmoniosas entre homens e mulheres, num espírito que o poeta Vinícius de Moraes entenderia: que nos perdoem os preguiçosos e os machistas, mas a cooperação em casa é fundamental.
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