Em
shoppings, supermercados ou parques de diversão, alguns minutos de
distração dos pais são tudo o que as crianças precisam para sumir do
campo de visão deles. Para evitar a angustiante situação de perder os
filhos de vista, foi criada a mochila-guia, chamada por alguns de
“coleira para crianças”.
Bastante utilizada nos Estados Unidos e na Europa, a
novidade vem chegando aos poucos no Brasil e causando estranheza em
algumas pessoas. “A primeira vez que vi fiquei meio chocada porque dá
uma impressão de que é um controle, de que a mãe fica vigiando”, diz a
psicopedagoga e mestre em Psicologia do Desenvolvimento Humano, Ensino e
Aprendizagem Maria Teresa Andion.
Segurança e controle
De fato, a semelhança e a comparação com coleiras usadas
em cachorros são inevitáveis. A função é parecida: a mochila-guia
impede que a criança saia de perto dos pais sem permissão e se exponha a
algum tipo de risco, como atravessar uma rua movimentada.
Apesar do benefício proposto, o produto não tem 100% de
aceitação. “Acho drástico, um item de segurança que inferioriza. Acho
que existem outros meios, como o carrinho de supermercado com
cadeirinha, por exemplo. A criança não se sente tão inferiorizada
porque, dessa forma, ela está brincando.” explica Maria Teresa.
Sem riscos à saúde
Apesar de ainda não ter muitos adeptos no Brasil, as
mochilas-guias não oferecem grandes riscos à saúde da criança, como
explica Miriam Ribeiro de F. Silveira, presidente do Departamento de
Saúde Mental da Sociedade de Pediatria de São Paulo. “É só tomar
cuidado, não colocar um objeto pesado dentro da mochila, não deixar a
criança sozinha. Se ela começar a brincar e se enroscar nas tiras, tem
que supervisionar”, exemplifica.
Apesar de ser um item polêmico, algumas pessoas veem
utilizando e aprovando a mochila-guia. “As pessoas que não concordam
falam ‘está tratando como se fosse um cachorrinho’, mas não é assim,
nada é totalmente bom ou ruim”, comenta Miriam. A mochila-guia é
recomendada em situações específicas, como quando a mãe tem mais de um
filho e precisa controlar os pequenos em espaços grandes e públicos. “O
ideal é que as crianças sejam conduzidas pela mão, mas existem
situações, como no shopping, quando a criança não tem a paciência
necessária pra aguardar a mãe olhar um livro, comprar um presente. Na
verdade, quando se sai com a criança, o melhor é que o passeio seja
direcionado para ela, em lugares como um parquinho” comenta Miriam.
Nenhum acessório de segurança substitui a conversa com
os pequenos. Mesmo quando a mochila-guia é utilizada, os pais devem
explicar à criança que o objetivo é que ela não se afaste deles.
Disciplinar a criança vai além dessas fugas. “Com a mochila, a mãe está
dando um limite espacial. Temos que pensar no limite geral da criança,
nos hábitos, em acordar e ir para a escola, tudo deve ser feito para
obedecer aos pais” comenta Maria Teresa. O uso da mochila-guia ajuda as
mães a controlar até onde vão os filhos, mas o ideal é sempre o contato
físico e a conversa.
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