Major da PM usa rádios comunitárias para estimular moradores a denunciar bandidos. Mensagens citam trechos da Bíblia e até frases do líder religioso Martin Luther King
POR Vania Cunha
Rio -
Se a fé tem o poder de unir os povos, também pode ajudar a polícia no
combate ao crime. É através dessa crença que o comandante da Unidade de
Polícia Pacificadora (UPP) da Rocinha, major PM Edson Santos, está
arrebanhando moradores para denunciar criminosos que ainda permanecem na
área, ocupada há um ano e quatro meses. Semana passada, o oficial
começou a fazer participações nas rádios da favela, onde envia aos
moradores reflexões de que a fé no divino — e no trabalho da polícia,
claro — podem transformar a comunidade.
Os frutos já começaram a ser colhidos. Sábado, a denúncia de um morador que ouviu o programa de rádio levou à prisão de um criminoso que participou da invasão ao Hotel Intercontinental, em agosto de 2010. Na casa ainda foram encontrados dois menores, quatro granadas, arma, munição e drogas.
As mensagens foram gravadas na rádio oficial do Governo do estado e
distribuídas entre as rádios comunitárias locais. Todas foram escritas
pelo major, em parceria com o cabo PM Cleiton Rego, formado em Teologia.
Os textos são curtos e foram inspirados em trechos da Bíblia e em
frases ditas por personalidades históricas, como alguns presidentes
americanos e o pastor e ativista político Martin Luther King.
“Sabemos que a fé une as pessoas e que é possível, através do que é sagrado, levar a ideia de que a união pode mudar a vida delas. A Bíblia mesmo ensina: ‘Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus. Digo, no final, que os moradores também são agentes transformadores daquela sociedade. Acho que está dando certo”, avaliou o major, que diz não seguir religião específica. “Acredito nas palavras de Jesus, que foi o grande pacificador com seus ensinamentos”.
Para o comandante, não importa a crença, e sim o ‘arrebatamento’ da população. Tanto que ele vai começar a cativar pessoas, citando as mensagens nas igrejas e outros locais de manifestação espiritual.
Experiência similar em Nova York
A polícia comunitária foi um dos itens do programa ‘Tolerância Zero’, desenvolvido pela Prefeitura de Nova York, nos Estados Unidos, que conseguiu reduzir a criminalidade em até 70%, no período de 1990 até 2012.
O modelo de gestão se baseia na estratégia de que polícia e comunidade devem trabalhar juntas para identificar, priorizar e resolver problemas como crimes, drogas, insegurança e desordens, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida da comunidade.
A expectativa é que, ao contribuir para o encaminhamento de soluções para os problemas, a polícia atrai a boa vontade e a cooperação dos moradores, além de contribuir para eliminar as sensações de insegurança.
EM 2010, PÂNICO NO INTERCONTINENTAL
O dia 20 de agosto de 2010 foi de pânico para moradores de São Conrado. Um ‘bonde’ que voltava de festa no Vidigal foi interceptado por policiais a caminho da Rocinha. Os bandidos enfrentaram a polícia num intenso confronto e invadiram o Hotel Intercontinental, onde fizeram 35 reféns.
Em setembro, a Justiça libertou sete dos nove acusados. Em janeiro, todos foram condenados por cárcere privado, sequestro, associação para o tráfico, porte de arma e resistência à prisão. O ex-chefe do tráfico, Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, ainda será julgado. Sábado, Técio Matias da Silva foi preso após denúncia de morador que ouviu a mensagem do major.
Os frutos já começaram a ser colhidos. Sábado, a denúncia de um morador que ouviu o programa de rádio levou à prisão de um criminoso que participou da invasão ao Hotel Intercontinental, em agosto de 2010. Na casa ainda foram encontrados dois menores, quatro granadas, arma, munição e drogas.
Major da PM usa rádios comunitárias para estimular moradores a denunciar bandidos | Foto: Divulgação
“Sabemos que a fé une as pessoas e que é possível, através do que é sagrado, levar a ideia de que a união pode mudar a vida delas. A Bíblia mesmo ensina: ‘Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus. Digo, no final, que os moradores também são agentes transformadores daquela sociedade. Acho que está dando certo”, avaliou o major, que diz não seguir religião específica. “Acredito nas palavras de Jesus, que foi o grande pacificador com seus ensinamentos”.
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Mensagem do comandante da UPP da Rocinha
Para o comandante, não importa a crença, e sim o ‘arrebatamento’ da população. Tanto que ele vai começar a cativar pessoas, citando as mensagens nas igrejas e outros locais de manifestação espiritual.
Experiência similar em Nova York
A polícia comunitária foi um dos itens do programa ‘Tolerância Zero’, desenvolvido pela Prefeitura de Nova York, nos Estados Unidos, que conseguiu reduzir a criminalidade em até 70%, no período de 1990 até 2012.
O modelo de gestão se baseia na estratégia de que polícia e comunidade devem trabalhar juntas para identificar, priorizar e resolver problemas como crimes, drogas, insegurança e desordens, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida da comunidade.
A expectativa é que, ao contribuir para o encaminhamento de soluções para os problemas, a polícia atrai a boa vontade e a cooperação dos moradores, além de contribuir para eliminar as sensações de insegurança.
EM 2010, PÂNICO NO INTERCONTINENTAL
O dia 20 de agosto de 2010 foi de pânico para moradores de São Conrado. Um ‘bonde’ que voltava de festa no Vidigal foi interceptado por policiais a caminho da Rocinha. Os bandidos enfrentaram a polícia num intenso confronto e invadiram o Hotel Intercontinental, onde fizeram 35 reféns.
Em setembro, a Justiça libertou sete dos nove acusados. Em janeiro, todos foram condenados por cárcere privado, sequestro, associação para o tráfico, porte de arma e resistência à prisão. O ex-chefe do tráfico, Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, ainda será julgado. Sábado, Técio Matias da Silva foi preso após denúncia de morador que ouviu a mensagem do major.
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