Para jornalista, 'ninguém quer proteger' responsável por revelar espionagem.
Snowden recebeu asilo na Rússia após vazar documentos a Greenwald.
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O jornalista Glenn Greenwald na CPI da Espionagem
no Senado (Foto: Ueslei Marcelino/Reuters)
O jornalista norte-americano Glenn Greenwald, que divulgou as ações de
espionagem dos Estados Unidos no Brasil, afirmou nesta quarta-feira (9)
que o governo brasileiro deveria dar "proteção" a Edward Snowden,
ex-colaborador da Agência de Segurança Nacional norte-americana (NSA),
se tiver interesse em obter mais informações.no Senado (Foto: Ueslei Marcelino/Reuters)
Snowden foi quem vazou dados secretos do governo norte-americano que revelam a interceptação de comunicações da Petrobras, da presidente Dilma Rousseff e do Ministério de Minas e Energia. O ex-agente está asilado na Rússia, onde vive em local secreto e com restrições de comunicação.
"Se o governo quer informações, deve proteger ele [Snowden] para que tenha liberdade para trabalhar. Ele está muito limitado para falar e corre o risco de os Estados Unidos o capturarem. Os governos estão se dizendo gratos por terem essas informações, mas não se dispõem a proteger quem passou esses dados", disse.
Edward Snowden é procurado pelos EUA e recebeu asilo político da Rússia em agosto, depois de passar mais de um mês na área de trânsito do aeroporto de Moscou.
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Washington exigiu em várias ocasiões a sua extradição. Desde que foi
asilado, Snowden não foi visto em público e, segundo seu advogado, ele
corre perigo."Quase ninguém quer proteger uma pessoa que é responsável por deixar o mundo descobrir isso [...]. Se um governo é serio defendendo liberdade e a liberdade de imprensa, precisa começar protegendo a pessoa que começou com tudo", disse Greenwald.
O jornalista foi ao Senado para falar na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga as denúncias de espionagem que atingiram o Brasil.
Greenwald também afirmou que existe uma "guerra contra o jornalismo e o processo de transparência" em países como EUA, Inglaterra, Canadá e demais aliados onde também foram identificados atos de espionagem. "Agora estou aprendendo o que os Estados Unidos está fazendo com esse sistema de espionagem para punir o processo do jornalismo", declarou.
Documentos revelados pelo Fantástico em setembro mostraram que a Agência Nacional de Segurança (NSA) obteve informações sobre a comunicação da presidente e da Petrobras. Neste domingo (6), nova reportagem mostrou documentos vazados por Edward Snonden, ex-analista da NSA, mostram que o Canadá também espionou o Ministério de Minas e Energia.
Ameaças
No depoimento, o jornalista norte-americano afirmou que está sendo “ameaçado” pelo governo dos EUA e que enfrenta “riscos” em divulgar informações secretas de seu país. Ele destacou ainda que não está retendo informações e que divulgará todos os documentos que tiver.
"Estou fazendo jornalismo com muito risco. Estou sendo sempre atacado no meu país. Estou sendo ameaçado por pessoas do meu governo. Mas continuo dizendo que continuarei fazendo jornalismo até que o último documento seja publicado. Não estou segurando documentos relevantes. Não estou escondendo informações", disse.
Durante a audiência, o senador Pedro Taques (PDT-MT) pediu que Glenn Greenwald entregue ao Senado todos os documentos que possui sobre a espionagem norte-americana envolvendo o Brasil. Ele destacou que não poderia pedir a entrega dos dados pela força, por busca e apreensão, porque o Supremo Tribunal Federal (STF) já definiu que comissões parlamentares de inquérito não possuem essa prerrogativa.
"Se ele tem informações para mais de ano, ele pode não saber o que é. Agora, essas informações que ele tem são informações que levam à prática de crimes. Queria saber se esse material pode ficar sob a guarda do Senado. Temos uma sala com segurança", disse Taques.
David Miranda, companheiro de Glenn Greenwald, respondeu ao pedido dizendo que seria um "ato de traição" a entrega de documentos secretos dos EUA ao governo brasileiro. "Estaremos entregando um documento dos Estados Unidos ao governo de outro país, e isso seria traição. Temos informações de muitos países."
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