10.11.2013

Na aliança PSB-Rede, um comportamento um tanto hipócrita e cínico

Marina e Campos
Pela primeira vez desde que anunciaram a aliança PSB-Rede Sustentabilidade sábado pp., a dupla parceira Eduardo Campos-Marina Silva esteve junta em São Paulo. Os dois almoçaram – nos Jardins -, visitaram o governador tucano Geraldo Alckmin, concederam entrevistas e reiteraram que só vão definir candidatura ao Planalto em 2014.
Agora, apertados pelos jornalistas, afinaram os discursos, responderam de forma idêntica e evitaram adiantar qual dos dois disputará o pleito no ano que vem. Reiteraram que estão em busca de “nova política”. Não é a primeira e nem a última vez que Eduardo Campos e Marina Silva afirmam que a aliança deles é programática.
Nesta semana de vigência do pacto deles, só houve um momento em que Marina se traiu: foi quando anunciou sábado passado, em Brasília, o acerto entre os dois, como uma “aliança pragmática”, para corrigir-se em seguida dizendo que é uma “aliança programática”.
Se o dizem, deve ser mesmo aliança programática…
Programática começando pela Código Florestal, alma e coração da Rede Sustentabilidade de Marina e dos ambientalistas, no qual o PSB de Eduardo Campos votou com a bancada ruralista do deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO), da senadora Kátia Abreu (ex-PSD, agora PMDB-TO); e o PT, com os ambientalistas. Eles podem, Eduardo, Marina, e seus partidos, evidentemente mudar e se associar em torno de um programa básico.
Isso é possível. Todos nós evoluímos e mudamos. Basta ver o governador e mesmo a ex-senadora com suas alianças esdrúxulas, agora com um discurso de nova política, contra o fisiologismo e as raposas da política. Só que, na prática, estão repetindo tudo o que condenam. O que eles não podem é dizer que as alianças dos outros não eram e não são programáticas.
Então o PSB, que até menos de um mês atrás estava no governo – onde ficou anos e anos -, não participou da construção do programa da Frente Brasil Popular em 1989? Seus dirigentes, que participaram daquela construção, eram clones e/ou fantasmas? O PSB não participou da construção do programa de governo do presidente Lula em 2006 e do da presidenta Dilma Rousseff em 2010?
Eduardo e Marina, ministros da administração Lula, sim…
Então, estes dois novos parceiros não governaram e participaram como ministros dos governos Lula, ele como titular do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação, ela como ministra do Meio Ambiente? Então, Marina Silva esteve no PT durante 25 anos (filiada e cumprindo mandatos pelo partido) com base em programas publicamente construídos com sua participação e da sociedade organizada?
Claro que participaram. Eduardo e Marina, ministros da administração Lula, sim… Suas atuais declarações simplesmente só comprovam como estão agindo no vale tudo da política, que chancelam com um comportamento um tanto hipócrita e cínico.
(Foto: João Cruz/ABr)
2 Comentários
  1. Sergio Uliano says:
    Parabens pelo texto companheiro. O Sr. Campos, Marina e seus patrocinadores estão jogando na tão propalada falta de memória do povo
    Poristo devemos lembrar sempre: com o impedimento de Collor em 92 Roberto Marinho Disse: “Nossa fonte secou. Temos que buscar um candidato do lado de lá” e buscaram FHC.
    Agora as mesmas elites dominadoras estão investindo em dois ex ministros de Lula. Veja que isto também demonstra o êxito dos governos liderados pelo PT..
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  2. Pedro says:
    Rigotto fez um discurso parecido quando afirmou que iria apasiguar o Rio Grande ( RS ) ou seja , poria um fim na briga entre britistas e petistas e que representava a nova politica e acabou se elegendo. Esse discurso da Marina que temos que acabar com a hegemonia do PT e do PSDB e’ hipocrita mas pode convencer assim como Rigotto convenceu.
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