10.08.2013

'Por pouco a Câmara não foi incendiada'

Casa legislativa foi atacada por cerca de 400 black blocs durante protesto nesta segunda à noite.

Alessandro Lo-Bianco e Maria Inez Magalhães
Rio - Presidente da Câmara Municipal, o vereador Jorge Felippe (PMDB) comentou nesta terça-feira os ataques sofridos pela Casa durante os atos de vandalismo desta segunda à noite. De acordo com ele, o Palácio Pedro Ernesto, na Cinelândia, foi atacado por cerca de 400 black blocs que tentaram ainda incendiar a sala do cerimonial e o gabinete da Coordenadoria Militar de Segurança.
De acordo com o vereador Jorge Fellipe, 400 black blocs atacaram a Câmara
Foto:  Carlos Moraes / Agência O Dia
"Por pouco a Câmara não foi toda incendiada. Tentaram a todo custo invadir o prédio, que foi gloriosamente defendido pela segurança da Casa e guarda municipal. Não atribuo esses atos aos profissionais da educação, que já fizeram outras manifestações de forma pacífica", disse Felippe, que pediu apoio ao comandante-geral da PM, José Luiz Castro Menezes, por volta das 19h30. "No momento de maior confronto solicitei reforço para manter a integridade da Casa".
Os trabalhos foram cancelados nesta terça-feira para realização de perícia e avaliação dos danos. No chão do predio podem ser vistos objetos como bolas de gude, pedras portuguesas e extintores de incêndio, que foram atirados pelos radicais.
Após protesto, Câmara amanheceu com a fachada pichada
Foto:  Carlos Moraes / Agência O Dia
Segundo o presidente do legislativo municipal, os vândalos se organizaram para tentar dificultar a ação da PM. "A ação dos black blocs foi dispersa. Eles atuaram em várias partes da cidade simultaneamente. Isso acabou desarticulando um pouco o controle da polícia", afirmou Felippe, que ainda comentou a aprovação do novo Plano de Cargos e Salários na Câmara, que gerou revolta dos profissionais de educação.
"Eles (professores) querem salário equivalente aos ministros do STF. Por mais que mereçam, a cidade do Rio não tem dinheiro para pagar o que a categoria pede", destacou.
Rastro de destruição no Centro assusta e comerciantes contabilizam prejuízos
A região do Centro amanheceu com sinais de destruição na manhã desta terça-feira após o protesto realizado na noite desta segunda. Apenas na Avenida Rio Branco, 23 agências bancárias foram depredadas nos atos de vandalismo. Caixas eletrônicos foram depredados e vidros e portas quebradas. Na manhã desta terça, garis tentam remover as pichações na Câmara Municipal e funcionários de bancos, lojas e até bancas de jornal contabilizam os prejuízos.
Vândalos queimaram caixas eletrônicos
Foto:  Osvaldo Praddo / Agência O Dia
Quem chegava ao trabalho nesta manhã se mostrava chocado com o rastro de destruição deixado por vândalos que participaram do protesto. O administrador de empresas João Fausto, de 40 anos, foi até uma agência do Banco do Brasil na Avenida Treze de Maio, onde apenas um, dos 10 caixas eletrônicos, funcionava.
"As pessoas têm direito de se manifestar, mas não podem quebrar o patrimônio privado. Fiquei chocado hoje (terça) de manha quando cheguei no Centro e vi toda essa depredação", disse.
Em algumas agências era possível ler mensagens deixadas pelos vândalos como "CV poder do povo" e "o banco quebra o povo". A agência empresarial do Sebrae, Cora Duarte, de 24 anos, fotografava os estragos. "Não concordo com esse tipo de manifestação. Temos o direito de reivindicar, mas não dessa forma", afirmou.
Depredação prejudica volta para casa
Uma loja de operadora de celular que fica no térreo do prédio sede do Consulado de Angola foi destruída e furtada. Durante o protesto, um ônibus foi incendiado na Rua Santa Luzia e passageiros de diversos coletivos, colocados para fora. Radicais tentaram atear fogo em veículos.
A depredação prejudicou centenas de pessoas que queriam voltar para casa. "Quero ir para a Ilha do Governador e não consigo", contou a promotora de eventos Viviane Mendes Ribeiro, de 24 anos.
Ato termina em destruição
Por volta das 20h, grupos de radicais encapuzados do grupo Black Bloc iniciaram depredações em ruas próximo à Câmara dos Vereadores, na Cinelândia. O prédio Pedro Ernesto foi pichado e as vidraças quebradas. Um ônibus foi incendiado na Rua Santa Luzia e passageiros de diversos coletivos, colocados para fora. Radicais tentaram atear fogo em veículos.
Agência bancária é periciada
Foto:  Carlos Moraes / Agência O Dia
Mais cedo, Tribunal de Justiça negou recurso dos professores municipais contra a liminar que determinou o retorno às salas de aula. Por maioria de votos, o Órgão Especial do TJ negou pedido do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio (Sepe-RJ).
A Prefeitura do Rio está autorizada a descontar os dias parados dos grevistas. O corte do ponto poderá ser retroativo a 3 de setembro, data em que o sindicato foi intimado da liminar que os obrigou a retornar, sob multa diária de R$ 200 mil.
Na rua do Quartel da PM
PMs que estavam dentro do prédio da Câmara montaram barreira para evitar a entrada dos radicais. Coquetéis molotovs foram lançados na Casa. Policiais do Batalhão de Choque reagiram lançando bombas de gás. Mesmo com os tapumes, agências bancárias foram quebradas e pontos de ônibus depredados. A 50 metros da entrada principal do Quartel General da PM, grupo se concentrou em um bar e atirou coquetéis molotovs na rua, segundo policiais que estavam no QG. O Batalhão de Choque interveio para impedir a aproximação.
Manifestantes tentaram invadir a Câmara dos Vereadores nesta segunda à noite
Foto:  Agência Brasil
Manifestantes fizeram barricadas de lixo e atearam fogo, além de lançar fogos de artifício. Outros retiraram tapumes para usar no confronto com os PMs. Bancas de jornal e lojas foram atacadas. Da Cinelândia, manifestantes seguiram pelo Aterro do Flamengo e em direção ao Bairro de Fátima. Assustados, motoristas fizeram contramão para tentar fugir. A Câmara Municipal não abrirá nesta terça-feira para passar por perícia policial.

Um comentário:

Anônimo disse...

Essa quadrilha de garotos (black boc)
já está passando dos limites. Se são tão valentes e corajosos porque não agem só com grupo deles, ao invés de pegar carona no movimento pacifico, como é este dos professores?