10.14.2013

Gordura abdominal pode ser fator de risco para demência

  • Pesquisa aponta que pessoas com excesso de gordura na barriga são quatro vezes mais propensas a desenvolver perda de memória na velhice
  • Cientistas afirmam que descoberta pode levar a uma vacina para melhorar as habilidades cognitivas de quem sofre da doença

O GLOBO


Pessoas com excesso de gordura na barriga têm quatro vezes mais risco de desenvolver demência na velhice
Foto: Gustavo Stephan / Agência O Globo

Pessoas com excesso de gordura na barriga têm quatro vezes mais risco de desenvolver demência na velhice Gustavo Stephan / Agência O Globo
CHICAGO - Cientistas do Centro Médico da Universidade de Rush, em Chicago, em parceria com o Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos, descobriram mais um motivo para o combate à gordura abdominal. Além dos problemas já conhecidos relacionados ao excesso de peso, estudo publicado na revista “Cell Reports“ aponta que pessoas com barriga avantajada são quatro vezes mais propensas a desenvolver perda de memória e demência na velhice.


A descoberta relacionou a gordura no abdômen com o baixo nível de uma proteína chamada PPAR alpha no cérebro e no fígado. Além de controlar o metabolismo da gordura, essa proteína também atua no funcionamento da memória e da aprendizagem.
O baixo nível de PPAR alpha no fígado já era ligado ao sobrepeso por pesquisas anteriores, mas agora os cientistas conseguiram detectar baixos níveis da proteína também no cérebro, o que, segundo o estudo, pode levar ao desenvolvimento de uma vacina para melhorar a aprendizagem e a memória em pessoas com demência.
- Nós precisamos entender melhor como a gordura está ligada à memória e à aprendizagem para que possamos desenvolver um tratamento eficaz que proteja essas funções no cérebro - disse Kalipada Pahan, da Universidade de Rush ao diário britânico “Daily Mail“.
A PPAR alpha faz parte de um grupo de proteínas receptoras nucleares que regulam a expressão dos genes, tendo papel essencial na metabolização dos carboidratos e lipídios, por exemplo. No cérebro, a proteína atua diretamente no hipocampo, considerado o centro da memória.
Segundo Pahan, os testes iniciais em camundongos mostraram que injeções da proteína tiveram efeito direto sobre a aprendizagem e a memória, mas outras pesquisas ainda são necessárias:
- Enquanto camundongos deficientes de PPAR alpha são fracos em aprendizagem e memória, a injeção da proteína no hipocampo se mostrou capaz de melhorar essas funções - afirmou. - Mais pesquisas devem ser realizadas para sabemos como poderíamos manter a taxa de PPAR alpha normal no cérebro, a fim de ser atuar com uma proteção da memória.
Pesquisas anteriores sugeriram que o tabagismo passivo, a apneia do sono, o excesso de bebidas e drogas, a diabetes tipo 2 e as doenças cardíacas também podem aumentar o risco de demência.
Segundo relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) de 2012, mais de 35 milhões de pessoas sofrem de demência em todo o mundo. O mal de Alzheimer é a manifestação mais comum da doença, sendo responsável por cerca de 70% dos casos. A estimativa da organização é que, até 2030, 65,7 milhões sofram com demência no mundo, número que pode chegar a 115,4 milhões de pessoas até 2050.

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