Ativistas invadiram laboratório de pesquisa em São Roque nesta sexta (18).
Empresa alega que realiza testes dentro de normas e exigências da Anvisa.
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Em boletim de ocorrência de maus-tratos, ativista fala
sobre denúncia de que animais seriam mortos dentro
do prédio do instituto (Foto: Letícia Macedo/G1)
sobre denúncia de que animais seriam mortos dentro
do prédio do instituto (Foto: Letícia Macedo/G1)
Ao Bom Dia São Paulo, o Instituto Royal afirmou que realiza todos os testes com animais dentro das normas e exigências da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e que a retirada dos animais do prédio prejudica o trabalho que vinha sendo realizado. Segundo o laboratório, que classificou a invasão como ato de terrorismo, a ação dos ativistas vai contra o incentivo a pesquisas no país.
Em 2012, apos receber uma denúncia contra o Instituto Royal, o Ministério Público de São Roque abriu uma investigação, ainda não concluída. "Foram feitas duas visitas. Uma delas por uma veterinária de uma organização internacional. Na época, nenhuma irregularidade foi encontrada", disse o promotor Wilson Velasco Júnior.
De acordo com ele, as pesquisas eram de empresas de cosméticos, mas a lei permite que os clientes do laboratório sejam mantidos em sigilo. Velasco Júnior afirma que a prática de vivissecção – a dissecação de animais vivos para estudos – é autorizada.
Boletim de ocorrência
De acordo com o delegado Marcelo Sampaio Pontes, foram lavrados na manhã desta sexta dois boletins de ocorrência. O primeiro deles é por maus-tratos, em que uma integrante do Movimento Frente Antivivisseccionista do Brasil afirma que foram ouvidos "vários gritos de cães" no local, que indicavam que "indicavam que os animais estavam sendo submetidos a tratamentos cruéis" e que "sentiam muita dor". Segundo ela, os gritos dos cães eram ouvidos quatro vezes ao dia.
O segundo boletim de ocorrência é de furto qualificado, com base no relato dos policiais que acompanharam a manifestação e a invasão no instituto. Segundo eles, ao chegarem no local o prédio já havia sido invadido por cerca de 30 pessoas. Em seguida, outras 50 entraram. Os policiais disseram que dependências do estabelecimento foram depredadas e que cães ali mantidos foram subtraídos. Eles afirmaram ainda que não houve agressões por parte dos manifestantes contra seguranças do local.
A patrulha afirmou ainda ao delegado que "várias pastas contendo documentos, bem como computadores medicamentos e placas de acrílico contendo o que parecem ser testes foram recolhidos e apresentados pelos policiais". Um advogado e representante do Instituto Royal acompanhou o registro do boletim.
Segundo o delegado Pontes, a polícia faz uma perícia no local ainda pela manhã. Ele disse que a única coisa comprovada até o momento é que os cachorros foram furtados.
Cães dentro do laboratório de São Roque que foi
invadido na madrugada (Foto: Reprodução/TV Tem)
invadido na madrugada (Foto: Reprodução/TV Tem)
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Mais de 200 animaisManifestantes disseram que o laboratório tinha mais de 200 animais. O protesto que reuniu cerca de 120 pessoas no local teve início às 20h de quinta, ganhando maior adesão no fim da noite. Os ativistas ficaram em frente ao prédio durante a madrugada, quando houve a invasão.
Segundo relatos dos ativistas, foi possível ouvir latidos supostamente de dor de cães. No fim da noite de quinta, a Polícia Civil de São Roque informou que registrou boletim de ocorrência sobre a denúncia de maus-tratos.
O protesto acontece desde sábado (12), mas ganhou adesões nesta quinta por causa de boatos de que a empresa estava preparando a retirada e o sacrifício dos animais, depois que três vans e um caminhão de pequeno porte entraram no laboratório durante a tarde. Os manifestantes cercaram o complexo e tentaram vistoriar veículos do laboratório. Houve um princípio de confusão porque um dos motoristas da empresa se negou a abrir o carro.
Uma reunião estava marcada para o fim da tarde de quinta-feira, com a presença de ativistas dos direitos dos animais, funcionários da prefeitura e representantes do laboratório. O encontro foi cancelado porque a empresa informou que, por segurança, não mandaria um representante.
O promotor Wilson Velasco Júnior afirmou que, em reunião com representantes de ONGs na quarta-feira (16), orientou para que os ativistas não invadissem o laboratório. "Quando eles invadiram e depredaram o laboratório eles destruíram provas", afirmou. "É primordial neste momento encontrar esses cães e apurar se eles podem causar algum dano à saúde de outros animais e das pessoas. Também precisamos examiná-los para saber se foram vitimas de maus tratos", completou o promotor.
Nota de esclarecimento
A empresa Royal Canin, multinacional de origem francesa que fabrica alimentos para animais domésticos, divulgou uma nota na manhã desta sexta-feira (18) informando que, apesar da similaridade entre os nomes das duas empresas, não possui qualquer relação com o Instituto Royal.
Veja a nota na íntegra:
A Royal Canin do Brasil esclarece que NÃO TEM NENHUM VÍNCULO com o Instituto Royal que vem sendo apontado como realizador de pesquisas invasivas em animais (cães beagles). Acreditamos que a associação feita por algumas pessoas deva-se ao fato da similaridade de nomes.
Não realizamos e nem apoiamos testes que possam trazer sofrimentos aos animais.
A Royal Canin do Brasil, ainda em 2012, quando este assunto veio à tona, tomou todas as medidas legais cabíveis, junto a Promotoria de Justiça do GECAP - Grupo de Atuação Especial de Combate aos Crimes Ambientais e de Parcelamento Irregular do Solo da Comarca de São Paulo - SP, para assegurar e comprovar a inexistência de qualquer relação entre a empresa e o referido Instituto.
A Royal Canin, empresa fundada em 1968, na França, e instalada no Brasil desde 1990, fica à disposição através dos canais de atendimento:
SAC: 0800 703 55 88 (de segunda à sexta-feira, das 08:00h às 17:00h)
SAC Site: http://cadastro.royalcanin.com.br
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