RIO - O clima foi de festa, a torcida aprovou o placar, mas o
Itaquerão apresentou vários problemas (mesmo que pontuais) no grande
teste. Além da vitória brasileira, aplausos para o gramado, o transporte
público e o bloqueio para conferir os ingressos. Na lista de falhas,
destaque para um apagão em parte dos refletores, a falta de comida nos
bares, que não foram testados em nenhum dos eventos da Fifa. Até nas
tendas dos patrocinadores, na área externa, houve problemas com a
alimentação. Além disso, teve gente que driblou a proibição de entrar
com faixas e pessoas vendo o jogo de pé. E o público circulava com
cervejas em garrafa. — Cheguei às 10h do Rio, peguei meu ingresso
no Ibirapuera, e segui para o Itaquerão. Cheguei morrendo de fome e,
mesmo sendo o primeiro da fila do bar, quando abriu, não tinha comida. O
cara disse que houve um problema, mas não explicou porque não tinha
comida — contou Henrique Bastos, que só conseguiu comprar um sanduíche
frio às 18h30m. Ele estava na arquibancada provisória Sul e
lamentou que o serviço tenha sido ruim. Sua mulher, Marcele Ramos, disse
que só conseguiu comprar um salgadinho porque uma atendente saiu
correndo, pegou o pacotinho de um bar próximo que tinha acabado de ser
reabastecido, e vendeu a ela. — Fui várias vezes atrás de comida, e nada — reclamou Marcele, que pagou R$ 440 pelo ingresso. Segundo
funcionários, a comida que chegava ao estádio tinha de passar pelo
controle de segurança, retardando a distribuição para os bares. Vários
deles funcionaram abaixo da capacidade de funcionários e ofereceram
apenas chocolates e refrigerantes.
A
falta de comida foi um dos problemas graves. Mas também teve gente que
ficou sem assento. Torcedores da fileira N do setor 423 se surpreenderam
ao perceber que naquele degrau não havia cadeiras, apesar de integrar a
“categoria 1", a mais cara das arquibancadas. Cada ingresso custou R$
990. Sem cadeiras, teve gente que se sentou no chão. De acordo
com a Fifa, esses lugares não deveriam ser vendidos, e a organização
conseguiu realocar os torcedores em outras cadeiras da mesma categoria
ainda antes do início do jogo. CERVEJA DE GARRAFA A
venda de cerveja em garrafa também fugiu às regras de qualquer estádio,
onde só são permitidas latas. O problema nos refletores, já com o jogo
iniciado e dia ainda claro, foi corrigido antes que anoitecesse. Outros
setores do estádio também apresentaram oscilações no fornecimento de
energia: os lounges e o setor destinado aos chefes de Estado tiveram
rápidas quedas na iluminação. Além disso, a loja oficial da Fifa ficou
fechada o tempo todo. O sinal wi-fi também deixou a desejar. Na
área para a imprensa, as lanchonetes também não deram conta. E os
banheiros tinham cheiro ruim. Um grupo de 16 jornalistas ficou preso por
mais de 15 minutos no elevador 8. — Esses trancos são normais.
Esse elevador está assim desde ontem. Mas não tinha parado — disse
Giovana Paola Gomes, a ascensorista. Os elevadores que atenderam
setores VIP também apresentaram problemas. O maior deles foi não
conseguir dar conta do fluxo de pessoas, formando imensas filas. Alguns
convidados precisaram subir vários andares de escadas.
Desde
a abertura dos portões, os 62.600 torcedores que chegaram encontraram
muita confusão na distribuição de setores. Sem divisões claras, a área
VIP, os lounges e a área de mídia apresentaram porblemas no campo da
identificação, que, em muitos casos, permitiu o trânsito livre de
torcedores pelos setores, com ocasionais checagens de credenciais por
parte dos seguranças. O acesso do público, no entanto, aconteceu
sem tumultos, e as filas estavam organizadas. As arquibancadas
provisórias, que ficam atrás dos gols, também funcionaram bem. O setor
norte causava maior preocupação, já que foi o último a ser liberado
pelos órgãos de segurança de São Paulo. - Perto do que enfrentei
no momento da abertura dos portões, até que agora está sendo fácil -
afirmou o segurança Marcos Sacramento, que se esforçava para orientar a
movimentação dos torcedores no estádio. Na zona de exclusão comercial, cambistas agiam a poucos metros dos policiais.
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