Corpo de militante sumido na ditadura está na cabeceira da pista, diz militar.
Comissão Nacional da Verdade apresentou depoimento nesta segunda.
Membros
da Comissão Nacional da Verdade se reuniram no Arquivo Nacional, no
Centro, para exibir os resultados das investigações do caso do
desaparecimento de Stuart Angel (Foto: Alessandro Costa / Agência O Dia /
Estadão Conteúdo )
A Comissão Nacional da Verdade (CNV) apresentou nesta segunda-feira
(9), no auditório do Arquivo Nacional, no Centro do Rio, o depoimento do
capitão reformado da Aeronáutica, Álvaro de Oliveira Filho. O militar
revelou que o corpo do militante político Stuart Angel Jones,
desaparecido durante a ditadura em 1971, teria sido enterrado na pista
da Base Aérea de Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio. A comissão informou
que pedirá escavações na cabeceira da pista onde, segundo o capitão, o
corpo foi enterrado e convocará oficiais que trabalhavam no local há 43
anos.
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A Comissão da Verdade informou que além de ouvir depoimentos e recolher
documentos foi feita uma pesquisa com diligência pericial de
reconhecimento da Base Aérea do Galeão, local onde Stuart Angel teria
morrido. De acordo com a CNV, a base é a quinta estrutura que foi usada
pelas forças de repressão como local de prisão, tortura e morte durante a
ditadura militar no país.- Relatório da CNV indica que políticos sabiam de atentado ao Riocentro
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“E nós acreditamos que essa tese de ocultação de cadáver na Base Aérea de Santa Cruz é uma tese muito consistente e nós aprofundaremos as investigações de todas as formas que tiverem dentro da competência da Comissão da verdade nos próximos meses, no trabalho da comissão”, disse André Sabóia.
Dignidade através da verdade, diz irmã
Stuart era filho da figurinista e estilista Zuleika Angel Jones, conhecida como Zuzu Angel, e do americano Norman Jones. No fim dos anos 1960 e início dos 1970, se integrou ao grupo socialista MR-8, que fazia a luta armada contra o regime militar. Foi preso, torturado e morto por membros do Centro de Informações de Segurança da Aeronáutica (Cisa) em 14 de junho de 1971, aos 25 anos. Mesmo fim teve sua mulher, a também militante e guerrilheira Sônia Morais Jones, morta dois anos depois e igualmente dada como desaparecida.
Durante anos, Zuzu lutou para esclarecer o caso, mas morreu sem saber o paradeiro do filho.
As revelações emocionaram a irmã de Stuart, Hildegard Angel. “O impacto da dignidade. Um país sem história não é um país digno. O impacto da dignidade. Um país sem história não é uma pátria. Temos que ser uma pátria, honrada e digna. A dignidade só vem através da verdade. Temos que dar aos nossos heróis, aos nossos mártires, a honra da sua verdadeira história”, disse.
O Comando da Aeronáutica disse que ainda não foi informado oficialmente sobre o assunto, mas que a busca pela verdade é um compromisso da instituição. E que atende de forma responsável e cooperativa aos pedidos da Comissão Nacional da Verdade.
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