Pesquisas alimentam a esperança de que a planta do Oriente previna (e ataque) tumores no ovário, na mama, no cérebro e no fígado. Com o seu extrato por perto, as células malignas se autodestroem
Duda Teixeira | Foto: Dercílio
A ginkgo biloba foi a primeira planta a brotar após a destruição provocada pela bomba atômica na cidade de Hiroshima, no Japão e é famosa por suas façanhas. O extrato obtido de suas folhas comprovadamente reduz as tonturas, refresca a memória, alivia as dores nas pernas e nos braços e acaba com o zumbido no ouvido. Por tudo isso ela arrebanhou uma vasta clientela, composta na maior parte por idosos. Mas suspeita-se que o poder dessa planta de folhas de formato de leque vá além. Estudos realizados em laboratório e com seres humanos sugerem sua capacidade de prevenir e atacar tumores - mais um importante item que se acrescenta ao seu currículo.
A
maneira como a ginkgo e seus componentes agem em escala celular ainda
não foi totalmente decifrada, mas há algumas hipóteses. "Talvez a planta
esteja envolvida com a habilidade do organismo de causar apoptose, a
morte programada de células defeituosas", diz Daniel Cramer, diretor de
Obstetrícia e Ginecologia Epidemiológica do Brigham and Women`s
Hospital, ligado à Escola Médica Harvard, nos Estados Unidos.
Outras
estratégias descritas em diferentes trabalhos são sua habilidade para
inibir os vasos que alimentam o câncer e sua capacidade de evitar danos
ao DNA. Esses efeitos são obtidos por meio da ação de duas substâncias,
os terpenóides e os bioflavonóides. Os primeiros viraram objeto de
estudo mais recentemente. Os bioflavonóides, contudo, são conhecidos de
longa data. Agem como antioxidantes, combatendo os radicais livres e
impedindo o envelhecimento. Ambos fazem parte do mesmo extrato, o EGb
761 matéria-prima dos comprimidos vendidos em farmácias.
O
comprimido de ginkgo biloba desencadeia diversas reações que vão desde
os pés até os ouvidos. Os vasos sangüíneos se dilatam e o sangue fica
menos viscoso (mais "fino", como se diz). Assim, corre mais rápido, com
mais facilidade, e alcança melhor os lugares mais distantes do coração. O
labirinto, estrutura que pertence ao ouvido, passa a ser mais bem
irrigado e oxigenado, o que ajuda a acabar com tonturas e zumbidos. As
áreas do cérebro responsáveis pela memória e pelo raciocínio ficam mais
despertas. O fluxo mais intenso também acaba com as dores nos braços e
nas pernas, comuns na terceira idade.
Efeitos colaterais
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