Empresários de Brasil,
Rússia, Índia, China e África do Sul querem o uso das moedas locais
desses países nas transações entre si, sem a necessidade de conversão
para outra moeda, como o dólar, e depois para a moeda local, gerando
perdas. A proposta, feita pelos brasileiros, foi apresentada em reunião
nesta segunda-feira (14), em Fortaleza, para discutir maneiras de
fortalecer a integração econômica e intensificar investimentos entre
eles.
O encontro empresarial dá início à sexta
cúpula do Brics, grupo formado por essas cinco economias emergentes. A
ideia é aproveitar a aliança política dos países membros do bloco,
formalizado em 2009, para emplacar uma agenda econômica prática.
A primeira ação do grupo de empresários será encaminhar aos chefes de
estado dos cinco países um relatório, com propostas e conclusões tomadas
após um ano de diálogo. Segundo Robson Braga de Andrade, presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria), a proposta de uso de moeda local visa reduzir custos de transação. "Uma iniciativa importante seria realizar a troca direta de moeda entre os países do Brics, algo que diminuiria os custos de transação e facilitaria a negociação entre os países associados. Em um eventual negócio poderíamos trocar yuan por rubros, ou reais por rand sul-africanos, por exemplo. Reduziria custos e aumentaria o rol de influência entre os países", afirmou Andrade.
Facilitar a emissão de vistos para empresários dos países do bloco também é uma recomendação do grupo empresarial dos cinco países, e a padronização de normas técnicas, também.
BANCO
Os empresários confiam na criação do Banco de Desenvolvimento dos Brics, que será oficializado nesta cúpula, para facilitar comércio, negócios e investimentos e o uso das moedas locais nas operações. "O banco seria responsável pelo dinheiro transacionado. Isso seria fundamental, por exemplo, para o estabelecimento de empresas brasileiras no exterior", disse Andrade.
A instituição terá foco no financiamento de infraestrutura e desenvolvimento sustentável em países em desenvolvimento, não apenas membros dos Brics. O capital inicial do banco será de US$ 50 bilhões, que pode ser ampliado para US$ 100 bilhões. A posição majoritária é de divisão igualitária do capital, mas a China faz pressão para ter mais participação do que seus parceiros de bloco.
CHINA
Sobre a postura da China como um competidor desleal, com produtos manufaturados a preços inferiores aos de mercado, Andrade afirmou que sempre houve reclamação entre empresários brasileiros em relação aos produtos chineses, mas que há mudanças em curso.
A China está sim "muito à frente" do Brasil no quesito infraestrutura, afirma Andrade, o que é uma grande vantagem competitiva para eles. Mas está competindo agora dentro de um ambiente diferente, mais enquadrado em questões trabalhistas e ambientais.
"Cada país tem suas especificações que acabam gerando reclamação do empresariado. A China agora, por exemplo, enfrenta questões trabalhistas e ambientais e vai aprender a conviver com este tipo de ambiente e pressão. Por outro lado, eles estão à frente nas questões de infraestrutura, enquanto a nossa ainda não é a mais adequada", afirma o presidente da CNI.
Segundo ele, é possível também avançar na relação sobre barreiras técnicas, padronizando normas entre os países. "Reuniões deste tipo sempre avançam sobre mecanismos de formalização. Questões que permitam melhorar a relação e moldar as barreiras técnicas de cada país."
NEGÓCIOS
Pela estimativa da CNI (Confederação Nacional da Indústria), representantes de 602 empresas vão tentar colocar em prática negócios com potencial de movimentar US$ 3,9 bilhões. Do Brasil, estão presentes representantes de empresas como Banco do Brasil, Vale, Gerdau, BRF, Marcopolo, entre outras. Há muitas áreas de interesse dos empresários presentes - agronegócio, infraestrutura, logística, transporte, energia e economia verde
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