Jairo Bouer
Duas
pesquisas recentes contrariam a ideia de que beber moderadamente faz
bem ao coração. De acordo com eles, consumir duas taças de vinho por
dia, algo que é até recomendado por alguns médicos, pode ser prejudicial
à saúde.
Um dos trabalhos, publicado no
British Medical Journal, mostrou que beber menos reduz o risco de
doenças do coração e diminui a pressão arterial. Segundo o autor do
estudo, o professor Juan Casas, da London School of Hygiene and Tropical
Medicine, no Reino Unido, ainda que uma pessoa beba pouco ela pode ter
benefícios se diminuir a quantidade consumida.
A
equipe avaliou estudos que envolvem dados de 260 mil pessoas. Como
muita gente não conta para médicos ou cientistas quanto bebeu de
verdade, o grupo resolveu se concentrar naqueles que, por razões
biológicas, não conseguem exagerar no álcool. Essas pessoas, que
representam 7% da população, possuem uma variante genética que gera
sensibilidade à bebida. Pelos resultados, essa população tem 10% menos
risco de sofrer do coração.
O segundo
estudo, publicado nesta segunda-feira (14) pelo Journal of American
College of Cardiology, revela que, mesmo com moderação, o consumo de
vinho e bebidas destiladas pode ser um risco para fibrilação atrial, um
tipo de arritmia cardíaca que pode resultar em acidente vascular
cerebral e insuficiência cardíaca.
Pesquisadores
suecos estudaram mais de 79 mil adultos, com idades entre 45 e 83 anos,
que foram acompanhados por 12 anos. Foram encontrados mais de 7 mil
casos de fibrilação atrial. A análise mostrou que o risco do problema
aumentou 8% a cada drinque adicional por dia.
A
pesquisa, no entanto, não identificou um risco semelhante para o
consumo moderado de cerveja. Segundo a autora principal, Susanna
Larsson, do Instituto Karolinska, em Estocolmo, não há explicação para
isso. Mas ela supõe que o motivo esteja na frequência do consumo. Se a
pessoa beber quantidades maiores em poucos dias da semana o risco de
fibrilação atrial é maior do que se ela beber um pouco todos os dias.
Ela também observa que mais estudos são necessários para estabelecer a
relação entre o problema e o consumo de álcool.
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