Dois americanos e um alemão desenvolveram técnicas de alta resolução.
Inventos permitem observar moléculas dentro de células vivas.
Ganhadores do Nobel de Química de 2014 (Foto: Reprodução/Real Academia de Ciências da Suécia)
Por décadas os cientistas assumiam que os microscópios ópticos teriam um limite de capacidade: eles nunca teriam resolução maior que metade do comprimento das ondas de luz. Com isso, era possível observar uma bactéria, mas não um vírus em detalhes, por exemplo.
O trio laureado desenvolveu técnicas que aumentaram consideravelmente a capacidade de observação de processos em seres vivos enquanto eles acontecem -- em nível molecular. Assim, se hoje os pesquisadores são capazes, por exemplo, de enxergar como um neurônio faz a sinapse (comunicação) com outra célula neural, isso se deve ao trabalho dos premiados desta quarta.
Um dos métodos desenvolvidos é o chamado STED, apresentado por Stefan Hell em 2000. Ele usa dois raios laser: um estimula moléculas fluorescentes a brilhar, e outro "apaga" toda a fluorescência que aparece fora do local que se deseja observar. Um escaneamento das moléculas tornadas brilhantes pelo laser resulta em uma imagem de altíssima resolução.
Eric Betzig e William Moerner, que trabalharam separadamente, criaram as bases para outra metodologia, que se baseia em "ligar" e "desligar" a fluorescência de moléculas individuais e fazer diversas imagens com cada uma delas "acesa" ou "apagada". A justaposição dessas imagens resulta numa retrato de alta resolução da estrutura a ser observada.
As técnicas desses três cientistas hoje são amplamente usadas em pesquisa e aplicações médicas. Graças a elas foi possível, por exemplo, entender como determinadas proteínas se comportam em organismos de pessoas com doenças como Parkinson e Alzheimer. Novas descobertas usando o conhecimento produzido por eles são feitas diariamente.
Eric Betzig nasceu em 1960 em Ann Arbor, nos EUA, é americano e trabalha no Howard Hughes Medical Institute, no estado da Virgínia. Stefan Hell, nascido em 1960, é alemão nascido em Arad, na Romênia. Ele atua no Instituto Max Planck para Química Biofísica, em Göttingen, e no Centro Alemão de Pesquisa de Câncer, em Heidelberg. William E. Moerner, nascido em 1953 em Pleasanton, nos EUA, é americano e trabalha na Universidade Stanford, na Califórnia.
A
série de três imagens exemplifica o ganho proporcionado pela técnica de
Betzig. À esquerda, a imagem da membrana de um lisossomo, uma organela
celular, feita com microscopia convencional. No meio, a mesma organela,
em uma das primeira imagens feitas pelo cientista com seu novo método. À
direita, uma ampliação dessa imagem revela as moléculas da membrana
(Foto: Divulgação/Real Academia de Ciências da Suécia)
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