A enésima tentativa
A oposição e o PIG apostam na nova rodada de vazamentos do caso Petrobras
Arte: CartaCapital
PT, PMDB e PP na mira de Paulo Roberto Costa
PT desmente a totalidade das ilações sobre repasses financeiros originados de contratos com a Petrobras e repudia com veemência e indignação as declarações caluniosas do réu Paulo Roberto Costa. Em outro comunicado, o tesoureiro João Vaccari Neto diz nunca ter tratado de contribuições financeiras do partido com Costa
PT desmente a totalidade das ilações sobre repasses financeiros originados de contratos com a Petrobras e repudia com veemência e indignação as declarações caluniosas do réu Paulo Roberto Costa. Em outro comunicado, o tesoureiro João Vaccari Neto diz nunca ter tratado de contribuições financeiras do partido com Costa
De
intensidades e efeitos diferentes, as denúncias de corrupção às
vésperas das eleições tornaram-se uma aposta recorrente da oposição na
tentativa de apear o PT do poder. Foi assim nas duas disputas
anteriores. Não é diferente agora. No início do segundo turno, o
escândalo da Petrobras voltou com força ao noticiário. E justamente em
um momento acirrado da corrida presidencial. As primeiras pesquisas
apontam uma vantagem do tucano Aécio Neves em relação à presidenta Dilma
Rousseff, dentro da margem de erro. O Ibope registrou 51% para Aécio
contra 49% da petista. O Datafolha alcançou o mesmo resultado.
Os primeiros passos foram dados com o depoimento da
contadora Meire Pouza na CPI da Petrobras e com o vazamento das
declarações do doleiro Alberto Youssef e do ex-diretor da estatal Paulo
Roberto Costa na apuração da Lava Jato. Um dos réus que optaram pela
delação premiada, Youssef prestou depoimento na quarta-feira 8 no
processo sobre possíveis desvios nas obras da refinaria de Abreu e Lima,
em Pernambuco. Segundo o doleiro, reuniões na casa de políticos
determinavam os termos do esquema e até atas eram produzidas para
determinar a distribuição de dinheiro a campanhas do PT, PMDB e PP na
eleição de 2010. “Fazíamos reuniões em hotéis, no Rio ou em São Paulo ou
na própria casa dos agentes políticos.” A nomeação de Paulo Roberto
Costa para a diretoria de Abastecimento da estatal foi resultado da
pressão exercida por partidos da base aliada, afirma Youssef. “Para que
Paulo Roberto Costa assumisse a cadeira de diretor de Abastecimento
esses agentes políticos trancaram a pauta no Congresso durante 90 dias.
Na época era o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ficou louco, teve de
ceder e realmente empossar o Paulo Roberto.” À época da nomeação de
Costa, o responsável pelos acordos políticos na base aliada era o
ministro das Relações Institucionais, Aldo Rebelo, e o líder do PT da
Câmara, o deputado Arlindo Chinaglia.
Também na quarta, Costa revelou à
Justiça do Paraná detalhes do esquema de desvio de dinheiro público
supostamente instalado na Petrobras. Segundo ele, existia um cartel em
operação na petroquímica formado pelas principais empreiteiras do País.
Costa revelou ao juiz Sérgio Moro os pormenores das negociações
envolvendo essas empresas, diretores da Petrobras e políticos do PT, PP e
PMDB. Segundo ele, para cada contrato firmado pela estatal, 3% do valor
era destinado ao pagamento de políticos e diretores. No caso da
diretoria comandada por ele, 2% ficavam com o PT e 1% com o PP. “Do 1%
para o PP, em média 60% ia para o partido, 20% para despesas às vezes de
emissão de nota fiscal e para envio e 20% restantes eram repassados
assim, 70% para mim e 30% para o Janene ou Alberto Youssef.”
Em um dos casos ilícitos, citou Costa,
500 mil reais foram repassados diretamente pelo presidente da
Transpetro, Sérgio Machado. O presidente da subsidiária da Petrobras foi
indicado por Renan Calheiros. Ainda segundo o delator, no caso do PT, o
dinheiro era encaminhado ao tesoureiro João Vaccari via o diretor de
Serviços da estatal, Renato Duque, indicado por José Dirceu.
Enquanto os delatores prestavam
depoimento na Justiça, a ex-contadora de Youssef, Meire Poza, admitia à
CPI ter emitido 7 milhões de reais em notas frias relativas a serviços
prestados a empresas do doleiro e reiterou o envolvimento do doleiro com
políticos e Costa. A contadora afirmou que o PT repassou dinheiro para
Enivaldo Quadrado, parceiro de Youssef, pagar a multa imposta pelo
Supremo Tribunal Federal no processo do “mensalão”. Meire afirma ter ido
três vezes à casa do jornalista Breno Altman para pegar 15 mil mensais
para repassar a Quadrado. Ainda em relação ao caso, a contadora diz ter
guardado, a pedido do condenado no “mensalão”, um contrato que depois
seria usado pela revista Veja como prova da suposta chantagem
feita contra petistas. O contrato, apreendido pela PF em seu escritório,
é relativo a um empréstimo de 6 milhões de reais entre a 2 S
Participações Ltda., empresa de Marcos Valério, e a Expresso Nova Santo
André, do empresário do setor de transportes Ronan Maria Pinto. Afirmou,
contudo, desconhecer qual seria o objetivo da guarda do contrato. Ainda
em seu depoimento, a ex-contadora de Youssef desmentiu vários pontos da
reportagem publicada na véspera do primeiro turno pela revista Veja. “Eu não disse o que Veja
colocou. Não disse que Youssef tinha ascendência sobre prefeituras do
PT.” Meire confirmou que o doleiro mantinha contato com o ex-ministro
das Cidades Mário Negromonte, do PP, a quem teria indicado a compra de
uma empresa de monitoramento de veículos em Goiânia. Ela afirmou ainda
ter feito pagamentos ao deputado André Vargas, ex-PT, e a familiares de
Luiz Argolô, do Solidariedade.
Em nota divulgada por sua assessoria de imprensa, o PT
desmente a totalidade das ilações sobre repasses financeiros originados
de contratos com a Petrobras e repudia com veemência e indignação as
declarações caluniosas do réu Paulo Roberto Costa. Em outro comunicado, o
tesoureiro João Vaccari Neto diz nunca ter tratado de contribuições
financeiras do partido com Costa. O presidente da Transpetro, Sérgio
Machado, também nega as declarações de Costa e ressalta o estranhamento
com o fato de que as declarações estejam sendo divulgadas em pleno
processo eleitoral.
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