Uma comunidade de quase 100 mil usuários numa rede social,
que se declaram profissionais da classe médica brasileira, se tornou
palco de uma guerra de classes no entorno da corrida presidencial, entre
Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB).
Com o título de “Dignidade Médica”, as postagens do grupo
pregam “castrações químicas” contra nordestinos, profissionais com menor
nível hierárquico, como recepcionistas de consultório e enfermeiras, e
propõe um “holocausto” entre os eleitores da petista.
Médicos, professores e estudantes de medicina estão entre os
97.901 membros da comunidade na rede social Facebook. Entre postagens
de revolta com a situação da econômica do País e xingamentos a
nordestinos, os participantes confessam que fazem campanha pró-Aécio até
dentro do próprio consultório – público ou privado – convencendo os
seus pacientes. Eles dizem que colocam “a recepcionista no lugar dela”
com ameaças de que perderia o emprego com a reeleição de Dilma.
O discurso de ódio com conta com frases de “nível de
conversa que pobre entende” e ameaças de expulsão do grupo caso o
usuário se manifeste contra os ideais da página. Um usuário protesta:
“70% de votos para Dilma no Nordeste! Médicos do Nordeste causem um
holocausto por aí! Temos que mudar essa realidade!”.
As manifestações, no entanto, saíram das redes e foram
denunciadas pelo tumblr “Médicos Indelicados”, que reúne os post mais
inflamados e dá comentários irônicos aos desabafos dos profissionais de
jaleco branco.
Procurado, o Conselho Federal de Medicina (CFM), com sede em
Brasília, afirmou ser “contra qualquer comentário ou ação que denote
atitude preconceituosa”. Em nota, o órgão ponderou dizendo que todos os
profissionais podem manifestar opiniões, “inclusive políticas”, mas
considerando o “comportamento ético e o respeito às leis”. O CFM cita
ainda uma investigação em casos que “extrapolem esses limites”.Leia abaixo a íntegra da nota CFM ao iG sobre o caso:
“O Conselho Federal de Medicina (CFM) é contra qualquer comentário ou ação que denote atitude preconceituosa praticada por qualquer pessoa por conta de aspectos como etnia, origem geográfica, gênero, religião, classe social, escolaridade, orientação sexual ou posicionamento ideológico, entre outros. Esse entendimento representa a percepção da classe médica brasileira.
Para a Autarquia, o Brasil é um país democrático, onde todos os cidadãos devem e podem manifestar suas opiniões, inclusive políticas. No entanto, esta expressão deve ter como parâmetros o comportamento ético e o respeito às leis. Casos que extrapolem esses limites devem ser investigados pelas autoridades competentes.”
Fonte: IG
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