O Psol não é antipetista, está à esquerda do PT
A Folha publicou nesta quarta (21) o artigo "PSOL deveria mirar o
exemplo europeu ao tentar fragilizar o PT", de Mathias de Alencastro.
O mote é aparentemente nobre: como unificar as candidaturas progressistas e evitar uma vitória da direita na eleição paulistana?
Segundo o articulista, "a duas semanas do primeiro turno, está
claro que para o PSOL as eleições municipais são uma oportunidade
histórica de tomar o lugar do PT como líder da esquerda".
Claro para quem, cara pálida?
O objetivo do PSOL é engrossar o movimento social que cresce de
norte a sul contra o golpe de direita, perpetrado por PMDB, PSDB e DEM,
impulsionado pela mídia e sob os auspícios do grande capital.
O objetivo do PSOL é combater a onda reacionária que se materializa
no tripé congelamento dos gastos públicos, retirada dos direitos dos
trabalhadores e avanço das privatizações.
É impedir o rompimento dos pactos democráticos de 1988 (Constituição Cidadã) e de 1943 (CLT).
Apesar de os governos petistas terem propiciado avanços sociais em
tempos de demanda externa aquecida, quando os ventos mudaram, logo
capitularam ao ajuste fiscal radical, que marcou o segundo mandato de
Dilma Rousseff.
O PSOL não almeja ser um partido antipetista, mas um partido à esquerda do PT.
Até porque o PT não se resume à sua direção e há incontáveis
petistas de valor. É algo vital em uma sociedade que enfrenta a mais
grave recessão desde 1933.
Por força de sua pequena e aguerrida bancada e de sua militância, o
PSOL saiu com grande autoridade política do processo de golpe,
denunciando e iniciando o processo que resultou na cassação do mandato
de Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Por isso, o partido foi brindado com a chamada Lei da Mordaça
—13.165/2015—, que o condena à invisibilidade de dez segundos nas
inserções de TV e rádio. Obra de Eduardo Cunha, sancionada por Dilma.
Este espaço não me permite examinar as rasas apreciações de Alencastro sobre partidos de outros países.
Vou me ater ao Syriza. Em um cenário complexo, a agremiação de
Alexis Tsipras sofreu pesado ataque da troika —Banco Central Europeu,
Comissão Europeia e FMI— e conheceu forte isolamento internacional.
O país de 11 milhões de habitantes e com um PIB quase 1/14 o da Alemanha foi derrotado por uma correlação de forças adversa.
Mathias de Alencastro não vê isso, assim como passa por cima de situações intrincadas aqui no Brasil.
Apenas quero lembrá-lo que unidade se faz a partir de um programa
comum e não por negociações de tempo de TV ou acertos pouco claros.
O resto é briga de torcida.
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