9.19.2016

Polícia Militar usa gás de pimenta durante manifestação em São Paulo

A confusão começou por volta das 17h, quando os policiais militares tentaram impedir que uma ambulante vendesse água e cerveja

São Paulo - A Polícia Militar usou gás de pimenta no protesto contra o presidente Michel Temer que ocorria de forma pacífica na Avenida Paulista, em São Paulo. A confusão começou por volta das 17h, quando os policiais militares tentaram impedir que uma ambulante vendesse água e cerveja durante a manifestação. A vendedora resistiu à ação dos PMs que queriam tomar a caixa com os produtos.

Manifestação contra o governo federal, organizada pelo Povo sem Medo e Frente Brasil Popular, na Avenida Paulista Rovena Rosa/Agência Brasil

Os manifestantes que viam à cena começaram a protestar contra os policiais, atirando objetos na direção deles. Uma garrafa acertou uma repórter da TV Brasil na cabeça. A polícia, então, usou gás de pimenta para dispersar os manifestantes. O ex-senador e atual candidato a vereador de São Paulo Eduardo Suplicy foi atingido pelo gás.
A manifestação terminou por volta das 18h30 de forma pacífica em frente ao Museu de Arte de São Paulo (Masp), onde foi realizado um show com a participação de grupos musicais.
Segundo o comandante da Polícia Militar, Rogério Caramit, ninguém foi preso durante a confusão. Ele disse à Agência Brasil que a operação de fiscalização de vendedores ambulantes na Avenida Paulista foi suspensa para evitar novas confusões.
“A Polícia Militar, pelo que levantei previamente, foi fiscalizar um ambulante. Esse é um serviço pelo qual a prefeitura contrata a Polícia Militar. Não vi as imagens ainda. Mas pelo que soube, eles foram fazer uma apreensão dos equipamentos de uma senhora. Se houve agressão, será apurado. Mas já orientei para cessarem essas ações porque é um ambiente de manifestação é difícil”, disse ele à reportagem.
“A senhora estava vendendo água em uma caixinha de isopor. O policial foi falar que não poderia. O policial falou que não pode, que era ilegal e aí a senhora começou a segurar a caixa dela. Uns dois ou três policiais começaram a bater na senhora e o pessoal ficou revoltado, foi para cima, para defender ela. Eles [policiais] começaram a jogar gás de pimenta de forma indiscriminada. Ainda bem que não teve bomba”, disse Raimundo Bonfim, coordenador geral da Central dos Movimentos Populares e integrante da Frente Brasil Popular.
Eduardo Suplicy disse que vai enviar uma carta ao governador de São Paulo Geraldo Alckmin e ao secretário de Segurança Pública, Mágino Alves Barbosa Filho, para indagar sobre a violência policial no protesto. “O PM jogou gás de pimenta em mim e em diversas pessoas. Acho isso um absurdo”.
O ex-senador explicou que foi interpelar o policial para saber motivo de impedir a vendedora de trabalhar e “porque quiseram agredir e bater e retirarem a caixa dela. Por que exatamente em uma mulher? Bateram no meu braço”, disse Suplicy. “Foi um comportamento injusto e injustificado. A manifestação é inteiramente pacífica”, completou.
Indagado sobre o fato da polícia do estado ter justificado que estava cumprindo uma tarefa dada pela prefeitura da cidade, de fiscalizar os ambulantes, Suplicy disse que o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, "jamais permitiria tamanha violência. Os PMs estão descontrolados”, afirmou.
Dos quatro protestos organizados pelas frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, pedindo a saída do presidente da República, Michel Temer, e novas eleições no país, em três houve episódios de violência policial. Nas duas primeiras, a PM utilizou gás lacrimogêneo e bombas de efeito moral contra os manifestantes e uma ocorreu pacíficamente.

Polícia usa spray de pimenta em protesto contra Temer

Eduardo Suplicy chegou a ser empurrado por policiais

Policiais e manifestantes se envolveram em um tumulto na tarde deste domingo (18), quando movimentos sociais e centrais sindicais promoviam um ato em que pedem a saída do presidente da República Michel Temer e a realização de novas eleições presidenciais na Avenida Paulista.  Por volta das 16h, um grupo de pessoas reagiu à ação de policiais, que tentavam retirar os produtos de um ambulante que trabalhava no local.
Eduardo Suplicy (PT), ex-secretário de Direitos Humanos da prefeitura de São Paulo e candidato a vereador, estava discursando no alto de um carro de som e desceu ao ver a confusão. Ele chegou a ser empurrado por um dos policiais.
Para conter os manifestantes, um dos policiais usou spray de pimenta. Outro agrediu com golpes de cassetete os ativistas. 
Manifestantes fazem protesto contra Temer em São Paulo
Manifestantes fazem protesto contra Temer em São Paulo
Quando os policiais militares começaram a carregar o isopor do ambulante, Suplicy tentou novamente evitar a ação dos policiais e recebeu um tapa no braço. Em seguida, o policial disparou um jato de spray de pimenta no rosto dele.
O ato é organizado pelas frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular, que reúne movimentos como o dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e o dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), além de centrais sindicais como a Intersindical e a Central Única dos Trabalhadores (CUT).
Manifestação
"Esta é uma nova onda, um levante popular pós-impeachment. Todo mundo achava que o pessoal ia para casa, consumado o golpe. Mas nada disso. O que se viu foi uma mobilização não só contra o golpe que foi dado, mas também uma mobilização em torno de muita preocupação em relação às medidas anunciadas pelo presidente Temer como a história das 12 horas [de jornada de trabalho] que o governo voltou atrás e a história da [reforma da] Previdência", disse Raimundo Bonfim, coordenador-geral da Central dos Movimentos Populares e integrante da Frente Brasil Popular.
O protesto teve início por volta das 14h, na frente do Museu de Arte de São Paulo (Masp). Desta vez, o ato tem um número menor de participantes. A Polícia Militar e os organizadores não divulgaram estimativas de público. 
Sem caminhada
Ao contrário dos atos anteriores, que tiveram início na Avenida Paulista, não há previsão de caminhada hoje. Os organizadores disseram que pretendem permanecer na Avenida Paulista, com a apresentação de artistas e músicos. "As caminhadas no domingo não encontram muitas pessoas [nas ruas] para se poder passar uma mensagem. Fazemos a caminhada e acabamos dialogando com o nosso público mesmo. E no último protesto, uma parte [dos manifestantes] não desceu. Ficou aqui mesmo pela Paulista. Então decidimos fazer um ato aqui mais cultural, com algumas intervenções políticas, mas menos. Foi um experimento ficar aqui pela Paulista. E ficar aqui também nos dá mais segurança porque a violência da Polícia Militar tem ocorrido após termos saído da Paulista", disse Bonfim.
Com exceção do protesto que ocorreu no dia 7 de setembro, que foi pacífico, os demais terminaram com violência policial, com a utilização de bombas de efeito moral e de gás lacrimogêneo. 
De acordo com Bonfim, o ato de hoje é uma preparação para a manifestação marcada para o dia 22 de setembro, e que deve reunir centrais sindicais e movimentos sociais em várias partes do país.
Outro protesto 
Ao mesmo tempo em que ocorria o ato no vão livre do Masp, um outro protesto ocorria próximo ao Top Center, também na Avenida Paulista. O ato foi chamado pelo Movimento Endireita Brasil e contava com a participação de aproximadamente 30 pessoas, que caminharam até o Parque Ibirapuera em defesa do projeto uma Escola Sem Partido. Jornalistas tentaram conversar com os manifestantes, que não quiseram dar entrevistas.
Michel Temer
O presidente Michel Temer embarcou hoje (18) para Nova York, onde abrirá a 71ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU). Conforme tradição iniciada em 1947, cabe ao Brasil abrir a assembleia na terça-feira (20). Esta será a segunda viagem oficial ao exterior feita por Temer após ter assumido o cargo.

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