Para Lula, operação da PF que prendeu Mantega deveria se chamar 'boca de urna'
Ex-presidente saiu em defesa do ex-ministro da Fazenda e lembrou proximidade com as eleições: 'Outra vez eles vêm para cima do PT'
Fortaleza
(CE) - O ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT)
classificou a prisão temporária de seu ex-ministro da Fazenda Guido
Mantega como um trabalho contra o Partido dos Trabalhadores na
proximidade das eleições municipais. Em entrevista nesta quinta-feira, à
Rádio Povo, em Fortaleza (CE), o petista criticou a forma como a
Polícia Federal abordou Mantega no Hospital Albert Einstein e disse que a
operação poderia se chamar "boca de urna".
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"O que me preocupa na operação de hoje, eu não sei qual é o fundamento, é a notícia
de que o ex-ministro Guido Mantega foi preso dentro da sala de cirurgia
que a mulher dele estava se preparando para fazer", disse Lula, em
entrevista dada às 11 horas, depois de Mantega ser levado à Polícia
Federal em São Paulo e antes do juiz Sérgio Moro mandar soltar o
ex-ministro.
Lula afirmou que Mantega "é um homem
que foi ministro da Fazenda, que tem residência fixa, e portanto
poderia ser tratado como todo ser humano tem que ser tratado". O
ex-presidente da República também destacou que não é de acreditar em
delações premiadas feitas por presos e pessoas ameaçadas pela Justiça.Ao comentar que a investigação que prendeu Mantega se trata de uma ação contra o PT, Lula disse que a operação acontece perto das eleições assim como ocorreu em 2012, quando o partido atravessou um período de pleito municipal em meio ao julgamento do processo do Mensalão. "Está chegando perto das eleições e outra vez eles vêm para cima do PT", falou.
Ele havia sido preso na 34ª fase da Operação Lava Jato nesta quinta-feira, em SP. Ex-presidente da OSX, ligada a Eike Batista, foi preso no Rio
- Atualizada às
“Sem embargo da gravidade dos fatos em apuração, noticiado que a prisão temporária foi efetivada na data de hoje quando o ex-Ministro acompanhava o cônjuge acometido de doença grave em cirurgia. Tal fato era desconhecido da autoridade policial, Ministério Público Federal e deste Juízo”, afirmou o juiz.
Segundo o magistrado, não há riscos de Mantega interferir em qualquer prova e sua decisão não trará prejuízo para medidas ou avaliações futuras.
Mantega foi detido no hospital Albert Eistein, no Morumbi, em São Paulo, onde acompanhava a mulher, submetida à cirurgia. A ação
provocou polêmica por ocorrer na frente de um hospital e o procurado
não oferecer perigo. O juiz afirmou que soube que o ato foi "praticado
com toda a discrição, sem ingresso interno no Hospital."
São
apuradas as práticas, dentre outros crimes, de corrupção, fraude em
licitações, associação criminosa e lavagem de dinheiro. Ele chegou às
9h30 à sede da Polícia Federal, em São Paulo.
Saiba mais:
Segundo o Ministério Público, o Consórcio Integra
Ofshore, formado pelas empresas Mendes Júnior e OSX, empresa petroleira
ligada ao empresário Eike Batista, firmou contrato com a Petrobras no
valor de US$ 922 milhões, para a construção das plataformas P-67 e P-70
para a exploração de petróleo na camada do pré-sal, as chamadas FSPO´s
(Floating Storage Offloanding).
Em depoimento ao
Ministério Público, o empresário Eike Batista, ex-presidente do Conselho
de Administração da OSX, disse que, em novembro de 2012, Guido Mantega,
que à época era presidente do Conselho de Administração da Petrobras,
teria pedido R$ 5 milhões para o Partido dos Trabalhadores (PT).
Para
operacionalizar o repasse, Eike firmou contrato falso com empresa
ligada a publicitários já denunciados na Operação Lava Jato por
disponibilizarem seus serviços para a lavagem de dinheiro oriundo de
crimes. Após uma primeira tentativa frustrada de repasse em dezembro de
2012, em abril de 2013 constatou-se a transferência de US$ 2,350
milhões, no exterior, entre contas de Eike Batista e dos publicitários.Prisão
A Polícia Federal esteve às 6h no apartamento onde mora o ex-ministro, mas encontrou apenas o seu filho adolescente e uma empregada no local. Os policiais foram, então, ao Hospital Albert Einstein, onde Mantega acompanhava a esposa, que está internada.
Em nota, a polícia informou que fez contato telefônico com o investigado, “que se apresentou espontaneamente na portaria do edifício”. Segundo a PF, Mantega, seu advogado e a equipe de policiais foram até o apartamento do ex-ministro, na região de Pinheiros, zona oeste de São Paulo.
“Tanto no local da busca como no hospital todo o procedimento foi realizado de forma discreta, sem qualquer ocorrência e com integral colaboração do investigado”, diz a nota da PF.
A operação conta com 180 policiais federais e 30 auditores fiscais. No total, são cumpridos 49 mandados, sendo 33 mandados de busca e apreensão, oito de prisão temporária e oito de condução coercitiva, em Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia, Rio Grande do Sul e no Distrito Federal.
Arquivo X
O nome “Arquivo X” é "uma referência a um dos grupos empresarias investigados e que tem como marca a colocação e repetição do “X” nos nomes das pessoas jurídicas integrantes do seu conglomerado empresarial", segundo da polícia.
No Rio, a Polícia Federal e a Receita Federal cumprem, desde a madrugada desta quinta, mandados de busca e apreensão na sede da OSX, que fica no Centro da cidade. Estão previstos 13 mandados de busca e apreensão, um mandado de prisão temporária e cinco mandados de condução coercitiva. Em Niterói estão previstos três mandados de busca e apreensão, dois mandados de prisão temporária e um mandado de condução coercitiva.
Segundo as investigações, no ano de 2012, o ex-Ministro da Fazenda teria atuado diretamente junto ao comando de uma das empresas para negociar o repasse de recursos para pagamentos de dívidas de campanha de partido político.
Os valores teriam como destino pessoas já investigadas na operação e que atuavam no marketing e propaganda de campanhas políticas do mesmo partido.
Prisões
Até o momento foram presos na operação Arquivo X: Luis Eduardo Neto Pachard, Ruben Maciel da Costa Val, Danilo Souza Baptista, Luiz Eduardo Guimarães Carneiro, Luiz Claudio Machado Ribeiro, Francisco Corrales Kindelan e Guido Mantega que teve prisão revogada.
Julio Cesar de Oliveira Silva, que também teve o pedido de prisão expedido, está na Espanha e é considerado foragido, segundo a equipe. A força-tarefa afirma que não conseguiu contato com ele. Até as 21h desta quinta, todos os presos estarão na sede da Polícia Federal em Curitiba.
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