4.16.2010

Eurocontrol alerta que nuvem de cinza atingirá o sul da Europa



Problemas no tráfego aéreo devem continuar amanhã

A nuvem de cinza provocada pela erupção de um vulcão na Islândia poderá chegar nesta noite ao sul e ao leste da Europa e seguirá provocando amanhã "perturbações significativas" do tráfego aéreo no continente, segundo a Agência Europeia para a Segurança na Navegação Aérea (Eurocontrol).

— A parte sul da Europa continua limpa, mas pode ser que a nuvem se expanda para essa região durante a noite —, explicou em entrevista coletiva Brian Flynn, subdiretor de operações da Eurocontrol.

Conforme a agência, os problemas no tráfego aéreo devem continuar amanhã.

— Não temos previsões além das 6h no horário local (1h em Brasília), mas dado que a nuvem avançou muito lentamente pensamos que é possível que amanhã as perturbações continuarão significativas —, assinalou Flynn.

— Na prática, perderemos 50% do movimento de passageiros na Europa —, explicou Flynn, quem lembrou que seis países (Irlanda, Dinamarca, Finlândia, Bélgica, Holanda e a República Tcheca) mantêm atualmente seus espaços aéreos totalmente fechados.

Você conhece alguém que está preso em aeroportos na Europa? Mande seu relato.

Além disso, quase todos os aeroportos do Reino Unido permanecem bloqueados ao tráfego. Os aeroportos da Suécia, Noruega, Alemanha, França e Polônia estão parcialmente fechados. Dos 29,5 mil voos previstos para hoje na Europa, 17 mil foram cancelados, detalhou Flynn.

— O objetivo da Eurocontrol e das provedoras de serviços aéreos é garantir a segurança dos passageiros —, explicou Flynn, que disse não poder medir se as medidas tomadas até agora foram exageradas.

Acrescentou que, "embora esta interrupção seja sem precedentes na Europa, é inevitável dada a natureza do problema atual". As autoridades da Islândia informaram que as erupções que antes eram constantes se tornaram esporádicas e, embora sigam chegando partículas de cinza ao ar, "não se espera que a situação mude drasticamente nas próximas 24 horas".

— Entendemos o impacto que isto pode supor para as companhias aéreas e para a economia europeia, mas a segurança vem em primeiro lugar —, ressaltou o subdiretor de operações da Eurocontrol, Joe Sultana.

A agência afirmou que as companhias devem estar prontas para retomar os serviços assim que o espaço aéreo ficar aberto de novo. Dado o "impacto excepcional" das condições meteorológicas, a Eurocontrol fará uma videoconferência com as autoridades aéreas nacionais e com a Comissão Europeia para revisar e harmonizar o controle da situação na próxima segunda-feira às 17h GMT (14h, Brasília), precisou Sultana.

Esta reunião permitirá revisar a situação e analisar se as medidas adotadas até agora são as adequadas e se é necessário tomar novas precauções, "dada a situação dinâmica que implica o deslocamento constante da nuvem de cinza".

A Eurocontrol lembrou que embora as partículas vulcânicas não possam ser vista a olho nu, supõem um grande risco para os aviões, pois podem inutilizar os motores. A situação do tráfego aéreo poderia impedir a chegada das personalidades internacionais pretendiam ir no domingo ao enterro do presidente polonês, Lech Kaczynski. Segundo a Eurocontrol, a agência deve decidir nas próximas 24 horas se autorizam os voos para domingo ou não.

França

Os três aeroportos de Paris permanecerão fechados até o sábado, da mesma maneira que outros 20 aeroportos do norte da França, em consequência da nuvem de cinza expelida pelo vulcão islandês, informou hoje à agência de Aviação Civil. As autoridades decidiram estender o fechamento dos aeroportos da capital, Roissy-Charles de Gaulle, Orly e Le Bourget, por causa da rápida expansão da nuvem de cinza.

Aviação Civil não sabe detalhar a que horas serão abertos amanhã os aeroportos da capital. Centenas de passageiros foram até os aeroportos de Paris porque havia a previsão de abertura às 15h (de Brasília). Para compensar os problemas nos aeroportos, a empresa pública de ferrovias anunciou a colocação de trens suplementares para seus destinos internacionais a fim de transportar mais 8,4 mil passageiros.

EFE


Islândia é o segundo lugar com mais atividade vulcânica no planeta



Ilha do Oceano Atlântico só fica atrás do Havaí, no Pacífico.
Entenda como se formam as nuvens de poeira que estragam aviões.

Quando alguém pinga uma gota d'água em uma frigideira com óleo quente ocorre uma pequena explosão. É mais ou menos isso que está acontecendo nos últimos dias na Islândia, em uma escala muito maior. A água da geleira Eyjafjallajokulle está se misturando a rochas derretidas que estão em alta temperatura, causando explosões e liberando nuvens de poeira tão grandes que chegam a impedir o tráfego de aviões.

O pó fino, formado principalmente por silício (elemento abundante na areia), sobe rapidamente por causa do calor, e pode ser transportado por milhares de quilômetros pelo vento. Por isso, mesmo surgindo a quase dois mil quilômetros do continente, a nuvem atrapalha o transporte aereo na Europa. Ela entra na turbina dos aviões e pode derreter e se acumular lá, estragando as aeronaves.

Segundo o geólogo Caetano Juliani, professor do Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo (USP), esse tipo de poeira pode levar até cinco anos para descer totalmente. "É um material fino, esponjoso, pouco denso. Por isso demora tanto para cair."

Apesar das nuvens grossas que estão surgindo da Islândia formarem uma imagem assustadora, Juliani afirma que essa não é uma emissão de poeira das maiores. "O [vulcão] Yellowstone, em uma de suas explosões, cobriu quase todo o território dos EUA com poeira. O Cracatoa cobriu toda a Europa e mudou até mudou o clima".

Vulcões por todos os lados
Erupções na pequena ilha do Atlântico são acontecimentos comuns. A Islândia é o segundo lugar com maior atividade vulcânica do mundo, ficando atrás apenas do Havaí, conta o geólogo. "A ilha é toda formada só por atividade vulcânica".

Isso acontece porque o país fica sobre a junção de duas placas tectônicas, onde uma falha faz com que o material quente sob a crosta terrestre saia em abundância. É como se a ilha estivesse em cima de um vazamento de magma.

Energia sob a terra
Apesar dos perigos, viver em um país dominado por vulcões tem suas vantagens. Segundo a Autoridade Nacional de Energia da Islândia, um quarto da eletricidade usada no país provém de usinas geotérmicas.

"Eles fazem uma sondagem profunda, pegam as águas quentes que estão circulando, às vezes a mais de 300 graus Celsius, e aproveitam esse vapor para gerar energia", explica Juliani.

De acordo com o geólogo, outra vantagem dos vulcões é a beleza da paisagem, que atrai visitantes do mundo todo. "São sempre regiões muito bonitas, destinos turísticos muito interessantes."

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