4.15.2010

Pílula anticoncepcional completa 50 anos





Uma pesquisa revela que até hoje ela é a preferida para evitar a gravidez.

No Brasil as pílulas anticoncepcionais são distribuídas de graça nos postos de saúde de todo o país. Hoje mais de cem mil mulheres usam o método para evitar filhos, em todo o mundo.

“A pessoa que usa o método corretamente, a chance dela engravidar e quase zero. Mas a mulher ainda usa muito por contra própria, como a vizinha falou, a amiga falou”, diz Ana Flavia Coleo Lopes, assistente social.

Uma pesquisa feita pela Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia em cinco capitais, Recife, Rio de Janeiro, Porto Alegre, São Paulo e Belo Horizonte constatou que 43% das entrevistadas que usam a pílula tem entre 26 e 35 anos, e que é maior o número de mulheres que tomam o comprimido há mais de dez anos entre as cariocas e gaúchas.

Oitenta e cinco por cento das mulheres que usam a pílula, segundo a pesquisa, pretendem continuar com o método. A maioria, mais de 60% disse que o uso não interferiu no desejo sexual, mas 84% das que decidiram, trocar o contraceptivo se queixaram de dores de cabeça, enjoo e principalmente aumento de peso

O vice-presidente da Comissão Nacional de Sexologia diz que há remédios antiandrogênicos que diminuem os efeitos colaterais.

“Menos cefaleia, dor de cabeça, menos mastalgia (dor na mama), menos humor depressivo”, explica Dr. Gerson Lopes, ginecologista e presidente da Comissão Nacional de Sexologia da Febras-GO.

Apesar da confiança nos efeitos da pílula, sempre ficam algumas dúvidas. No vídeo, uma especialista tira outras dúvidas dos telespectadores.

Jornal Hoje

saiba mais sobre a pílula:

Em uma sociedade contemporânea em que a mulher exerce diversos papéis, seja como profissional e/ou chefe, esposa e/ou mãe, as influências comportamentais femininas que marcaram as décadas anteriores são visíveis no dia a dia. Com um ritmo de vida dinâmico - quando não extenuante -, a mulher atual, a exemplo de alguns ícones femininos do passado, vive em constante busca por independência. Neste contexto, o surgimento da pílula anticoncepcional, no início da década de 60, permitiu que a mulher passasse a controlar sua fertilidade, conquistasse liberdade sexual com segurança e praticidade e, mais recentemente, aliasse a contracepção a outros benefícios propiciados pela pílula - que faz, quem diria, 50 anos.

Estudo realizado pelo Instituto Guttmacher, organização de saúde sexual dos Estados Unidos, revela que 80 milhões de mulheres utilizam a pílula anticoncepcional no mundo. O maior percentual de consumidoras reside na Europa e nos Estados Unidos, utilizando o método para planejar o tamanho da família, se dedicar aos estudos e à carreira. O estudo revela ainda que, na América Central e do Sul, cerca de 16 milhões de mulheres utilizam a pílula anticoncepcional, sendo que as brasileiras usam os contraceptivos orais durante um período maior - entre dois e cinco anos -, enquanto as mexicanas utilizam o método por apenas um ano sem interrupção.

Mais utilizada

"Normalmente, as mulheres realizam uma pausa no uso da pílula por razões culturais, no entanto, não é um procedimento recomendado, justamente por haver a possibilidade de ocorrer uma gestação não planejada neste período", afirma o Prof. Dr. Afonso Nazario, Chefe do Departamento de Ginecologia da Unifesp. O levantamento do Instituto Guttmacher mostra ainda que a taxa de contracepção na América Central e do Sul aumentou consideravelmente, de 15% em 1969, para mais de 70% em 2000.

História

O atual índice elevado de utilização da pílula anticoncepcional contrasta com o período de seu lançamento, ocorrido quando o cenário mundial pregava uma conduta moral de castidade feminina - na época, o método era receitado apenas para as mulheres casadas e com autorização dos maridos. A primeira pílula, lançada nos Estados Unidos, possuía formulação com altas doses de hormônio, que gerava alguns efeitos colaterais, e assim não conquistou usuárias em massa.

No auge dos anos 70, surge a chamada segunda geração de pílulas, com redução significativa da quantidade de hormônios usados nas primeiras versões. No final dos anos 90 é inaugurada a terceira geração da pílula anticoncepcional, com formulações de baixas doses e princípios ativos mais modernos, que proporcionam outros benefícios além da contracepção.

Paralelo ao surgimento da pílula, as mulheres iniciaram uma revolução silenciosa e discreta.

Menos filhos

A taxa de fecundidade brasileira decresce da média nacional de 6,3 filhos em 1960 para 5,8 filhos em 1970, chegando ao patamar de 2,3 filhos em 2000. A região Sudeste foi a que registrou o menor índice de fecundidade, 2,1 filhos por mulher, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

"Com a opção de controlar a fertilidade, a mulher pode escolher o momento ideal para ingressar no mercado de trabalho em busca de sua independência financeira ou ampliação dos bens de consumo de toda a família", afirma Flavio Gikovate, psiquiatra, psicoterapeuta e escritor.

Mais educação

A expansão do ensino nas décadas de 60 e 70 permitiu que as mulheres aumentassem sua escolaridade e, com isso, passassem a pensar no desenvolvimento de uma carreira. "A pílula anticoncepcional surgiu em um momento já favorável para o início da 'revolução de costumes', período em que a sexualidade humana ganhou importância própria, desvinculando-a da necessidade de reprodução e permitindo que as mulheres pensassem em relações sexuais sem o pavor da gestação", ressalta Gikovate.

De acordo com os indicadores da Fundação Carlos Chagas, a participação da mulher no mercado de trabalho ou procurando emprego em 1976 era de 28,8%. Já em 2007, este índice representou um total de 43,6%. Em 2009, dados atualizados do IBGE revelam que o trabalho feminino já corresponde a 45,1% da população empregada no país

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