4.17.2010

Sexo para Cardíacos


As pessoas cardíacas muitas vezes acreditam que não devem ou não podem ter atividades sexuais. Os assuntos ligados ao sexo têm particular importância para o paciente cardíaco, porque os sentimentos de ansiedade, medo de morrer e incapacidade em geral afetam essa função.

Existem, pelo menos, duas razões para a tradicional atitude de negligência em relação à sexualidade dos pacientes cardíacos. Em geral, os indivíduos que já passaram da idade reprodutiva são equivocadamente considerados como seres assexuados. No caso do cardíaco a situação se agrava, pois ele é um doente e há uma idéia generalizada de que doença e sexualidade são incompatíveis.

As pessoas muito doentes podem não estar interessadas em sexo, porém, a medicina e a enfermagem têm tratado como assexuadas pessoas com doenças crônicas que nem sempre afetam a sexualidade. Os médicos muitas vezes recomendam aos cardíacos que reduzam ou suspendam o uso do cigarro, que percam peso e façam exercícios físicos suaves e regulares e que se alimentem com produtos menos gordurosos, mas nem sempre os orientam quanto à vida sexual.

A maioria limita-se a dizer para seus pacientes “tenha calma, não se afobe”. E essas palavras quase sempre são interpretadas como uma proibição de vida sexual, o que pode criar ansiedade. Em conseqüência, o cardíaco passa a agir de acordo com seus limitados conhecimentos, receios e superstições. Muitos deles reduzem sua atividade sexual ou a abandonam totalmente.

Geralmente os cardíacos declaram ter reduzido muito a freqüência de suas relações sexuais. Essa redução provoca uma mudança de comportamento que pode prejudicar a completa reabilitação do cardíaco. São freqüentes os casos de frustração e conflitos matrimoniais, que acabam por interferir na recuperação e contribuem para piorar o estado do indivíduo.

Até recentemente havia poucas informações quanto aos efeitos da atividade sexual sobre o coração. Sabe-se que a elevação da freqüência respiratória que ocorre pouco antes e durante o orgasmo é uma reação do organismo ao aumento da excitação erótica.

Também é sabido que a freqüência cardíaca se eleva ao mesmo tempo que aumenta o nível de excitação sexual. Durante o orgasmo, o coração atinge 110 a 180 batimentos por minuto. Ao passo que, em repouso, a freqüência cardíaca normal é de 60 a 100 batimentos por minuto. E ainda, a elevação das tensões sexuais, em ambos os sexos, determina consideráveis aumentos na pressão sangüínea.

Ou seja, a atividade sexual proporciona intensa gratificação emocional aos indivíduos sadios, além de exercitar e fortalecer o sistema cardiovascular, aumentando-lhe a capacidade. Mas, que impacto teria essa atividade sobre pessoas com distúrbios cardiovasculares?

Diversos estudos já demonstraram que o dispêndio de energia na atividade sexual em homens de meia-idade é praticamente igual ao verificado em outras atividades físicas. Sendo assim, o sexo para pessoas cardíacas pode ser praticado sem problemas.

A atividade sexual, assim como outras formas de exercício, não é prejudicial e sim benéfica, tanto para os indivíduos em geral como para os cardíacos. O único cuidado que deve ser tomado pelo cardíaco é com relação à ingestão de medicamentos que auxiliem a ereção. De qualquer forma, o melhor é sempre questionar o médico sobre como lidar com essa situação.

Por Jonatas Dornelles

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