Uso de células-tronco promete revolucionar cirurgia plástica
Pesquisas estão em fase de testes no Rio de Janeiro
As pesquisas relacionadas ao uso de células-tronco na medicina, voltadas em sua fase inicial para a busca de tratamento para doenças como o câncer linfático, doenças degenerativas, entre outras, agora se expandem para o campo da cirurgia plástica estética e reparadora.
Conhecidas por sua capacidade de se transformarem em diversos tecidos do corpo, as células-tronco logo terão inúmeros usos, tendo a cirurgia plástica como aliada. Só para citar alguns exemplos: uma paciente submetida a mastectomia poderá ter seu seio 'reconstituído' a partir de suas próprias células, sem necessidade de implantação de prótese de silicone; um paciente com marcas de queimaduras poderá ter a pele renovada; um doente que teve um órgão decepado poderá tê-lo substituído sem necessidade de transplante.
Se conseguirmos dominar as células-tronco, poderemos refazer tecidos a partir das células do próprio paciente, eliminando o problema da rejeição. No futuro, casos como o da jovem francesa que passou por um transplante parcial de face após ter o rosto desfigurado por um cão, poderão ser atendidos de modo bem menos traumático - tanto do ponto de vista físico, como psicológico. Com a ajuda das células-tronco, cirurgiões serão capazes de, em vez transplantar um rosto em outro, 'reproduzir' a face desfigurada em todas as suas estruturas tal como antes do acidente.
Esse futuro não está distante. Em diversos países, inclusive no Brasil, as pequisas nesse campo avançam rápido. No Instituto Ivo Pitanguy, um grupo de trabalho vai iniciar testes no uso de células-tronco retiradas de pacientes submetidas a lipoaspiração no rejuvenescimento facial.
Muitas pessoas de fora da comunidade médica não sabem, mas as células-tronco não se encontram apenas na medula óssea ou no cordão umbilical, mas em todo o organismo - em diferentes graus de concentração. Recentemente descobriu-se, por exemplo, que os dentes de leite têm uma grande concentração dessas células, assim como a placenta, o líquido amniótico e o tecido adiposo ou gordura.
Na primeira fase de nossa pesquisa, no Instituto Ivo Pitanguy, obtivemos êxito em detectar e isolar células-tronco mesenquimais da gordura retirada de pacientes submetidas a lipo, para posterior análise laboratorial. Comprovamos que a gordura é rica em células-tronco, principalmente na região da barriga, mas também nas coxas. Os resultados do nosso estudo de análise celular foram publicados recentemente pela revista britânica de cirurgia plástica JPRAS (Journal of Plastic, Reconstructive and Aesthetic Surgery), referência mundial no ramo da cirurgia plástica.
Na próxima etapa, a ser iniciada nas próximas semanas, começaremos a testar o uso dessas células no rejuvenescimento facial, contribuindo para os resultados do lifting tridimensional desenvolvido em nosso serviço. Uma das possibilidades em teste é a aplicação das células-tronco em sulcos da face, em substituição a substâncias sintéticas de preenchimento com efeito temporário, como o ácido hialurônico, bastante usado em nossos consultórios. As perspectivas são muito promissoras.
Célula-tronco é usada em implante facial
O Instituto Ivo Pitanguy isolou células-tronco da gordura retirada em lipoaspirações e vai utilizá-las em enxertos, que serão implantados nos rostos de pacientes, para atenuar a perda de volume característica do processo de envelhecimento.
Enxertos de gordura são comuns na cirurgia plástica, mas muitos acabam absorvidos pelo organismo, o que compromete os resultados de longo prazo. Espera-se que, com o uso de células-tronco, isso não aconteça.
"A expectativa é que a célula-tronco se diferencie em mais tecido adiposo e em vasos sanguíneos que nutrirão a gordura", diz a pesquisadora-chefe do instituto, Natale Gontijo. Segundo ela, um motivo que causa a absorção dos enxertos é a ausência de irrigação sanguínea.
Artigo de Natale Gontijo de Amorim.
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