O ranking das dez mais, encabeçado pela brasileiríssima TAM, se nacionaliza. Na quarta edição da pesquisa, apurada num ano competitivo como o de 2001, o mérito vai para quem se impõe e avança sobre a concorrência.
É coroado quem põe a cara à prova. Num ano duro como o de 2001, marcado por crises econômicas dentro e fora do País, são de admirar as empresas que avançam sobre a concorrência, brigam por espaço e - entre as brasileiras - conquistam presença e respeito no exterior. A agressividade necessária para se impor em períodos difíceis revira o ranking das empresas mais admiradas no País. Na quarta edição da pesquisa CartaCapital/InterScience, o conjunto das dez primeiras posições se nacionaliza. O topo da lista, pela primeira vez, cabe à brasileiríssima TAM. Não menos verde-amarelas, a AmBev, a Embraer e a Gerdau debutam no seleto grupo.
Se, no ano passado, o grande diferencial das empresas líderes foi a arte de se relacionar e tornar-se visível à sociedade, em 2001 prevalece a capacidade de concorrer, vencer barreiras, inovar e usar a globalização a seu favor. É assim que especialistas explicam as mudanças no resultado da quarta edição da pesquisa As Mais Admiradas no Brasil, realizada pela parceria CartaCapital/InterScience.
"As companhias no Brasil partiram para a competição e deixaram de lado o aspecto mais romântico", diz Arão Sapiro, professor da Fundação Getúlio Vargas e consultor em estratégias competitivas e gestão do conhecimento. Ou seja, ganhou pontos quem apresentou agressividade, voltada ao crescimento de mercados e à sobrevivência num ambiente mais hostil. Isso explicaria, na tese de Sapiro, por que empresas que se mostraram menos agressivas, como a Natura, desceram no ranking.
A avaliação de Ivani Rossi, diretora de planejamento da InterScience, segue a mesma linha: levou os louros quem brigou por espaço e conseguiu ampliar sua presença nos mercados doméstico e sobretudo internacional.
A TAM, por exemplo, conquistou o primeiro lugar da Microsoft, que reinou absoluta durante três anos consecutivos. A empresa que nasceu regional tomou a coroa ao bater uma líder nacional (Varig) e alçar vôo por rotas internacionais. Enquanto isso, a empresa norte-americana, que já figurava como um ícone da globalização, passou à vice-liderança. Tanto na opinião de Ivani como de Sapiro, a morte do Comandante Rolim não influenciou na votação da companhia aérea. Afirmação que pode gerar controvérsias.
"O forte crescimento da TAM, sua agressividade em relação a preços e o fato de ter tomado a postura de uma grande companhia aérea é o caso mais emblemático de que o fator competitividade foi decisivo na votação ", diz Sapiro.
Há mais exemplos notórios. A AmBev, batizada no seu polêmico nascimento como a primeira multinacional brasileira, protagonizou a subida mais meteórica para o ranking das dez: do 36o para 10o lugar. Além de dominar mais de 70% do mercado interno nacional, está fazendo jus ao nome American Beverage Company ao fincar os pés no mercado latino-americano.
A Gerdau, que ascendeu à sétima posição e obtém das exportações 35% de seu faturamento, aumentou a participação acionária em empresas no exterior e assim reforçou a reputação construída durante duas décadas de presença nos Estados Unidos, Canadá, Chile, Argentina e Uruguai.
A Embraer, mais do que uma exportadora brasileira reconhecida no exterior, teria, segundo Ivani, conquistado muito da admiração dos entrevistados em razão da briga com a canadense Bombardier. "Ela se impôs", diz.
E a Votorantim, que conseguiu manter-se na sétima posição, comprou em maio os ativos da Blue Circle: três fábricas de cimento no Canadá e Estados Unidos, além de usinas de concreto e outras unidades, agregando 12% à sua capacidade de produção.
A reviravolta no ranking geral traz mais surpresas: a Fiat quase retorna ao grupo das dez mais, enquanto 3M, CSN e Telefônica galgam vários degraus entre as 30 primeiras.
Carta Capital
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