Kelli bastante determinada
A força de vontade de Kelly foi fundamental para que ela chegasse ao peso ideal
Qual é/foi o seu maior incentivo para não desistir antes de alcançar o objetivo?
Tive que enfrentar grandes desafios para conquistar as medidas que tenho hoje. Engravidei aos 15 anos e, junto com as novas responsabilidades, ganhei 13 quilos. Pouco tempo depois, arrumei um emprego e passei a fazer o percurso de 8 quilômetros até o trabalho a pé. Também fechei a boca e, em poucos meses, voltei à minha antiga forma.
Conservei o corpo esbelto por nove anos, quando engravidei pela segunda vez. Nessa fase, perdi totalmente a noção e engordei 27 quilos. Mesmo com broncas da obstetra, comia pizza pelo menos quatro vezes na semana e devorava uma barra inteira de chocolate branco como sobremesa. Achei que perderia rápido o peso e aproveitei para comer tudo o que tinha direito.
Meu marido até tentava esconder os doces de mim, mas eu fazia dengo de grávida e ele cedia. Pulei dos 62 para 89 quilos. Dois meses depois do parto, com 82 quilos, já estava de volta ao trabalho. Quando chegava em casa, lá pelas 20 horas, cuidava das minhas filhas e do meu marido e não achava tempo para pensar em mim. Só dei conta de quanto estava gorda quando fui ao supermercado e encontrei um amigo que não me reconheceu e ainda perguntou se eu estava grávida. Nem tive coragem de responder. Cheguei em casa, me olhei no espelho e chorei. Dias depois, fui ao shopping para comprar roupas novas e a situação ficou ainda mais constrangedora. Não tinha a minha numeração na grife que eu gostava. A vendedora disse que encontraria no piso de baixo, em uma loja exclusiva para pessoas de tamanho grande. Me senti humilhada. Mas tive que aceitar, pois nem os sapatos cabiam mais. Era hora de agir.
A luta pelo corpo esbelto
Sem tempo para ir à academia, passei a subir e descer os 13 andares do meu prédio duas vezes ao dia e cortei as guloseimas. Eliminei 12 quilos em cinco meses. Um ano depois, e ainda com 10 quilos acima do peso, engravidei de novo. Confesso que chorei quando vi o resultado do exame. Estava feliz pelo bebê, mas tinha medo de não conseguir administrar trabalho, marido e três filhos. O stress foi inevitável e pulei para 93 quilos. Que fase difícil! Mesmo com uma ótima babá em casa e meu marido me auxiliando, ficava exausta, pois colo de mãe é insubstituível. Já tinha até desistido de emagrecer, mas quando a gente ouve as piadinhas sobre o peso... isso mexe com o ego. Fiz por conta própria uma dieta com restrição total de carboidratos.
Esse foi o meu erro, pois qualquer deslize você põe tudo a perder. Devorei uma deliciosa torta de chocolate depois de 15 dias fazendo o regime direitinho. No desespero de emagrecer, comecei a provocar vômito. Dois meses depois, fui pega em flagrante pelo meu marido, que é médico e me explicou tudo sobre bulimia. Ele disse que a única pessoa que poderia me ajudar era eu mesma, que a decisão estava nas minhas mãos. Depois do choque que levei por saber o risco que estava correndo, procurei a ajuda de uma nutricionista para emagrecer com saúde. O cardápio de 1200 calorias era baseado na reeducação alimentar, com muita salada, grelhado e gelatina. Depois das 18 horas, o carboidrato era proibido. Passei também a comer um lanchinho nos intervalos das refeições. Aprendi que na mesa nada é proibido, e sim comedido, e que a alimentação é 80% do processo de emagrecimento. Se você malhar, mas continuar comendo demais, o peso não diminui. Não queria privar a minha família de comer as coisas gostosas, pedi que eles não me deixassem exagerar. Eles me ajudaram muito. Nós mudamos para um condomínio com academia. Daí, peguei mais pesado na malhação: fazia ginástica localizada três vezes na semana e corria todos os dias no parque. Acordava às 5 horas da manhã para dar tempo de fazer tudo. Em um ano, eliminei 25 quilos. O processo foi mais lento, mas agora sei que é para sempre. Hoje, priorizo a musculação no meu treino para desenhar as curvas. Muitas pessoas perguntam como a minha barriga não ficou flácida. Vou contar o meu segredo: mesmo acima do peso, nunca deixei de fazer abdominal. Sempre acreditei que existia músculo embaixo da gordura e, quando emagrecesse, ele ia aparecer. Foi o que aconteceu!
Dica do psicólogo
“A Kelly foi inteligente, rompeu o hábito de provocar vômitos antes de virar uma doença crônica, a bulimia. Para você não cair nessa cilada, o primeiro passo é rever a imagem corporal. Respeite o seu biotipo e lembre-se de que a beleza é um atributo ligado à saúde e à auto-estima. Em relação à sua aparência, mude o que pode ser mudado e conviva harmoniosamente com o que não pode. E pense bem, será que o transtorno alimentar não é uma forma de tirar o foco de outros problemas emocionais? Reflita”, diz o consultor Marco Antonio De Tommaso
Boa Forma
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