6.27.2011

Coração gelado

Cardiologia

Até setembro, hipotermina será incluída na lista de procedimentos em pacientes com parada cardíaca 

Hipotermia: com o uso da técnica, cerca de 30% dos pacientes que tiveram uma parada cardíaca conseguem sobreviver sem sequelas Hipotermia: com o uso da técnica, cerca de 30% dos pacientes que tiveram uma parada cardíaca conseguem sobreviver sem sequelas (Thinkstock)
A Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) está finalizando o consenso brasileiro que vai incluir o uso da hipotermia terapêutica no tratamento de pacientes que estão em parada cardíaca. O objetivo é evitar sequelas neurológicas. A diretriz da Aliança Internacional dos Comitês de Ressuscitação (Ilcor) foi publicada em outubro do ano passado. Desde então, cardiologistas brasileiros estão preparando o documento que vai servir de guia para os hospitais do país. A publicação nacional ocorrerá em setembro.
A técnica consiste em resfriar a temperatura do paciente a 32ºC durante 24 horas — a temperatura média do corpo humano é de cerca de 36,5ºC. O paciente recebe bolsas de gelo na região do pescoço, das axilas e do abdome, além de soro gelado na veia. A temperatura é controlada por meio de um termômetro endovenoso para evitar erros, uma vez que ela não pode ser inferior a 32ºC para o paciente não correr risco de entrar em choque térmico. O aquecimento do corpo é feito espontaneamente, apenas retirando as bolsas de gelo.
Mais importante do que induzir a pessoa à hipotermia é manter a temperatura correta. Por isso, é fundamental que as equipes sejam bem treinadas. “Vamos publicar o consenso e isso requer educação continuada”, diz o cardiologista Sérgio Timmerman, diretor do laboratório de treinamento em emergências cardiovasculares do Instituto do Coração (Incor) e responsável pelo texto do consenso.
A partir da publicação do consenso, a hipotermia passará a ser oficialmente considerada mais uma arma terapêutica no tratamento desses pacientes. “O maior desafio será encontrar formas de colocar isso em prática nos hospitais”, diz o médico intensivista Agnaldo Pispico, diretor do Centro de Treinamento da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo.
De acordo com Pispico, quando o paciente entra em parada cardíaca, o cérebro sofre por causa da falta de oxigênio. Estudos internacionais apontam que o frio provocado pela hipotermia reduz o metabolismo cerebral e evita o desgaste celular — o que diminui o risco de sequelas.
Em geral, cerca de 30% dos pacientes sobrevivem sem sequelas. Sem o uso da técnica, no entanto, os resultados costumam ser bem piores: estima-se que entre 60% e 90% dos pacientes morrem logo após sofrer a parada. Dos que sobrevivem, cerca de 80% ficam com sequelas neurológicas graves
Veja

Nenhum comentário: