Em vez de inibir o apetite ou diminuir a absorção de gorduras, a nova droga elimina vasos sanguíneos que alimentam o tecido adiposo -( A droga - batizada de adipotídio)
Cientistas brasileiros que trabalham nos EUA descobriram uma nova classe de remédios para emagrecimento. Em vez de inibir o apetite ou diminuir a absorção de gorduras, a nova droga elimina vasos sanguíneos que alimentam o tecido adiposo. O estudo, divulgado na última edição da Science Translational Medicine, apresentou resultados promissores em testes com primatas.
Há mais de uma década, o casal brasileiro Renata Pasqualini e Wadih Arap coordena um laboratório no MD Anderson Cancer Center, ligado à Universidade do Texas em Houston (EUA). Os dois pesquisadores observaram que o sistema circulatório é mais complexo que uma rede uniforme de “encanamentos” para o sangue. A superfície dos vasos sanguíneos é diferente em cada órgão ou tecido.
“Na prática, identificamos um sistema de endereços moleculares no corpo”, explica Renata, comparando o organismo humano a uma cidade. Segundo a analogia, bastaria descobrir o “CEP” correto do tecido que necessita de tratamento para desenvolver uma droga capaz de “endereçá-lo” com precisão.
No tecido adiposo, o “CEP” chama-se proibitina, uma proteína presente de forma abundante na membrana das células dos vasos sanguíneos que alimentam as células de gordura. A equipe coordenada pelos brasileiros desenvolveu uma molécula que se liga à proibitina e, ao mesmo tempo, inibe o suprimento de sangue para o tecido adiposo. Estratégia parecida já é usada no tratamento de certos tipos de câncer.
A droga - batizada de adipotídio - foi testada em camundongos em 2004 e mereceu um artigo na revista Nature Medicine. Os animais perderam cerca de 30% do seu peso com a droga. Agora, os pesquisadores decidiram testar em modelos mais próximos aos seres humanos.
Macacos também sofrem naturalmente de obesidade e, como humanos, desenvolvem diabete tipo 2 e doenças cardiovasculares. Por isso, são um ótimo modelo para testar a nova droga.
“A maioria dos remédios contra obesidade que funcionam em roedores é abandonada nos testes em primatas”, explica Renata. “Os experimentos com camundongos são limitados, pois seu metabolismo e sistema de controle de apetite e saciedade são diferentes dos de primatas, mesmo os humanos.”
Os pesquisadores usaram macacos reso no experimento. A veterinária Kirstin Barnhart, coautora do artigo, explica que os animais obesos eram “espontaneamente” gordos. Ou seja, não receberam dieta especial. Simplesmente, como muitos humanos, evitaram exercícios físicos.
Durante quatro semanas, eles receberam injeções de adipotídio. Os animais tiveram uma redução de 10% da massa corporal em um tratamento de quatro semanas. A gordura abdominal diminuiu 27%. No grupo controle, os níveis de gordura cresceram um pouco no período.
Um estudo realizado com macacos magros que também receberam a droga mostrou que eles não sofreram diminuição de peso. Ou seja, a droga age de forma seletiva no tecido adiposo, especialmente na gordura visceral.
Um dos principais problemas das drogas disponíveis no mercado são os efeitos adversos, que incluem aumento no risco de enfarte ou de depressão. O adipotídio provocou um aumento no volume de urina eliminada e uma leve desidratação, sintomas de um impacto na droga nos rins. “Mas o efeito (adverso) renal é dependente da dose, previsível e reversível”, afirma Kirstin.
“O medicamento já foi licenciado pela Universidade do Texas para uma empresa californiana chamada Ablaris Therapeutics”, conta Arap. Mas ele não arrisca uma previsão de quantos anos serão necessários para a droga chegar ao mercado.
O endocrinologista Walmir Coutinho, da PUC do Rio, comemora o resultado. “Mais de 60% das pessoas que tentam deixar de ser obesas precisam da ajuda de medicamentos”, recorda Coutinho. “Será mais uma ótima opção de tratamento.”
Fonte: Agência Estado
Há mais de uma década, o casal brasileiro Renata Pasqualini e Wadih Arap coordena um laboratório no MD Anderson Cancer Center, ligado à Universidade do Texas em Houston (EUA). Os dois pesquisadores observaram que o sistema circulatório é mais complexo que uma rede uniforme de “encanamentos” para o sangue. A superfície dos vasos sanguíneos é diferente em cada órgão ou tecido.
“Na prática, identificamos um sistema de endereços moleculares no corpo”, explica Renata, comparando o organismo humano a uma cidade. Segundo a analogia, bastaria descobrir o “CEP” correto do tecido que necessita de tratamento para desenvolver uma droga capaz de “endereçá-lo” com precisão.
No tecido adiposo, o “CEP” chama-se proibitina, uma proteína presente de forma abundante na membrana das células dos vasos sanguíneos que alimentam as células de gordura. A equipe coordenada pelos brasileiros desenvolveu uma molécula que se liga à proibitina e, ao mesmo tempo, inibe o suprimento de sangue para o tecido adiposo. Estratégia parecida já é usada no tratamento de certos tipos de câncer.
A droga - batizada de adipotídio - foi testada em camundongos em 2004 e mereceu um artigo na revista Nature Medicine. Os animais perderam cerca de 30% do seu peso com a droga. Agora, os pesquisadores decidiram testar em modelos mais próximos aos seres humanos.
Macacos também sofrem naturalmente de obesidade e, como humanos, desenvolvem diabete tipo 2 e doenças cardiovasculares. Por isso, são um ótimo modelo para testar a nova droga.
“A maioria dos remédios contra obesidade que funcionam em roedores é abandonada nos testes em primatas”, explica Renata. “Os experimentos com camundongos são limitados, pois seu metabolismo e sistema de controle de apetite e saciedade são diferentes dos de primatas, mesmo os humanos.”
Os pesquisadores usaram macacos reso no experimento. A veterinária Kirstin Barnhart, coautora do artigo, explica que os animais obesos eram “espontaneamente” gordos. Ou seja, não receberam dieta especial. Simplesmente, como muitos humanos, evitaram exercícios físicos.
Durante quatro semanas, eles receberam injeções de adipotídio. Os animais tiveram uma redução de 10% da massa corporal em um tratamento de quatro semanas. A gordura abdominal diminuiu 27%. No grupo controle, os níveis de gordura cresceram um pouco no período.
Um estudo realizado com macacos magros que também receberam a droga mostrou que eles não sofreram diminuição de peso. Ou seja, a droga age de forma seletiva no tecido adiposo, especialmente na gordura visceral.
Um dos principais problemas das drogas disponíveis no mercado são os efeitos adversos, que incluem aumento no risco de enfarte ou de depressão. O adipotídio provocou um aumento no volume de urina eliminada e uma leve desidratação, sintomas de um impacto na droga nos rins. “Mas o efeito (adverso) renal é dependente da dose, previsível e reversível”, afirma Kirstin.
“O medicamento já foi licenciado pela Universidade do Texas para uma empresa californiana chamada Ablaris Therapeutics”, conta Arap. Mas ele não arrisca uma previsão de quantos anos serão necessários para a droga chegar ao mercado.
O endocrinologista Walmir Coutinho, da PUC do Rio, comemora o resultado. “Mais de 60% das pessoas que tentam deixar de ser obesas precisam da ajuda de medicamentos”, recorda Coutinho. “Será mais uma ótima opção de tratamento.”
Fonte: Agência Estado
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