Conheço um cara que morre de medo da namorada. Ele não pega carona com mulher, não almoça sozinho com mulher, não fica de papo com mulher em público. “Vai que alguma amiga da Fulana passa e conta pra ela...” Entre as amigas e amigos, A Fulana virou uma instituição.
Uma vez, ele estava entrando no cinema com ela quando deram de cara com uma ex, que saia da sala. Sabedor da fera que tem em casa, meu conhecido fez um mínimo movimento com a cabeça, esboçou um terço de um sorriso e cumprimentou: “Oi Paula”. Foi o que bastou. Assim que a ex virou as costas, A Fulana saltou sobre ele, possessa: “Oi Paula? Oi Paula? Você pensa que eu sou idiota? Acha que eu não percebi?”...
Como o sujeito é bonito e as mulheres perceberam que ele está acuado, virou alvo das provocações femininas. É convidado a torto e a direito para sair, jantar, beber, dar e receber carona... Ofertas que ele recusa ou ignora, com a cara conformada de quem virou alvo das piadas do bando. Quando se queixa, não é da namorada, mas da falta de senso das colegas do trabalho, que não dão folga: “Assim a Fulana me expulsa de casa”.
Se você está com pena dele, não perca seu tempo: o cara parece feliz. Todos os dias, quando volta para os braços da Fulana, ele renova a opção de ser controlado por ela. Como não tenho intimidade com ele, nunca perguntei por que topou um arranjo matrimonial que me parece tão opressivo. Mas tenho certeza que qualquer resposta que ele me desse não ajudaria a entender suas razões. Esse tipo de escolha nunca é racional e raramente é explicável. Os homens usam clichês como “Sou louco por ela” ou “Não me incomodo com o temperamento dela”. Mas esses lugares comuns não explicam nada. A verdade inconfessável é que muitos homens gostam de ser controladas, ou, de alguma forma íntima, precisam desse controle, embora protestem e esperneiem. Mas isso tampouco explica alguma coisa.
A combinação de mulher brava e homem obediente - qualquer que seja a razão da sua existência - é bastante comum. Lembro de um rapaz que trabalhou comigo e ficava vermelho só de falar com a namorada ao telefone. Se alguma das colegas resolvia fazer gracinhas durante um desses telefonemas reverenciais, ele ficava paralisado de medo. Outro colega contou que foi tirado da cama e posto a lavar roupa pela namorada na manhã de sábado, como se fosse um adolescente rebelde. Ele obedeceu, lavou até a última meia, mas jura que, naquele momento, decidiu que era hora de procurar outro apartamento. Continua com ela até hoje.
Não acho que seja o caso de zombar dos pobres coitados. Vistos de perto, somos todos patéticos. Mulheres doces nos impõem sua vontade com olhares tristes, mulheres organizadas dão ordem na nossa vida e se colocam no centro dela, mulheres maternais enchem a nossa casa de adoráveis crianças. Isso acontece todos os dias, envolvendo homens adultos com considerável caráter. Não acho que seja apenas o resultado da negociação entre iguais. Nem de coerção. Minha impressão é que os homens, quando admitem uma mulher na vida deles, assumem que elas vão de alguma forma tomar conta. Há uma espécie de rendição. Talvez comodismo. O grau em que isso acontece varia, mas a direção é sempre a mesma: elas controlam. Mulheres bravas só tornam explícita uma situação que na maior parte dos casos é sutil.
De onde vem esse comportamento? Da mãe, claro. Nós, homens, somos os filhos. Rebeldes ou obedientes, mas filhos. E elas, mulheres, são as mães. Bravas ou meigas, mas mães. É simples, é impressionante e às vezes me parece inexorável. Depois de ser gestado, parido, amamentado, alimentado, acalentado, aquecido, protegido e repreendido por uma mulher, durante toda infância e boa parte da adolescência, quando o nosso cérebro e nossa personalidade estão em formação, como é possível se relacionar com outra mulher sem assumir, em alguma medida, o papel de filho? Não sei. E a minha analista não me conta.
No dia-a-dia, o que os homens fazem é administrar a tendência controladora das parceiras e a sua própria vocação para ser domesticado. Falava ontem com um amigo que está casado pela segunda vez, com uma mulher consideravelmente mais delicada do que a primeira. Ele me dizia como, anda assim, é difícil manter o leme da própria vida. Ela é organizada, metódica, determinada e, se ele bobear, sequestra a agenda da casa. Como isso fez muito mal ao seu primeiro casamento, ele tenta evitar que se repita. “Às vezes eu engrosso só pra marcar posição, mesmo sabendo que ela vai prevalecer”, ele me disse.
O lado bonitinho disso tudo é que o laço da dependência se fecha apenas com amor. Se uma mulher tentar controlar um sujeito que não gosta dela, vai dar com os burros n’ água. Por linda ou gostosa que seja. O controle é emocional, não sexual. Em algum momento antes de se submeter, o cara tem de sentir medo de perder a atenção daquela fêmea terna ou esbravejante. Com o tempo, a obediência pode se converter em hábito, mas ela começa como paixão. Com o tempo, a submissão também pode se converter em ódio puro e simples, e esse é um bom motivo para evitá-la. Outro motivo é que esse tipo de relação broxa. As mulheres adoram nos domesticar, mas rapidamente enjoam de homens que precisam da aprovação delas para tudo. É um paradoxo que elas frequentemente não percebem – mas que nós, se gostarmos delas, deveríamos aprender a perceber. E evitar.
IVAN MARTINS- Revista Época
Uma vez, ele estava entrando no cinema com ela quando deram de cara com uma ex, que saia da sala. Sabedor da fera que tem em casa, meu conhecido fez um mínimo movimento com a cabeça, esboçou um terço de um sorriso e cumprimentou: “Oi Paula”. Foi o que bastou. Assim que a ex virou as costas, A Fulana saltou sobre ele, possessa: “Oi Paula? Oi Paula? Você pensa que eu sou idiota? Acha que eu não percebi?”...
Como o sujeito é bonito e as mulheres perceberam que ele está acuado, virou alvo das provocações femininas. É convidado a torto e a direito para sair, jantar, beber, dar e receber carona... Ofertas que ele recusa ou ignora, com a cara conformada de quem virou alvo das piadas do bando. Quando se queixa, não é da namorada, mas da falta de senso das colegas do trabalho, que não dão folga: “Assim a Fulana me expulsa de casa”.
Se você está com pena dele, não perca seu tempo: o cara parece feliz. Todos os dias, quando volta para os braços da Fulana, ele renova a opção de ser controlado por ela. Como não tenho intimidade com ele, nunca perguntei por que topou um arranjo matrimonial que me parece tão opressivo. Mas tenho certeza que qualquer resposta que ele me desse não ajudaria a entender suas razões. Esse tipo de escolha nunca é racional e raramente é explicável. Os homens usam clichês como “Sou louco por ela” ou “Não me incomodo com o temperamento dela”. Mas esses lugares comuns não explicam nada. A verdade inconfessável é que muitos homens gostam de ser controladas, ou, de alguma forma íntima, precisam desse controle, embora protestem e esperneiem. Mas isso tampouco explica alguma coisa.
A combinação de mulher brava e homem obediente - qualquer que seja a razão da sua existência - é bastante comum. Lembro de um rapaz que trabalhou comigo e ficava vermelho só de falar com a namorada ao telefone. Se alguma das colegas resolvia fazer gracinhas durante um desses telefonemas reverenciais, ele ficava paralisado de medo. Outro colega contou que foi tirado da cama e posto a lavar roupa pela namorada na manhã de sábado, como se fosse um adolescente rebelde. Ele obedeceu, lavou até a última meia, mas jura que, naquele momento, decidiu que era hora de procurar outro apartamento. Continua com ela até hoje.
Não acho que seja o caso de zombar dos pobres coitados. Vistos de perto, somos todos patéticos. Mulheres doces nos impõem sua vontade com olhares tristes, mulheres organizadas dão ordem na nossa vida e se colocam no centro dela, mulheres maternais enchem a nossa casa de adoráveis crianças. Isso acontece todos os dias, envolvendo homens adultos com considerável caráter. Não acho que seja apenas o resultado da negociação entre iguais. Nem de coerção. Minha impressão é que os homens, quando admitem uma mulher na vida deles, assumem que elas vão de alguma forma tomar conta. Há uma espécie de rendição. Talvez comodismo. O grau em que isso acontece varia, mas a direção é sempre a mesma: elas controlam. Mulheres bravas só tornam explícita uma situação que na maior parte dos casos é sutil.
De onde vem esse comportamento? Da mãe, claro. Nós, homens, somos os filhos. Rebeldes ou obedientes, mas filhos. E elas, mulheres, são as mães. Bravas ou meigas, mas mães. É simples, é impressionante e às vezes me parece inexorável. Depois de ser gestado, parido, amamentado, alimentado, acalentado, aquecido, protegido e repreendido por uma mulher, durante toda infância e boa parte da adolescência, quando o nosso cérebro e nossa personalidade estão em formação, como é possível se relacionar com outra mulher sem assumir, em alguma medida, o papel de filho? Não sei. E a minha analista não me conta.
No dia-a-dia, o que os homens fazem é administrar a tendência controladora das parceiras e a sua própria vocação para ser domesticado. Falava ontem com um amigo que está casado pela segunda vez, com uma mulher consideravelmente mais delicada do que a primeira. Ele me dizia como, anda assim, é difícil manter o leme da própria vida. Ela é organizada, metódica, determinada e, se ele bobear, sequestra a agenda da casa. Como isso fez muito mal ao seu primeiro casamento, ele tenta evitar que se repita. “Às vezes eu engrosso só pra marcar posição, mesmo sabendo que ela vai prevalecer”, ele me disse.
O lado bonitinho disso tudo é que o laço da dependência se fecha apenas com amor. Se uma mulher tentar controlar um sujeito que não gosta dela, vai dar com os burros n’ água. Por linda ou gostosa que seja. O controle é emocional, não sexual. Em algum momento antes de se submeter, o cara tem de sentir medo de perder a atenção daquela fêmea terna ou esbravejante. Com o tempo, a obediência pode se converter em hábito, mas ela começa como paixão. Com o tempo, a submissão também pode se converter em ódio puro e simples, e esse é um bom motivo para evitá-la. Outro motivo é que esse tipo de relação broxa. As mulheres adoram nos domesticar, mas rapidamente enjoam de homens que precisam da aprovação delas para tudo. É um paradoxo que elas frequentemente não percebem – mas que nós, se gostarmos delas, deveríamos aprender a perceber. E evitar.
IVAN MARTINS- Revista Época
A mulher e o poder
Escrever sobre homens e poder seria de um óbvio ululante.
O poder transforma, e nem sempre para melhor. É preciso saber lidar com ele, para que não nos deforme.
A pergunta sobre como as mulheres exercem cargos de mando tem várias respostas, e eu já fiz o teste: desde “estão maravilhosas”, “estão poderosas”, até “andam muito loucas, mandonas demais”. Mulheres são gente: seres humanos, complexos e desvalidos como todos. A vida é que andou se complicando muito desde que mulheres (tão poucas, ainda!) começaram a assumir algum poder.
A velocidade com que as mudanças sociais acontecem hoje é perturbadora e, embora nossos avós também dissessem “Nossa! Como este ano passou rápido!”, hoje nossa vida se transforma em mera correria se a gente não cuidar. Tudo é agora, tudo é imediato, e tudo é aqui e rapidinho. Gaza e Washington acontecem no nosso café-da-manhã.
Com o poder acontece o mesmo que ocorre com o tempo: ou o transformamos em nosso bicho de estimação ou ele nos devora.
O bicho de estimação a gente aceita, brinca com ele, gosta dele, adapta-se a ele em certas coisas, nem o ignora nem o bota fora. Mas, se o maltratamos, se o detestamos, ele cresce, vira uma fera e nos come. Já que mulheres no poder são quase uma novidade, é sobre isso que me interessa refletir aqui.
Não faz tanto tempo que começamos a assumir funções de ministra, prefeita, governadora, cientista, motorista de táxi e ônibus, reitora, e tantas outras. Não fôramos preparadas para enfrentar esse amigo/inimigo, o poder. Sendo pioneiras, e sem modelos a seguir, a quem deveríamos recorrer, em quem nos inspirar à frente do país, do ministério, dos empregados da estância, dos colegas lidando com grandes máquinas agrícolas ou à frente de sindicatos? Restava-nos a imagem dos homens.
Algumas pensaram em igualar-se a eles, com jeitos e trejeitos de capataz furioso ou comandante carrancudo, isto é, virando a caricatura de homens poderosos. Pior que eles, por estarem inseguras, sendo prepotentes.
Outras tentaram disfarçar esse poder com exageros de sedução: muitas foram educadas para agradar, não para mandar, e o espectro da mulher sozinha existe. De um homem sozinho, dizem que está “aproveitando a vida”, mas da mulher sozinha eventualmente se comenta: “Coitada, ninguém a quis”.
E não adianta reclamar: essa ainda é uma realidade burra, um preconceito idiota, mas não falecido. Com todo esse dilema, corre-se em busca de um “jeito feminino de exercer o poder”. Isso existe? Tem de ser buscado? E o que será, afinal: um jeito o madelicado, doce ou cor-de-rosa? Que os deuses nos livrem disso.
Talvez seja apenas um jeito humano, pois é o que todos somos: cheios de fragilidade e força, de qualidades e defeitos, todos em última análise com medo de não ser atendidos. Um professor iniciante tinha tanto pavor de não ser respeitado pelos alunos que abusava de punições, notas baixas, gritos e até socos na mesa, que provocavam, estes sim, riso nos adolescentes.
O mais positivo pode ser as mulheres, sobre as quais aqui especialmente escrevo, tentarem ser naturais. Nem ir ao posto de comando vestidas de freira ou militar, cheias de convencionalismos, ar gélido e voz de metal, nem sedutoras por medo de perder a feminilidade (seja lá o que pensam que isso é).
Ser apenas uma pessoa a quem o poder foi dado pela sorte, pelo destino, pelo mérito (o melhor de todos), por algum concurso, enfim, pelos caminhos da profissão, e tentar fazer isso da melhor forma possível.
Para exercer o poder não é preciso nem beleza nem feiura, nem coisa alguma além de preparo e capacidade, humanidade, ética, honradez, informação, entendimento do outro, respeito pelo outro para que ele também nos respeite. Para homens e mulheres o comando é difícil, é solitário.
E, acreditem, exige cuidado: porque, se pode ajudar, pode também contaminar. Nada melhor do que agir com simplicidade, lucidez e alguma bem-humorada autocrítica, em qualquer posto e em qualquer circunstância desta nossa vida.
(Texto de Lya Luft)
Os homens gostam das mandonas?
Tudo bem, a gente assume. Adora dar aquela controladinha básica na relação.
Mas, e quando são eles que gostam de obedecer, o que a gente pode fazer? Nada, a não ser aproveitar, claro. Brincadeiras a parte, existe todo um mistério envolvendo os homens que adoram as mandonas. Elas dão ordem, bronca, impõe limites. E eles se deliciam com tanta imposição.
Segundo a psicóloga Mara Lúcia Madureira, existem mais homens que gostam de mulheres que exercem domínio na relação, as chamadas fêmeas alfas, do que os que assumem. "Essas mulheres são aquelas que encaram os desafios, seguram as pontas, ditam as regras e lideram o relacionamento", define. "Apesar de não assumirem, muitos homens não se incomodam quando a mulher decide sobre aspectos do relacionamento, como aonde ir, o que comprar ou que assumem obrigações com a casa, os filhos, as roupas que serão compradas para o marido", completa a psicoterapeuta Sabrina dos Santos Patto.Mara explica que os motivos para que esses homens busquem esse tipo de relação é bem variável. Há aqueles com perfil de liderança, que podem escolher mulheres dominantes por afinidades, identificação ou admiração. Mas existem outros que procuram mulheres com tais características para assumir as responsabilidades que eles próprios evitam. "Esses não querem assumir grandes encargos e preferem delegá-los a uma mulher disposta a cumprir o papel de provedora na relação", diz. Há ainda os que adotam o papel de vítima, se fazem de mártir, num modelo de relacionamento no qual não conseguem exercer seus próprios direitos. Complexo, né?
O ambiente, os modelos familiares e as relações estabelecidas ao longo da vida contribuem para a formação de comportamentos passivos, mas não são determinantes exclusivos do padrão de personalidade. "Se o homem tem uma educação muito rígida, tem uma figura materna muito forte, que comanda a casa, pode se tornar um homem que terá dificuldades em se posicionar, em dizer o que pensa ou suas preferências, abrindo caminho para mulheres que gostam de assumir o controle", diz Sabrina. "Mas existem outros fatores, como a acomodação e a vontade de permanecer num nível de funcionamento que não exige demasiados esforços e comprometimento", ressalta Mara Lucia.
No caso de homens muito inseguros, gostar de mulher que ‘manda’ pode significar submissão. Mas, como lembrou a Maria Lúcia, pode significar comodismo ou ainda isenção de responsabilidade. "A submissão acontece quando o homem não concorda com o que está sendo decidido, mas não consegue dizer", explica Sabrina. "Quando ele ‘aproveita’ para se ver livre de tomar decisões e não há conflito, não é submissão".
Para ganhar voz numa relação onde só a mulher manda, por exemplo, é preciso, primeiro de tudo, querer. Uma vez atingido níveis insuportáveis na relação é preciso buscar a origem do problema e reverter tal situação. Uma saída é estabelecer novos limites e regras para o convívio. "Isso pode e deve ser feito de forma respeitosa, através de diálogos francos e objetivos, sem o homem assumir o papel de vítima. O homem deve dizer com clareza que está cansado do modo como o relacionamento foi conduzido até o momento, quais mudanças espera alcançar e a importância de tais modificações para tornar a relação suportável e sustentável", sugere Mara Lúcia.
Se a mulher muito mandona quer dar mais espaço ao amado passivo (e até estimulá-lo) precisa, antes de tudo, se conscientizar da importância do respeito aos direitos do dele. Uma ideia é sempre perguntar sua opinião na hora de tomar uma decisão ou delegar alguma atividade para ele fazer e não ficar perguntando se já foi feita ou como foi feita. "É preciso compreender que um casamento é a união de duas vidas com objetivos comuns, na qual se busca reunir esforços para alcançá-los, não um regime ditatorial ou tirania, em que um manda e o outro obedece".
Por Sabrina Passos (MBPress)
Segundo a psicóloga Mara Lúcia Madureira, existem mais homens que gostam de mulheres que exercem domínio na relação, as chamadas fêmeas alfas, do que os que assumem. "Essas mulheres são aquelas que encaram os desafios, seguram as pontas, ditam as regras e lideram o relacionamento", define. "Apesar de não assumirem, muitos homens não se incomodam quando a mulher decide sobre aspectos do relacionamento, como aonde ir, o que comprar ou que assumem obrigações com a casa, os filhos, as roupas que serão compradas para o marido", completa a psicoterapeuta Sabrina dos Santos Patto.Mara explica que os motivos para que esses homens busquem esse tipo de relação é bem variável. Há aqueles com perfil de liderança, que podem escolher mulheres dominantes por afinidades, identificação ou admiração. Mas existem outros que procuram mulheres com tais características para assumir as responsabilidades que eles próprios evitam. "Esses não querem assumir grandes encargos e preferem delegá-los a uma mulher disposta a cumprir o papel de provedora na relação", diz. Há ainda os que adotam o papel de vítima, se fazem de mártir, num modelo de relacionamento no qual não conseguem exercer seus próprios direitos. Complexo, né?
O ambiente, os modelos familiares e as relações estabelecidas ao longo da vida contribuem para a formação de comportamentos passivos, mas não são determinantes exclusivos do padrão de personalidade. "Se o homem tem uma educação muito rígida, tem uma figura materna muito forte, que comanda a casa, pode se tornar um homem que terá dificuldades em se posicionar, em dizer o que pensa ou suas preferências, abrindo caminho para mulheres que gostam de assumir o controle", diz Sabrina. "Mas existem outros fatores, como a acomodação e a vontade de permanecer num nível de funcionamento que não exige demasiados esforços e comprometimento", ressalta Mara Lucia.
No caso de homens muito inseguros, gostar de mulher que ‘manda’ pode significar submissão. Mas, como lembrou a Maria Lúcia, pode significar comodismo ou ainda isenção de responsabilidade. "A submissão acontece quando o homem não concorda com o que está sendo decidido, mas não consegue dizer", explica Sabrina. "Quando ele ‘aproveita’ para se ver livre de tomar decisões e não há conflito, não é submissão".
Para ganhar voz numa relação onde só a mulher manda, por exemplo, é preciso, primeiro de tudo, querer. Uma vez atingido níveis insuportáveis na relação é preciso buscar a origem do problema e reverter tal situação. Uma saída é estabelecer novos limites e regras para o convívio. "Isso pode e deve ser feito de forma respeitosa, através de diálogos francos e objetivos, sem o homem assumir o papel de vítima. O homem deve dizer com clareza que está cansado do modo como o relacionamento foi conduzido até o momento, quais mudanças espera alcançar e a importância de tais modificações para tornar a relação suportável e sustentável", sugere Mara Lúcia.
Se a mulher muito mandona quer dar mais espaço ao amado passivo (e até estimulá-lo) precisa, antes de tudo, se conscientizar da importância do respeito aos direitos do dele. Uma ideia é sempre perguntar sua opinião na hora de tomar uma decisão ou delegar alguma atividade para ele fazer e não ficar perguntando se já foi feita ou como foi feita. "É preciso compreender que um casamento é a união de duas vidas com objetivos comuns, na qual se busca reunir esforços para alcançá-los, não um regime ditatorial ou tirania, em que um manda e o outro obedece".
Por Sabrina Passos (MBPress)
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