12.28.2011

Amor egoísta


Quando fico triste, não sei se estou morrendo
ou me metamorfando

de Sidnei Chaia

Sei o que sei, e sinto o que sinto,
minha alma é gelada, de pedra,
com a força e a beleza do absinto
alma e pensamentos frios,
calculados até as minúcias.
A prática pertence aos escravos
que entregam a vida por um pedacinho.
Pouco importa se dizem verdades
ou falam mentiras,
porque só me importa alegrar o meu amor
apreciar deliciando-me
e chegar bem perto, olhar bem dentro
e querer ser igual.
E quem se opõe, ela o assassina,
mostrando o quanto de horror ela é capaz
com um único gesto de desdém
à convenção social.
Qual é o ser que não gostaria
de pelo menos, um dia
sentir, experimentar a sorte
de ser como esta força original?
Mas minha alma é forte
e ela é só minha.
Ela conhece a sabedoria e a dor
conhece a tortura e o amor
Seus olhos são ferozes, e não corre
de quem lhe desafia
Com sua lógica perfeita cria,
aperfeiçoa e esconde
de todos que não são dignos
de passar perto da sua presença.
Sou eu que fiz ela, mas ela também
ajudou a me fazer
Eu a enchi de pedras de gelo
e ela ensinou-me a produzir medo.
Caçando sozinho as forças ocultas
senti o prazer, mas indeciso
se continuava neste largo caminho
cheio de delícias e companheiros,
ou surrava minha alma, meu amor,
castigando-a com a dor
para conseguir algum crédito
em alguma reencarnação
ou no paraíso.
Que mais poderia fazer
para recompensar minha alma querida
que com sua frieza, fez-me conhecer a vida
Sei que sou um dragão a falar
que quando dorme, sonha
e quando sonha que acorda,
desperta como um humano
e quando acorda para realidade
as vezes em sua tristeza
derrama lágrimas de lagarto
ou de crocodilo.
Muito do que penso
é loucura para alguns
mas estes alguns não me interessam.
O dia da morte sempre é breve,
e se pudesse escolher
gostaria de ser eu mesmo
Quando olho os meus olhos
no espelho, meu reflexo
olha-me com êxtase de apreciação.
Como já disse alguém
que seria meu discípulo
se não houvesse existido no passado,
sim, fui grande e nunca me faltou
a sabedoria, e todo prazer que desejei
recebi em dobro o seu delírio.
Quando a tristeza de minha alma
transformou-se em tédio e agonia,
ela devorou esta emoção,
cuspiu nos olhos do demônio
e do íntimo de seu ser, ela ria,
ria do estado em que se encontrava,
ria dos bastardos e das encruzilhadas,
ria de tudo, sobretudo
de sua própria tristeza.
Este meu corpo, é a alma
que se fez carne.
Para além da alma, não há nada,
e para além do corpo está a eternidade.
O quão belo e sombrio
é seu sorriso sereno,
a garganta sempre apertada
em soltar um grito, e morder,
e ter presas cheias de veneno.
É melhor ser temido
e manter um tenebroso mistério,
do que ser escravo
desse sistema bandido,
que desintegra as almas
em um suco gástrico
feito para digerir as personalidades
que se atravessarem
no caminho do monstro.
O monstro comedor de espíritos.
Ontem, um se fez de meu amigo,
fingi que acreditei, por ser um político,
e assim como aconteceu antes,
precise de seu voto
Agora, por mais parecido comigo,

só serve se me trouxer lucro.
Vamos juntos para o paraíso
que construí pra nós dois,
aquela por quem desejo a eternidade,
e a mesma faz tudo que quer
através de minhas vaidades.
Eu sou o que sou
e nada há além de mim, para mim.
Quem sou eu ?
Uma força contida.
E quem é você?
Só importa saber quem sou,
e que você saiba quem sou.
Eu sou um vampiro
que pra manter-se vivo
alimentasse da morte
e das consciências perdidas.
Ra, ra, ra, sol, sol, sol.
Os olhos da fera
são púrpuras as meninas
e vermelho as retinas.
Penso muito em mim,
tenho um mundo em mim,
porque a incoerência reina nas trevas,
reina na mente de todas as pessoas,
menos na minha,
porque eu me compreendo,
e perdôo qualquer eventual
raro e quase impossível
variação no sistema perfeito
de fazer tudo de maneira correta,
as coisas que tenho.
Com o coração partido,
lamentei o exílio,
mas não houve uma sequer alma

que tenha se compadecido.
Mas que importa para eles?
Se sou eu, e só afeta a mim.
O gelo de meu coração
as vezes derrete e promete
ser uma pessoa melhor.
Porém isso já aconteceu antes
da anima acreditar em duendes,
e desejar que todos fossem salvos.
Salvos de que ?
Protegidos daqueles que tem poder,
poder de carrasco, de donos de escravos,
de governar o pensamento dos outros,
de decidir o que é pecado.
Dos céus descarrega-se o horror,
para aqueles que não conheceram o amor,
para aqueles que em sua dor,
tiveram que fazer a vida,
curar as feridas,
que seus pais lhe ensinaram a sentir,
sem receber ajuda de qualquer religião,
a não ser com conselhos
que devia pagar o dízimo.
Democracia aos donos da lei,
e o rigor da lei
àqueles que não a conhecem,
para que os donos continuem ricos.
Porém e todavia
em que isso me ajudaria ?
Se em mim mesmo, o abismo
desmorona contra a gravidade.
Apesar do que me motiva
ser o mesmo instinto
da preservação de si e da espécie.
No espelho em que observo
os meus olhos frios,

meus olhos frios me observam
no seu poder de reflexo
e sente que gostaria de ser eu.
Viver o sentimento que passo,
quando não passo diante dum espelho.
O meu nome É “HUMANO”
e esse nome treme as potências
do infinito espaço.
O tempo que gasto,
a força intelectual de tudo,
foi a minha imaginação
que criou os gnomos, as fadas
as assombrações e os fantasmas.
Trabalhei com meus pensamentos,
e todos juntos, são a sabedoria.
Que é minha, que é só minha.
Os animais são os escravos
que meu corpo precisa.
E cada ser humano que nasce,
e outro que toma o caminho contrário,
são apenas escamas,
se trocando na minha pele.
A meu redor há blocos de gelo,
e eles formam um estranho muro,
frio, cristal, e de cor azul.
Posso olhar em sua transparência,
posso tocá-lo e saber sua textura,
através dessa pedra, eu vejo
os sonhos, o mundo obscuro
que criamos na negligência
de ter sempre a razão como base.
Por meio de um constante inverno,
já nasci preparado pela natureza
para lutar contra a natureza.
A força que surge do interior
vem de meus ancestrais, parentes

que me deram seus conhecimentos, seus genes
que por milênios foram acumulados,
a herança genética.
Eis que se apresenta
aos meus olhos,
uma imagem perfeita,
uma bandeira,
herança de espíritos livres.
O ouro, a mata, o céu e as estrelas,
ainda buscamos a paz.
Me importo com os seres humanos,
os santos e os profanos,
porque estão em mim e eu estou neles,
caminhando juntos
nessa estrada da vida
com pés descalços e feridas
carregando uma cruz
e ajudando um defunto,
que talvez nem estivesse morto
por nunca ter existido.
Só os reconheço
por ajudarem no que me interessa.
Eu sou um exército de um homem só,
nem minha alma e nem o meu corpo
expressam qualquer pena ou dó.
Mesmo que o carrasco esteja solto,
não há nada que me acalma
dessa vontade em ver de perto
o limite do que é mau e o que é certo.
Faço da forma que é possível,
empregando minhas forças,
empregando concentração, tenho pressa,
faço sem qualquer sombra de variação
tudo de modo indiscutível.
Apenas uma convicção de crença,
de que sou o topo da cadeia alimentar,

de que nenhum animal é superior,
exceto a possibilidade do acaso.
Como o melhor dos amantes,
escrevi o kama-sutra
E para mostrar minha força,
dei um passo sobre o solo da lua
Minha mulher ficou em casa,
mas meu cão passeou pelo espaço
e hoje construí uma casa no céu,
feita do mais puro metal reluzente
um lugar único que criei no nada deserto
para deitar os meus restos mortais
e ver a lua e as estrelas mais de perto.
As canções mais lindas cantei ,
a mulher mais atraente eu conquistei,
a dama dos quatro elementos,
gaia, a minha deusa,
em que uni nossos espíritos,
e fizemos planos para o futuro
com jogadas de fundo empírico,
cortei seus cabelos verdes
e lhe coloquei uma coroa de cristal
Tudo que eu fiz, deixei por escrito,
quando criei as letras para meu auxílio,
é porque a memória começou a faltar,
embora, na arte tenha me tornado um perito.
Eu e minha alma perguntamos aos céus
onde estaria o nosso criador,
que tanto procuro, mas não me responde.
gaia, a alma da terra, diz ser ela,
e também reivindica o status, o sol.
Porém sempre mantenho minha consciência
de forma a não brigar com quem é mais forte
e manter os benefícios gratuitos.
Meu desejo é continuar com a ciência,
crescer em poder e tecnologia,


para que possa preservar esse trono de ouro
que construí sobre os galhos da árvore.
Já fui, ora macaco, ora ser divino,
Construí uma nau neste mar cristalino,
gritei com as gaivotas
e brinquei com os golfinhos.
Nesta terra em que piso com pés desnudos,
a terra que é o sangue de meu corpo
que em erupções de pedra em fogo
aquece o ar que respiro
e faz o movimento dos ventos,
e estes ventos trazem a chuva
que o ar e o fogo buscaram no mar.
Eu sou o humano, a mais estranha
das criaturas, dos animais, das plantas
esquisito quanto os muitos pés das aranhas
um bípede, cabeçudo e cheio de esperanças.
Aproveitarei o prazer que esta por vir,
e se servir como esclarecimento,
o prazer é pra livrar-me do sofrimento
de ser só, e dos animais, o mais violento
não vi outro que consegue ter pensamentos.
Pensamentos que provam a aliança
do bem e do mal, do que quero e o acaso,
acaso de ser só num lugar único.
À liberdade, eu sei voar.
O monstro aranha
e suas teias, as superstições,
eu a matei

Nenhum comentário: