12.28.2011

Cristina Kirchner tem câncer na tireoide e será operada em janeiro

Presidente argentina ficará ao menos 20 dias fora do cargo; chance de cura é alta

com agências internacionais
A presidente argentina Cristina Kirchner será operada para tratar um câncer na tireóide Foto: AFP
A presidente argentina Cristina Kirchner será operada para tratar um câncer na tireóide AFP
BUENOS AIRES - A Casa Rosada anunciou na noite de terça-feira que a presidente argentina, Cristina Kirchner, de 58 anos, sofre de câncer na glândula tireoide e deve passar por uma cirurgia num hospital de Buenos Aires no próximo dia 4. Ela ficará ausente do cargo nos 20 dias seguintes à operação, período em que será substituída pelo vice Amado Boudou. Segundo especialistas, a chance de cura para este tipo de câncer é de 90%.
Segundo o secretário da Comunicação Pública, Alfredo Scoccimarro, até agora os médicos não constataram metástase no caso de Cristina.
— Foi detectado um carcinoma papilífero no lobo direito da glândula tireoide. Até agora, não houve comprometimento dos gânglios linfáticos nem foi detectada existência de metástase. A localização da doença está restrita à glândula — disse.
O carcinoma papilífero é o tipo mais comum de tumor na tireoide, respondendo a 80% dos casos de câncer nesta glândula — localizada na parte dianteira do pescoço e responsável pela produção de hormônios como o T3 e o T4, que regulam o metabolismo do corpo humano. A causa deste tipo de doença ainda é desconhecida, mas pesquisadores acreditam que esteja ligada a questões genéticas. Este tumor tende a progredir lentamente, mas pode se espalhar pelos gânglios linfáticos e outras partes do corpo. Em geral, costuma ser tratado com bons resultados, e há muitos poucos registros de casos fatais.
— Se tudo for assim como diz o informe oficial, não deveremos ter maiores problemas — disse o oncologista Mario Bruno ao canal de televisão TN. — Parece que a doença está localizada.
Diretor do Centro Oncológico de Rosário, o médico Miguel Muñoz concorda, garantindo que se trata de um "tumor absolutamente curável".
— Os pacientes não morrem por isso. Eles são operados e, depois, submetidos a tratamento complementar com iodo (radioativo) caso reste alguma célula cancerígena — explicou.
A Casa Rosada afirmou ainda que, após a cirurgia — que será realizada no Hospital Austral pelo chefe do departamento de cirurgia, Pedro Saco — Cristina ficará internada por 72 horas, e em seguida iniciará a licença de 20 dias para se recuperar. Enquanto isso, manterá sua rotina normalmente, e já anunciou uma agenda cheia para esta quarta-feira.
Além de Cristina, que assumiu há 20 dias seu segundo mandato na Presidência da Argentina, outros líderes latino-americanos já enfrentaram ou continuam lutando contra a doença. O presidente venezuelano, Hugo Chávez, anunciou em junho sofrer de câncer, sem nunca ter especificado exatamente o tipo. Ele já passou por quimioterapia e diz estar curado. Por sua vez, o presidente do Paraguai, Fernando Lugo, foi curado este ano de um câncer linfático, após receber tratamento em São Paulo. Antes de se tornar presidente, em 2009, Dilma Rousseff também lutou contra um câncer linfático. Atualmente, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva passa por tratamento contra um câncer na laringe.
Câncer de tireoide requer cuidados vitalícios
O tipo de câncer de tireoide que atingiu Cristina tem altas taxas de sobrevivência, com mais de 90% dos pacientes vivendo pelo menos dez anos após a detecção da doença, de acordo com o Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos.
O tratamento mais comum é a retirada cirúrgica da maior quantidade de material cancerígeno possível, seguida de tratamento com iodo radioativo, através de pílulas orais. Essa substância ajuda a destruir reminiscências das células cancerígenas e proporciona imagens mais nítidas, mostrando qualquer tipo de câncer adicional.
Após a cirurgia, os pacientes costumam ter que tomar remédios pelo resto de suas vidas, para repor os hormônios que a glândula tireoide produz. Exames de sangue a cada seis ou doze meses também são recomendados, para acompanhar os níveis de hormônio.

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