Meninas eram unidas pela base da coluna. Vários órgãos também estavam grudados
Exames mostraram que além do final da
coluna, também estavam unidos o sistema reprodutivo, os órgãos genitais e
a medula. O chefe de Cirurgia Pediátrica da unidade, Uenis Tannuri,
explicou que cada irmã tinha seus próprios órgãos, mas eles estavam
muito ‘grudados’.
“Tivemos que separar todos os órgãos.
Contamos com a ajuda de um colega neurocirurgião para a separação da
coluna sacral e a cirurgia foi muito bem”, disse o médico à Folha de São
Paulo.
A mãe das crianças, Elsivânia Kátia da
Costa, 28 anos, soube que daria à luz siamesas antes do terceiro mês de
gravidez. “O médico falou que era gestação gemelar e que elas eram
grudadas. Fiquei assustada. Mas botei nas mãos de Deus e acreditei que
daria certo”.
Ana Clara e Any Vitória tiveram alta
terça-feira, mas ainda não voltaram para a cidade em que vive a família,
Alto do Rodrigues (RN). Os médicos preferiram que elas permaneçam em
São Paulo, aguardando liberação para aguentar uma viagem.
Antes da cirurgia, a rotina de Elsivânia e da
família era muito dolorosa. “Tudo era difícil. Até para dar banho,
porque quando uma estava dormindo, a outra estava acordada”,
exemplificou Maria da Cunha, tia das meninas.Cerca de 80% dos siameses morrem
O Instituto da Criança, em São Paulo, para onde as gêmeas foram encaminhadas, já tinha experiência de 21 casos semelhantes nos últimos 20 anos. Segundo o médico Uenis Tannuri, o nascimento de siameses é muito raro e 80% deles morrem nos primeiros meses. O especialista acrescentou que o caso das meninas do Rio Grande do Norte foi um dos mais difíceis. “Foi o primeiro envolvendo crianças que eram unidas pela parte posterior, que têm o nome de pigopadas. Estava unida toda a parte da coluna sacral e também alguns órgãos pélvicos”, explica Tannuri.
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