Aproveitando que a atirz Angelina Jolie trouxe à tona a doença, que tal esclarecer todos os fatos?
A Oncologista do Hospital e Maternidade São Cristóvão (SP), Dra. Walkiria A. Tamelini, esclarece que as mulheres podem identificar o risco de ter a doença. De acordo com a especialista, “um médico deve analisar a predisposição hereditária que a mulher tem, ou seja, se há casos na família incluindo parentes do sexo masculino. É possível avaliar os genes para verificar se há uma mutação. Estes genes estão ligados ao aparecimento do câncer de mama e ovário”.
Não só pessoas com histórico da doença na família podem ter o câncer de mama, “agentes químicos ou biológicos também podem causar um dano no genoma, proporcionando a mutação dos genes. Nestes casos, trata-se de um fator externo que incitou a enfermidade” explica a oncologista.
O câncer de mama é o segundo tipo de câncer mais comum no mundo, sendo mais frequente em mulheres. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), a estimativa em 2012 foi de 52.680 novos casos. No Brasil as taxas de mortalidade são altas, pois a maioria dos casos o diagnóstico é feito quando a doença está em estágio avançado.
Para identificar o percentual de risco de cada um é necessário que o paciente vá a um oncologista e solicite um exame que estuda o genoma e as mutações relacionadas aos genes conhecidos para o risco do câncer, chamado Mapeamento Genético. Geralmente, laboratórios realizam o exame com uma amostra do sangue do paciente.
Trata-se de um exame caro que não é aconselhado para todas as pessoas, “É necessário ter parâmetros muito bem definidos para fazer um estudo desses. Ele é indicado nos casos em que existe um risco real da doença, como por exemplo, histórico na família em parentes com câncer de mama antes dos 50 anos, casos de familiares com câncer na fase de pré-menopausa ou parentes do sexo masculino. É preciso uma avaliação do profissional de caso para caso”, orienta a profissional.
Existem três técnicas cirúrgicas para realizar a mastectomia preventiva, a Mastectomia simples ou total onde é retirado toda a glândula mamária incluindo o tecido mamário e mamilos, “Nestes casos existe uma pratica em que os cirurgiões plásticos retiram um retalho da pele da vulva, devido a sua coloração semelhante, e reconstroem o mamilo da paciente. Outras pacientes optam pela tatuagem”, esclarece a Oncologista do Hospital São Cristóvão.
A segunda prática é a Adenomastectomia Preservatora de pele e mamilo em que a glândula mamária é retirada e o tecido não é excluído em sua totalidade. Existem controvérsias sobre a preservação do mamilo, “Ao avaliar a estrutura da mama podemos analisar que há uma ligação entre suas partes. Por exemplo, existem dutos internos ligados ao mamilo que permitem a passagem do leite. Por fazer parte da mama, ele pode ser responsável pelo posterior aparecimento da doença, já que uma mínima parte de tecido mamário pode desenvolver o câncer”. É importante ressaltar que, no caso da atriz, ela diminuiu o risco para 5%, mas não o excluiu totalmente.
A terceira técnica é a Adenomastectomia com preservação de pele onde se retira o máximo do tecido mamário, sem a preservação do mamilo. A diferença da Adenomastectomia simples é que a pele externa do seio é preservada “Abrimos a mama e retiramos toda a glândula mamária onde é preservada a fina camada de tecido externo da mama”, explica a Dra. Walkiria.
Quando o tecido glandular mamário é retirado, a mulher não consegue amamentar caso engravide, pelo fato de que sem o tecido não há possibilidade do corpo produzir o leite materno. Quando a paciente submete-se ao procedimento cirúrgico uma prótese de silicone pode ser colocada. “É importante que a paciente se informe com seu médico sobre os benefícios e limites deste procedimento. A escolha do tamanho da prótese, qual técnica melhor a ser empregada e possibilidades de reconstrução devem ser avaliadas pelo profissional e variam de caso para caso”, orienta a oncologista.
A polêmica que envolve a retirada preventiva das mamas contra o câncer
por Gabriela Queiroz
A
atriz americana Angelina Jolie anunciou, em um texto no jornal The New
York Times, que se submeteu à retirada das mamas com a finalidade de
evitar um tumor ali. A notícia causou alvoroço e as pessoas passaram a
questionar a real necessidade de um procedimento tão radical.
Em primeiro lugar, vale reforçar que Angelina perdeu a mãe para a mesma doença e realizou um teste genético para saber o seu risco. No caso, o exame apontou que ela tinha uma probabilidade de 87% de desenvolver o problema nas glândulas mamárias em algum momento da vida. Esse método consiste em pegar uma amostra de sangue e rastrear mutações em genes que, segundo estudos, elevam pra valer o risco de câncer, como o BRCA1, alterado em Angelina Jolie.
Segundo o mastologista João Carlos Sampaio Góes, diretor técnico-científico do Instituto Brasileiro de Controle do Câncer, além da questão genética, existem outros fatores que acusam a maior possibilidade de ter a doença, como o estilo de vida e o histórico do paciente e a presença de casos de câncer na família. Por isso, cogitar a retirada das mamas requer que se avalie cada caso em particular, bem como as condições de saúde da mulher. A cirurgia profilática é indicada apenas a pacientes de alto risco confirmado.
"Na verdade, Angelina nem se submeteu a uma mastectomia, que consiste na retirada total dos seios, mas a uma adenectomia, ou seja, a remoção das glândulas mamárias", esclarece Góes. Depois disso, já se costuma reconstruir a região, em uma cirurgia plástica, com enxertos e uma prótese de silicone. "Todo esse procedimento reduz o risco de câncer ali em até 95%, o que, de fato, é mais eficaz do que qualquer outro método, além de ter um efeito permanente", explica o médico.
O mastologista Henrique Pasqualette ressalta, no entanto, que a retirada não anula por completo a probabilidade de um tumor aparecer. No caso de Angelina, o risco caiu de 87% (apontado no seu teste genético) para 5%. Daí que é necessário continuar o acompanhamento médico. Como nem todas as mulheres terão essa alteração genética que faz a doença se manifestar mais cedo, às vezes na casa dos 30 anos, nem vão realizar os testes de DNA que a deduram, cabe lembrarmos das estratégias mais amplas de detecção precoce do câncer de mama.
Prevenção sem cortes
De modo geral, as recomendações para flagrar o quanto antes um câncer de mama, algo fundamental para vencer a doença — quanto mais cedo o problema for descoberto e começar o tratamento, maior a chance de cura — envolvem a realização do autoexame e da mamografia a partir dos 40 anos de idade. O exame tem de ser feito anualmente. Caso a mulher possua histórico familiar da doença, a inspeção deve começar mais cedo e se repetir a cada seis meses.
Quando é confirmado um alto risco e a mulher não quer, sob hipótese nenhuma, passar por uma cirurgia para remover as mamas, uma opção é apelar para o que os especialistas chamam de quimioprevenção. "Administramos substâncias que funcionam como anti-hormônios e evitam estímulos naturais para a multiplicação de células cancerosas", explica Góes. A eficácia dessa estratégia gira em torno de 20 a 50%, mas ela dispara alguns efeitos adversos.
Em primeiro lugar, vale reforçar que Angelina perdeu a mãe para a mesma doença e realizou um teste genético para saber o seu risco. No caso, o exame apontou que ela tinha uma probabilidade de 87% de desenvolver o problema nas glândulas mamárias em algum momento da vida. Esse método consiste em pegar uma amostra de sangue e rastrear mutações em genes que, segundo estudos, elevam pra valer o risco de câncer, como o BRCA1, alterado em Angelina Jolie.
Segundo o mastologista João Carlos Sampaio Góes, diretor técnico-científico do Instituto Brasileiro de Controle do Câncer, além da questão genética, existem outros fatores que acusam a maior possibilidade de ter a doença, como o estilo de vida e o histórico do paciente e a presença de casos de câncer na família. Por isso, cogitar a retirada das mamas requer que se avalie cada caso em particular, bem como as condições de saúde da mulher. A cirurgia profilática é indicada apenas a pacientes de alto risco confirmado.
"Na verdade, Angelina nem se submeteu a uma mastectomia, que consiste na retirada total dos seios, mas a uma adenectomia, ou seja, a remoção das glândulas mamárias", esclarece Góes. Depois disso, já se costuma reconstruir a região, em uma cirurgia plástica, com enxertos e uma prótese de silicone. "Todo esse procedimento reduz o risco de câncer ali em até 95%, o que, de fato, é mais eficaz do que qualquer outro método, além de ter um efeito permanente", explica o médico.
O mastologista Henrique Pasqualette ressalta, no entanto, que a retirada não anula por completo a probabilidade de um tumor aparecer. No caso de Angelina, o risco caiu de 87% (apontado no seu teste genético) para 5%. Daí que é necessário continuar o acompanhamento médico. Como nem todas as mulheres terão essa alteração genética que faz a doença se manifestar mais cedo, às vezes na casa dos 30 anos, nem vão realizar os testes de DNA que a deduram, cabe lembrarmos das estratégias mais amplas de detecção precoce do câncer de mama.
Prevenção sem cortes
De modo geral, as recomendações para flagrar o quanto antes um câncer de mama, algo fundamental para vencer a doença — quanto mais cedo o problema for descoberto e começar o tratamento, maior a chance de cura — envolvem a realização do autoexame e da mamografia a partir dos 40 anos de idade. O exame tem de ser feito anualmente. Caso a mulher possua histórico familiar da doença, a inspeção deve começar mais cedo e se repetir a cada seis meses.
Quando é confirmado um alto risco e a mulher não quer, sob hipótese nenhuma, passar por uma cirurgia para remover as mamas, uma opção é apelar para o que os especialistas chamam de quimioprevenção. "Administramos substâncias que funcionam como anti-hormônios e evitam estímulos naturais para a multiplicação de células cancerosas", explica Góes. A eficácia dessa estratégia gira em torno de 20 a 50%, mas ela dispara alguns efeitos adversos.
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