Brasileiros a partir de 50 anos de idade tiveram maior crescimento no acesso à web desde 2005, com aumento que chega a 222,3%, aponta estudo do IBGE
Pollyane Lima e Silva
Nilcen Helena Pertinhez Troncoso, 71 anos. Usa internet no laptop e no celular
(Ana Carolina Negri)
É uma multidão que invade a web com um objetivo principal: aumentar suas relações sociais, segundo um estudo da Universidade de Brasília de 2009. Seja por meio de redes sociais, salas de bate-papo ou blogs com espaço para comentários, o que eles querem é interagir e reduzir a sensação de solidão. Foi esse o motivo que levou a decoradora Nilcen Helena Pertinhez Troncoso, 71 anos, a se conectar pela primeira vez, há cerca de sete anos. Quando viu a filha aceitar um convite para trabalhar na Espanha, percebeu que não poderia depender apenas das ligações para o telefone fixo, que sairiam caras demais. Era fundamental aprender a usar a internet.
Nilcen aprendeu a acessar a internet para falar com a filha, que foi trabalhar no exterior
Para a psicóloga Valéria Lasca, Nilcen se enquadra bem no perfil do brasileiro que chega à terceira idade mais ativo e preocupado com a qualidade de vida. Manter-se conectado também é uma questão de saúde, uma vez que estimula a memória e a cognição, enfatiza. “Muitos também aderem à internet para se aproximar das gerações mais novas, de filhos e netos, e conseguir participar das conversas deles”, diz. Mestre em Gerontologia pela Unicamp e coordenadora do Núcleo de Cursos para Terceira Idade da Faap, Valéria também faz uma ressalva importante: a alta taxa de expectativa de vida, aliada à baixa fecundidade das famílias, permite estimar um crescimento ainda maior desse número no futuro.
Economia - Moradora de São Bernardo do Campo, no ABC paulista, Nilcen engrossa outro dado da Pnad: a Região Sudeste é a que concentra o maior porcentual de internautas entre as pessoas de 10 anos ou mais de idade, 54,2%. Apenas no Norte e Nordeste o índice fica abaixo dos 50%. Analisando, porém, a série histórica, estas foram as regiões que mais cresceram de 2005 para 2011, período em que a proporção de moradores com acesso à internet mais que triplicou - enquanto dobrou nas demais regiões. “Antes, a internet ficava muito presa ao posto de trabalho. Com a economia aquecida, ela migrou para as casas”, avalia Cimar Azeredo, complementando que, em 2005, dos domicílios que tinham computador, 73,5% acessavam a internet. Em 2011, esse índice passou para 78%.
O poder aquisitivo também explica o fato de 60,1% das pessoas que afirmaram ter acesso à web em 2011 estarem empregadas à época. Houve um pequeno avanço entre os não ocupados, mas eles ainda representam apenas 39,9% do total. No ano da pesquisa, cerca de metade dos 93,5 milhões de trabalhadores do país utilizou a internet. Em 2005, esse porcentual era de 22,8%. Na análise por sexo, observou-se as mulheres representam a maioria dos usuários na faixa até os 39 anos. Dos 40 aos 49 anos, o porcentual se iguala e, a partir dos 50 anos, os homens predominam. “Isso reflete um atraso na escolarização e na inserção das mulheres mais velhas no mercado de trabalho”, observa a pesquisa.
Educação - A escolaridade também foi considerada pela Pnad 2011, que destaca que a proporção de usuários de internet fica maior à medida que aumentam também os anos de estudo. O grupo dos sem instrução e com menos de quatro anos de estudo representam 11,8% das pessoas conectadas, enquanto entre aqueles com 15 anos ou mais de estudo, 90,2% acessam a internet. Entre os estudantes da rede pública, o crescimento foi significativo. Em 2005, 24,1% deles eram conectados, em 2011, já eram 65,8%. Na rede particular, o índice que já era alto, atingiu quase a universalidade: de 82,4% para 96,2%.
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