Fundo DI só supera caderneta com taxa de administração inferior a 1,2%
Juliana Garçon
RIO - Com o rendimento reforçado na semana passada pela alta dos
juros, a caderneta de poupança está na dianteira das aplicações
financeiras conservadoras para o pequeno investidor, batendo os fundos
DI (pós-fixados) e os Certificados de Depósito Bancário (CDBs). Estudo
realizado para O GLOBO pelo sistema Comdinheiro mostra que os fundos DI
só ganham da poupança, quando cobram taxa de administração abaixo de
1,2%, independentemente do prazo do investimento. E, pela média dos
fundos DI oferecidos nos bancos no varejo, o investidor só consegue uma
taxa neste patamar — ou menor — com aplicações acima de R$ 10 mil,
segundo dados da Associação Brasileiras dos Mercados Financeiro e de
Capitais (Anbima).
Na semana passada, o Banco Central elevou a Taxa Selic, referência para o mercado brasileiro, para 9%. Com isso, as cadernetas abertas a partir de 4 de maio do ano passado passam a render o mesmo que as criadas antes: 0,5% ao mês mais a Taxa Referencial (TR), que é calculada pelo BC com base nas taxas de Certificados de Depósitos Bancários (CDBs) prefixados e que, na prática, vêm se mantendo em zero ou perto disto há vários meses.
Portanto, quem começa a investir agora receberá este rendimento. Se a Selic ficar novamente igual ou menor que 8,5% ao ano, as aplicações feitas a partir daquela data voltam a render menos: 70% da Selic mais TR. Mas os analistas não acreditam que isso acontecerá tão cedo, pois o país vive uma fase de combate à inflação.
Com a taxa de juros no nível atual, aplicações de R$ 10 mil na caderneta de poupança darão retorno de R$ 616,78 após um ano, equivalente ao rendimento de 6,17% ao ano, considerando a TR como zero. No mesmo período, um fundo DI com a taxa de administração de 1,5% entregará ganho de R$ 589, ou rentabilidade de 5,89%.
O mesmo valor aplicado em um CDB que remunere 80% do CDI (Certificado de Depósito Interbancário) — taxa média encontrado nos bancos para quem tem R$ 10 mil — resulta em ganho líquido ainda menor, de R$ 546 após um ano. O rendimento é de 5,77%.
No cálculo dos CDBs e dos fundos DI foi considerado um Imposto de Renda (IR) de 17,5% ao ano, alíquota cobrada sobre o retorno de investimentos com prazo de um a dois anos. Mesmo pela menor alíquota de IR, de 15%, válida para aplicações com mais que dois anos, a poupança ainda seria uma opção mais atraente.
A vantagem da poupança sobre outros investimentos, além da isenção de IR — que chega a 22,5% nos fundos e nos CDBs — está na ausência de taxas cobradas sobre a aplicação, que “mordem” parte do ganho do investidor, explica Fabio Gallo Garcia, professor de finanças da FGV-SP. E, quanto menor o valor investido, maior é a taxa cobrada:
— E não é só o pequeno investidor que tem que tomar cuidado com as taxas cobradas. Há muitos fundos com taxas muito altas que prejudicam o rendimento das aplicações.
Juros devem subir mais
É provável que a Selic suba mais — para 9,5% — na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) em outubro. Neste caso, um fundo DI com taxa de administração de 1,2% volta a se tornar competitivo. Mas é difícil para o pequeno investidor encontrar este produto. Os fundos mais populares têm taxas altas. Existem pelo menos 11 fundos DI no mercado com taxa de administração superior a 3% ao ano. Somados, eles reúnem 645 mil cotistas.
O Santander Classic DI, por exemplo, cobra taxa de administração de 5% ao ano, uma das maiores. O fundo rendeu apenas 2,44% nos últimos 12 meses. Já o Hiperfundo Bradesco, um dos maiores do país, cobra taxa de 3,9%.
Os títulos públicos pós-fixados do Tesouro Direto, sistema de compra e venda dos papéis de dívida do governo pela internet, seguem como alternativa rentável em relação à poupança. Mas especialistas lembram que existe uma burocracia na abertura de conta em corretoras e custos de transferência bancária do dinheiro que, para quem tem pouco, pode não compensar.
— Dá trabalho, pois é preciso escolher os títulos, ler letras pequenas — lembra William Eid Júnior, responsável pelo Centro de Estudos em Finanças da FGV-SP.
Os poupadores sabem das facilidades da caderneta, como a simplicidade para depósitos e saque e a previsibilidade dos ganhos. Segundo dados do Fundo Garantidor de Créditos (FGC), a maioria esmagadora dos aplicadores em poupança (92%) tinha saldo menor que R$ 10 mil ao fim de 2012. Isso equivale a 99,2 milhões de pessoas.
Um desses poupadores é o atendente de farmácia Aderbal Rodrigues do Nascimento, de 33 anos, que há três anos conseguiu comprar um carro com as economias depositadas na caderneta desde 2005. Pai de um bebê de um mês, ele já planeja abrir uma poupança para garantir os estudos da pequena Letícia.
— O juro é pouco, mas é alguma coisa. Além do mais, se o dinheiro fica em casa, a gente acaba gastando — analisa.
O Bradesco afirma que seu fundo DI cobra taxa de administração alta porque tem “características de um produto diferenciado cujo apelo comercial não é apenas a rentabilidade mas, também, os sorteios de prêmios”. Segundo o Santander, o fundo com taxa de 5% é voltado para aplicação automática de gestão de caixa de empresas e aceita aplicação de pessoas físicas.
Na semana passada, o Banco Central elevou a Taxa Selic, referência para o mercado brasileiro, para 9%. Com isso, as cadernetas abertas a partir de 4 de maio do ano passado passam a render o mesmo que as criadas antes: 0,5% ao mês mais a Taxa Referencial (TR), que é calculada pelo BC com base nas taxas de Certificados de Depósitos Bancários (CDBs) prefixados e que, na prática, vêm se mantendo em zero ou perto disto há vários meses.
Portanto, quem começa a investir agora receberá este rendimento. Se a Selic ficar novamente igual ou menor que 8,5% ao ano, as aplicações feitas a partir daquela data voltam a render menos: 70% da Selic mais TR. Mas os analistas não acreditam que isso acontecerá tão cedo, pois o país vive uma fase de combate à inflação.
Com a taxa de juros no nível atual, aplicações de R$ 10 mil na caderneta de poupança darão retorno de R$ 616,78 após um ano, equivalente ao rendimento de 6,17% ao ano, considerando a TR como zero. No mesmo período, um fundo DI com a taxa de administração de 1,5% entregará ganho de R$ 589, ou rentabilidade de 5,89%.
O mesmo valor aplicado em um CDB que remunere 80% do CDI (Certificado de Depósito Interbancário) — taxa média encontrado nos bancos para quem tem R$ 10 mil — resulta em ganho líquido ainda menor, de R$ 546 após um ano. O rendimento é de 5,77%.
No cálculo dos CDBs e dos fundos DI foi considerado um Imposto de Renda (IR) de 17,5% ao ano, alíquota cobrada sobre o retorno de investimentos com prazo de um a dois anos. Mesmo pela menor alíquota de IR, de 15%, válida para aplicações com mais que dois anos, a poupança ainda seria uma opção mais atraente.
A vantagem da poupança sobre outros investimentos, além da isenção de IR — que chega a 22,5% nos fundos e nos CDBs — está na ausência de taxas cobradas sobre a aplicação, que “mordem” parte do ganho do investidor, explica Fabio Gallo Garcia, professor de finanças da FGV-SP. E, quanto menor o valor investido, maior é a taxa cobrada:
— E não é só o pequeno investidor que tem que tomar cuidado com as taxas cobradas. Há muitos fundos com taxas muito altas que prejudicam o rendimento das aplicações.
Juros devem subir mais
É provável que a Selic suba mais — para 9,5% — na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) em outubro. Neste caso, um fundo DI com taxa de administração de 1,2% volta a se tornar competitivo. Mas é difícil para o pequeno investidor encontrar este produto. Os fundos mais populares têm taxas altas. Existem pelo menos 11 fundos DI no mercado com taxa de administração superior a 3% ao ano. Somados, eles reúnem 645 mil cotistas.
O Santander Classic DI, por exemplo, cobra taxa de administração de 5% ao ano, uma das maiores. O fundo rendeu apenas 2,44% nos últimos 12 meses. Já o Hiperfundo Bradesco, um dos maiores do país, cobra taxa de 3,9%.
Os títulos públicos pós-fixados do Tesouro Direto, sistema de compra e venda dos papéis de dívida do governo pela internet, seguem como alternativa rentável em relação à poupança. Mas especialistas lembram que existe uma burocracia na abertura de conta em corretoras e custos de transferência bancária do dinheiro que, para quem tem pouco, pode não compensar.
— Dá trabalho, pois é preciso escolher os títulos, ler letras pequenas — lembra William Eid Júnior, responsável pelo Centro de Estudos em Finanças da FGV-SP.
Os poupadores sabem das facilidades da caderneta, como a simplicidade para depósitos e saque e a previsibilidade dos ganhos. Segundo dados do Fundo Garantidor de Créditos (FGC), a maioria esmagadora dos aplicadores em poupança (92%) tinha saldo menor que R$ 10 mil ao fim de 2012. Isso equivale a 99,2 milhões de pessoas.
Um desses poupadores é o atendente de farmácia Aderbal Rodrigues do Nascimento, de 33 anos, que há três anos conseguiu comprar um carro com as economias depositadas na caderneta desde 2005. Pai de um bebê de um mês, ele já planeja abrir uma poupança para garantir os estudos da pequena Letícia.
— O juro é pouco, mas é alguma coisa. Além do mais, se o dinheiro fica em casa, a gente acaba gastando — analisa.
O Bradesco afirma que seu fundo DI cobra taxa de administração alta porque tem “características de um produto diferenciado cujo apelo comercial não é apenas a rentabilidade mas, também, os sorteios de prêmios”. Segundo o Santander, o fundo com taxa de 5% é voltado para aplicação automática de gestão de caixa de empresas e aceita aplicação de pessoas físicas.
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